tag:blogger.com,1999:blog-87010053187981293972024-02-06T22:30:43.049-08:00hospitalidade e turismoA historiografia da hospitalidade e do turismo brasileiro. joaofilho@onda.com.brhospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.comBlogger65125tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-48087038491496299822011-02-04T15:35:00.000-08:002011-02-04T15:40:36.252-08:00TURISMO DO VÁCUO, NO PAÍS DE POLÍTICOS USUÁRIOS DO SISTEMA TURÍSTICO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo7Y2ghj1Bye0bfgKIhdVJlXkTVL7PprkcrNsZuKcaawPcGwsc_cwZ-myw2zTXmPfcQdl7R4gGJ14DD0Du31mxZo-TKqRmrrH-8CHuGsXT-ObrVuplKE0edILarcGNEAxE-DK4BpVrlg4/s1600/congressistas-praia.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 188px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo7Y2ghj1Bye0bfgKIhdVJlXkTVL7PprkcrNsZuKcaawPcGwsc_cwZ-myw2zTXmPfcQdl7R4gGJ14DD0Du31mxZo-TKqRmrrH-8CHuGsXT-ObrVuplKE0edILarcGNEAxE-DK4BpVrlg4/s200/congressistas-praia.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5569983354982768738" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br />TURISMO DO VÁCUO, NO PAÍS DE POLÍTICOS USUÁRIOS DO SISTEMA TURÍSTICO<br /><br /> João dos Santos Filho<br /><br /> Os estudos sobre a historiografia do turismo brasileiro têm revelado dados curiosos, que são objeto de debates e reflexões junto à academia. A história do turismo nacional ainda é pouco conhecida, e as relações pesquisadas estão muitas vezes longe de resgatar suas raízes autóctones, pois são dados tratados epistemologicamente com bases empíricas estrangeiras, um tipo de eurocentrismo moderno. Esquecendo-se que os ditos modelos teóricos para a implantação de núcleos turísticos se resumem a conclusões de cunho metafísico, sem levar em conta os padrões históricos societários nacionais, regionais e locais.<br /> Isso nos leva a pensar o fenômeno do turismo como algo ligado exclusivamente ao desenvolvimento das forças produtivas capitalistas num viés economicista, em que o neoliberalismo acena para o turismo como um instrumento de crescimento puramente econômico para sociedades em geral. É nesta lógica que o sistema econômico sine qua non governa e acaba determinando aos centros de pesquisa e estudos a imposição de um modo quasi faciente de entender o objeto do turismo.<br /> Para ultrapassarmos esse estilo acadêmico duvidoso e criticável, nossas pesquisas têm revelado que o fenômeno do turismo brasileiro possui uma historicidade própria, com imensa riqueza de dados empíricos. Como percebemos, a preocupação pelo turismo vai ocorrer:<br /> Assim, em 1938, nascia à preocupação do governo Federal com o turismo no Brasil. Seria cômico se não fosse trágico, pois o mesmo foi pensado junto ao SIPS - Serviço de Inquéritos Políticos e Sociais, encarregado da coordenação de elementos informativos de interesse da polícia Preventiva. Atividades exclusivamente de controle ideológico em que a espionagem, a polícia secreta, a repressão a qualquer outro discurso que não fosse a ideologia do Estado Novo, formatavam as atividades desse órgão de informação e segurança nacional ( SANTOS <br />FILHO, 2008, p.108 ).<br /><br /><br /> A incorporação burocrática e administrativa do turismo pelo aparelho de Estado se dá via a tonalidade policial, como um instrumento de apoio à ideologia dominante, fomentando a criação de eventos e tipos de atividades de lazer e culturais com o objetivo de fortalecer o “Estado Novo”. É desse período em 1938, que a Divisão de Imprensa e Propaganda – DIP cria a Divisão de Turismo e a coloca como instrumento privilegiado para a construção da imagem de Getúlio Vargas. E publica a primeira estatística sobre turistas estrangeiros em visita ao Brasil em 1942: <br /><br />O movimento turístico, com a guerra e consequente diminuição do tráfego marítimo, ficou quase que reduzido aos naturais do Continente americano, notadamente argentinos, uruguaios e estadunidenses. Ainda assim, no ano passado, o Brasil foi visitado por 1.793 turistas dos Estados Unidos, 1.008 argentinos, 285 uruguaios, 101 ingleses e um menor número procedente de nacionalidades diferentes (CULTURA POLÍTICA, 1942.V.21, p. 185) <br /><br /> Assim, o fenômeno turístico será um instrumento usado pelo Estado para dar suporte ao processo de controle social da sociedade civil, com o objetivo de impor a lógica de uma sociedade política chamada “Estado Novo” que utiliza o poder de controle policial e a repressão para governar. <br /> Esse processo se repetiu novamente em 1966 com a criação da EMBRATUR, dois anos após a ditadura militar, torna-se instrumento de “combate ideológico”, para tentar ir de encontro à imagem que a imprensa progressista estrangeira divulgava sobre o Brasil, denunciando a tortura, a prisão e o assassinato de brasileiros pelos militares golpistas. A EMBRATUR se caracteriza como uma estrutura responsável em divulgar o Brasil democrático, pró-americano e cristão, negando a ditadura militar com ares de um ufanismo nacionalista de direita.<br /> Esses dois processos utilizam o turismo para garantir ao aparelho de Estado sua governabilidade, para isso usa e abusa da repressão e controle da sociedade civil desenvolvendo um modus operandi de combate a todos aqueles que ousassem criticar o regime militar ou mencionasse a falta de democracia no Estado Brasileiro, para esses algozes do poder todos são comunistas.<br /> Essa genética histórica do turismo brasileiro ainda esta presente e permanece forte, mas com nomenclaturas diferentes, num país que entende o turismo como sendo uma atividade exclusiva dos estrangeiros, pelo menos o fluxo de dados coletados em sua totalidade são exclusivos do turismo receptivo. Os planos Nacionais de Turismo permanecem como esboços de um rascunho mal elaborado encima das necessidades extemporâneas de setores hegemônicos do trade turístico voltado para o turista estrangeiro.<br /> Por não estar voltado prioritariamente para o desenvolvimento do turismo interno, não consegue formalizar nenhum plano voltado às necessidades nacionais e automaticamente fica fora das prioridades orçamentárias de governo. Transitando ou parasitando no lobby das emendas parlamentares, instrumento escroto e imoral da democracia neoliberal. Sem verba o Ministério do Turismo fica a mercê dos interesses de políticos que despejam suas emendas parlamentares, com a intenção de atender suas bases políticas que nada tem a haver com o turismo, ou contratarem eventos “turísticos”, “culturais”, partidários e até religiosos, em que as empresas contratantes apresentam alguma relação de parentesco ou de amizade com políticos ou funcionários da estrutura governamental.<br /> Obviamente que o Ministério do Turismo, por mais que deseje, não se pode apresentar um planejamento de atividades baseados em um Plano verdadeiramente Nacional de Turismo, mas sim ficar na mão de políticos barganhistas. Que dominam a estrutura administrativa do turismo no governo Federal e fazem parte do folclore turístico brasileiro. <br /> Na história do turismo brasileiro, encontramos inúmeros momentos caricatos cheio de humor, embalado pela idéia do sofisticado chiquê. Essa é a noção que alimenta o imaginário dos políticos curiosos, que sempre estiveram à frente dos órgãos públicos de turismo, uns mais dedicados a viajar, outros que faziam questão de elitizar a atividade para sair na coluna social, outros, ainda, servindo-se do cargo para galgar posições políticas maiores na área pública ou privada.<br /> O turismo marca a idéia do lúdico, da viagem, do deslocamento, do divertimento e do descanso; tudo isso alimentado pela ideologia neopositivista de que essa é uma atividade reservada às classes abastadas e, portanto, a ênfase é para o turismo receptivo e não para o turismo interno.<br /> A presidência da EMBRATUR e do Ministério do Turismo continuam sendo, palcos de disputa de políticos que indicam protegidos do partido, dos militares e dos meios de comunicação. Essa é uma prática corriqueira e comum no interior do Estado brasileiro que secundariza a competência profissional a favor do apadrinhamento político.<br /> <br /><br /><br />Bibliografia<br /><br /><br /><br />CULTURA POLÍTICA. Revista Mensal de Estudos Brasileiros. Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa e Propaganda - DIP. Ano II, n. 21, 10 de novembro de 1942. <br /><br />SANTOS FILHO, João. O Turismo na era Vargas e o Departamento de Imprensa e Propaganda – DIP. Revista de Cultura e Turismo – CULTUR, Santa Cruz, ano 2, n.02, 2008.hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-12827282263459337792010-05-19T16:37:00.000-07:002010-05-19T16:42:14.746-07:00MILITANTE POLÍTICO REPUBLICANO, CHARLES RIBEYROLLES E A HOSPITALIDADE NO BRASIL IMPÉRIO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZfjoO4Ri1U4KKiXd23odPSvdxF-xdpnofGEP2jHLfol_igtjQ2B4xgXK27Ttd0rBdngpW-_ZUGqcipbmHNphskrWO9J2yWIoKRCzrTnKOImwfOkJZihhLTxTwY3PYObAAemq2uJzCL88/s1600/provinfluminense_fazendafluminense.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 243px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZfjoO4Ri1U4KKiXd23odPSvdxF-xdpnofGEP2jHLfol_igtjQ2B4xgXK27Ttd0rBdngpW-_ZUGqcipbmHNphskrWO9J2yWIoKRCzrTnKOImwfOkJZihhLTxTwY3PYObAAemq2uJzCL88/s400/provinfluminense_fazendafluminense.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5473130535714315106" /></a><br />MILITANTE POLÍTICO REPUBLICANO, CHARLES RIBEYROLLES E A HOSPITALIDADE NO BRASIL IMPÉRIO<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />Autor: João dos Santos Filho<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />Bacharel em Turismo, pelo Centro Universitário Ibero-Americano de São Paulo (Unibero) e Bacharel em Ciências Sociais, pela PUC/SP. Mestre em Educação: História e Filosofia da Educação, pela PUC/SP. Professor-convidado na Faculdad de Filosofia e Letras da Universidad Nacional de Heredia (UNA), em San José da Costa Rica. Professor concursado pela Universidade Estadual de Maringá. Autor do livro “Ontologia do turismo: estudo de suas causas primeiras” EDUSC, Universidade de Caxias do Sul. E-mail joaofilho@onda.com.br <br />Av. Guedner n. 948 casa 3 Jardim Aclimação CEP 87050-390 Maringá Paraná<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />MILITANTE POLÍTICO REPUBLICANO, CHARLES RIBEYROLLES E A HOSPITALIDADE NO BRASIL IMPÉRIO<br /> <br />Resumo<br /> O objetivo deste artigo é aglutinar subsídios para que conheçamos, com maior profundidade, a historiografia da hospitalidade e do turismo brasileiro. Não poderia faltar, portanto a contribuição do militante político e cronista francês Charles Ribeyrolles, com seu livro escrito em 1859, sobre os costumes do Brasil Império, acompanhado de ilustração fotográfica de Victor Frond. O surpreendente é que a noção de hospitalidade para ele está vinculada à razão crítica que os homens devem possuir para entender a realidade que o cerca, exteriorizada quando afirma: “Quando penetra em lar estranho, o viajante deve o respeito às tradições, aos costumes e mesmo às suscetibilidades tropicais de quem o hospeda.”<br /> <br />Palavras-chave: Hospitalidade no Rio Império; Escravidão; Fotografia como instrumento histórico; Napoleão III.<br /><br />A REPUBLICAN POLITICAL MILITANT, CHARLES RIBEYROLLES AND THE HOSPITALITY IN BRAZIL EMPIRE <br />Abstract <br /> The objective of this article is to agglutinate subsidies in order to know, in greater depth, the historiography of the Brazilian hospitality and tourism. It could not lack, therefore the contribution of the political militant and French columnist Charles Ribeyrolles, with his book written in 1859, on Brazil Empire's habits, accompanied of photographic illustration of Victor Frond. What is surprising is that the hospitality notion for him is linked to the critical reason that men should possess in order to understand the reality that surrounds him, uttered when he affirms: "When one enters a stranger’s home, the traveler owes the respect to the traditions, to the habits and even to the tropical susceptibilities of the host". <br />Keywords: Hospitality in Rio Brazil Empire; Slavery; Picture as historical instrument; Napoleon III. <br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />Esclarecimento metodológico<br /><br /> O presente artigo é resultado de investigações decorrentes da linha de pesquisa “hospitalidade no Brasil Império”, que tem por objetivo estudar as obras escritas sobre o Brasil por viajantes, cientistas, naturalistas, padres e visitantes do século XIX, que por razões diversas viveram no país entre o período de 1808 a 1889. O estudo refere-se à obra de Charles Ribeyrolles, intitulada “Brasil Pitoresco: história, descrições, colonização e instituições”, de 1859. Nosso interesse investigativo foi procurar entender como o autor compreende a hospitalidade no Brasil Império.<br /> A origem da palavra “hospitalidade” vem do latim e significa “acolhimento”, porém ela abrange um valor de significação que ultrapassa o conceito de abrigar, pois o campo da hospitalidade agrega graus diferentes e contraditórios de sociabilidade no tratamento dispensado às pessoas, que devem ser recebidas realmente como hóspedes. Para nós interessa o tratamento que o “hospedeiro” oferece ao hóspede e vice versa. Por isso, constituem-se em um conceito que perpassa integralmente os costumes de uma determinada sociedade, retratando o cotidiano da sua cultura material e espiritual.<br /> Charles Ribeyrolles junto com o fotografo Victor Frond tornam-se nossos personagens centrais, ambos republicanos, proscritos pelo golpe de Estado realizado por Napoleão III, na França, em 1851. Exilam-se no Brasil, com a missão de escrever um livro, este resultou no primeiro estudo feito por viajantes na América Latina a utilizar a fotografia e a litografia como material iconográfico ilustrativo.<br /> Este livro tem uma dupla significação, registrar e recuperar memória histórica nacional, auxiliando no desvelamento da historiográfica sobre hospitalidade e do turismo brasileiro, bem como, se trata do primeiro estudo sobre o Brasil, feito por um republicano e militante político, acompanhado de fotografias para ilustrar seu conteúdo.<br /><br />Preliminares<br /><br /> Charles Ribeyrolles jornalista, ativista político e cronista: lutava pela defesa do regime republicano, contrapondo-se ao golpe de Estado feito por Napoleão III, em 1851. Por ser redator-chefe do Jornal La Reforme, por onde se expressava contra o golpe de Napoleão foi perseguido, fugiu para Londres, e posteriormente dirigiu-se ao Brasil em 1858, para trabalhar com o fotografo Victor Frond . Morreu em primeiro de junho de 1861, no território nacional, de uma peritonite, segundo esclarecimento feito por Frond: <br /><br />Esse fatal acontecimento, por tantos títulos, nos enche de desgostos, foi injustamente atribuído à febre amarela, e não passou de conseqüência de uma peritonite. Por mais penosa que me seja esta revelação, devo-a ao país hospitaleiro que Ribeyrolles pretendia defender na Europa e que, segundo suas formosas e verdadeiras palavras, todo o mundo censura. (RIBEYROLLES, 1980, v.2: 201; 2). <br /><br /> A ilustração de Frond categoriza essa brilhante obra publicada pela Tipografia Nacional, em 1859, por ordem de D. Pedro II. O autor arrola fatos importantes do cotidiano da época e foi um mestre em relatar a história em um tom romântico, sem perder a iniciativa da crítica ao processo político e econômico do Império. Com sua profunda formação política educacional e cultural, tornam seus discursos verdadeiras peças literárias, interessantes de serem lidas e observadas, pois o texto é ilustrado com um farto material iconográfico, composto pela novidade das fotografias obtida pelo artista da imagem, o fotografo Frond.<br /> O viajante Charles Riberyolles constitui um militante do partido político republicano revolucionário, pois relata, de forma opinativa, sua relação para com os problemas políticos, econômicos e sociais propondo a superação dos mesmos. Por isso, seu discurso torna-se engajado e militante no relato crítico sobre a realidade brasileira.<br /> Nosso objetivo foi resgatar como o autor descreve o processo de sociabilidade junto às relações sociais que podem ser classificadas de hospitalidade e as sinalizações que surgiram pelo fenômeno turístico naquele período histórico, visto que é a primeira vez, na história latino-americana, que a fotografia é utilizada em um livro. Com a intenção de ilustrar as riquezas de um país, a obra de Ribeyrolles ganhou status e importância documental em virtude da variada iconografia apresentada sobre o cotidiano do Brasil Império.<br /><br /><br />Visão de mundo de Ribeyrolles <br /><br /> Ribeyrolles, homem culto que utiliza seu discurso irônico e em muitos momentos marcados pelo sarcasmo e pela radicalidade quando se refere ao processo de colonização. Como republicano convicto, tinha claro que a expansão do imperialismo francês, inglês, português e espanhol era resultado de uma mistura de rearranjos do Estado absolutista que se encontrava em agonia e desespero. Que tinha que buscar uma sobrevivência mortífera e concomitante à expansão das relações capitalistas que se expande no mundo. Segundo ele, “[...] seguiu o espírito moderno e suas três grandes forças: a ciência que descobre a indústria que realiza o trabalho que produz” (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 26). <br /> Mais adiante, usa um discurso extremamente denunciante e demonstra sua consciência crítica ao processo de exploração ao qual foram submetidos os “nativos da terra”, chamando “esses homens sem palavra e piedade” de “aventureiros da conquista” (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 32):<br />Esmagavam sob uma chuva de ferro e fogo as nações da flecha. Saquearam os deuses hospitaleiros os lares indefesos, o túmulo dos mortos. Carregados de ouro, e nunca saciados dele, fizeram falar os brasileiros ardentes, as tenazes aguçadas, as roldanas, os cavaletes. E o que restava de velhos, mulheres e crianças, em seguida à metralha e à tortura, acorrentavam e vendiam, nada ficando livre atrás de si, nem terras, nem povos! (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 31; 2) <br /><br /> A consciência política de Ribeyrolles pode ser percebida em sua escrita, quando de forma aguçada e penetrante registra que para os colonizadores. “O ouro era seu ideal. O vinho a bússola [e] a inquisição a imprensa [e que] eles representavam fortemente a besta humana” (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 32). Podemos afirmar que, para a sua época, este jornalista possuía um senso crítico afiado e posições políticas definidas. Imaginamos como a visão da escravidão o deve ter ferido em suas convicções de justiça e liberdade, pois escreve:<br />Brasileiros, não sois nem botocudos, nem purís, nem portugueses. Sois da filiação humana, tendes avós como nós todos. Homens e povos, não há mais sobre a terra nem velhos, nem moços, nem grandes, nem pequenos. Só há trabalhadores (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 34). <br /><br /> Podemos considerar Ribeyrolles um defensor do abolicionismo, que lutou na França contra Napoleão e aqui no Brasil pela liberdade dos escravos e em favor de trabalhadores livres para a agricultura e para a pequena indústria que começava a despontar. Na verdade, foi um homem à frente de seu tempo e que possuía consciência da luta de classes. Mas, apesar dessa criticidade, não deixou de expressar preconceitos baseados na visão etnocentrista que imperava no senso comum e na própria academia européia como explicativas do mundo. <br /><br />Selvagens<br /><br /> Em uma das partes de seus escritos, ao se referir aos nativos da terra, o qual os chama de selvagens, faz uma interpretação sobre os primeiros habitantes do Brasil, indagando:<br />As tribus, como os povos e os homens, só valem pelo que deixam como herança comum. Artes, ciências, indústrias, cultura, línguas, religiões, governos, revoluções, eis os legados. Ora, em todos esses assuntos, que valores se encontrarão nos arquivos e depósitos da América do Sul? (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 36).<br /><br /> Ribeyrolles comete um erro comum entre os europeus: fazer a leitura do Novo Mundo segundo preceitos de sua realidade histórica. Para ele, a visão do atraso surge como força explicativa. Considera as aborígenes raças inferiores, que não produzem nada além de arcos, flechas, colares, clavas de luta e cocares, portanto sua cultura é pobre e não deixam nada como legado.<br /> Ainda conforme o cronista, a falta de uma religião entre os indígenas explicaria o canibalismo e expressava “que era mister devorar o inimigo vencido. Os antigos Tapuias comiam os próprios pais. Banquete filial! Destino patético!” (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 37).<br /> O sistema de governo era o talião, no qual o pagamento do crime é pago com crime semelhante. Quem trabalhava eram as mulheres, pois os homens se limitavam à caça, pesca e à coleta, como afirma Ribeyrolles:<br />Quanto à lavoura, contavam-se em algumas tribus campos de milho e de mandioca. Mas, em geral, os índios só viviam entregues aos misteres de caça e pesca, sem o menor comércio mútuo, nem tão poucos rebanhos. Era a vida primitiva, dia a dia, com todos os problemas do sertão (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 39).<br />==============================================<br /> É evidente que a visão de mundo de Ribeyrolles estava sedimentada na idéia do Francês Georges Louis Leclerc, conde de Buffon, que foi um naturalista, matemático e escritor, o qual defendia a tese de inferioridade das espécies, como nos esclarece o historiador Antonello Gerbi:<br /><br />Uma das mais importantes descobertas de Buffon, das que maior orgulho despertava nele, é que as espécies animais do Velho Mundo e as da América meridional são diferentes. Diferentes e em muitos casos inferiores, ou mais debéis, as do Novo Mundo. (GERBI, 1996: 19) <br /><br /><br /> Com isso, Buffon define também a natureza dos habitantes do Novo Mundo, como seres inferiores e débeis, pois afirma que os mesmos não conseguiram submeter a natureza aos seus interesses. Mas, sim, se mantiveram sob o controle da natureza, na qualidade de passividade, sem a produção de qualquer comércio ou produção para a troca.<br /> Buffon na verdade, expressava a idéia de que o progresso não havia chegado para esses povos da América, pois o valor de uso prevalecia sobre o valor de troca, isto é, a dinâmica da vida seguia as regras da natureza e não as do mercado.<br /> Com esse entendimento preconceituoso e eurocêntrico, Ribeyrolles trabalha sua visão de mundo, que nada tem de surpresa, pois esta era a forma corriqueira de interpretar o mundo. A comparação entre os povos, tendo como matriz os preceitos ideológicos do Velho Mundo como superiores e dentro do padrão de civilização correta, em detrimento aos “padrões primitivos” do Novo Mundo.<br /> Por sua militância política, Ribeyrolles escreve sobre os franceses destacando que os mesmos vieram para o Brasil com o interesse de:<br />Organizar uma expedição que se tornaria colônia no novo mundo, dar à França uma terra que equilibrasse os reinos renascentes de Portugal e Espanha, preparando subsidiariamente um refúgio para os homens de religião que desafiavam as cóleras do tempo, e fundar, através dos oceanos, um asilo, uma colônia livre, tal era o fim da empresa (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 47). <br /><br /> Segundo Ribeyrolles, por falta de estratégia militar a França foi expulsa do Brasil. O cronista afirma que “As expedições de França deviam, pois, abortar. Não foram elas mais do que incidentes” (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 54).<br /> <br /> Independência<br /> A Revolução Francesa, segundo Ribeyrolles, trouxe pouca repercussão no interior da sociedade brasileira, mas nunca deixou de inspirar os movimentos em favor da independência do jugo de Portugal: “O Brasil, sempre debaixo da tutela portuguesa, estava, mais que nunca, vigiado e bloqueado. Seus mares emudeceram. A nau mercante procedente da Inglaterra só trazia os boletins de Londres” (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 125). O cronista acrescenta:<br />E a Inglaterra se enriqueceu segundo o contrabando. A maioria dos príncipes traíram a liga, e a realeza lusitana achou melhor exportar-se que lutar. Que podia ela em terra contra as tropas de Napoleão? Contra o inglês ou sem o inglês, que podia ela no mar? Seria melhor conservar o antigo título e as colônias do que trazer uma coroa avassalada a Junot. (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 126)<br /><br /> A família real portuguesa foge para o Brasil, acompanhada por uma escolta britânica e, segundo Ribeyrolles, trazendo toda a corte e seus serviçais. Primeiramente param na Bahia e, em seguida, partem para Rio de Janeiro: “O Brasil ia tornar-se uma potência, e o Rio uma capital soberana, metrópole da pátria. Que de coisas trouxeram esses mordomos!” (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 128).<br /> O contingente de funcionários (mordomos) eram os coletores de impostos, os que podiam decretar, por meio de requisições, qualquer bem como de utilidade da coroa, como também determinar a função da terra e das propriedades. Segundo Ribeyrolles, “[...] não se conseguiu esgotar a paciência dos brasileiros, tão bem compreendiam que o poder entre eles era uma primeira independência” (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 128; 30).<br /> A abertura dos portos às nações amigas, em 1808, traz o Brasil para o mundo, tornando o Rio verdadeiramente cosmopolita e o centro político brasileiro, no qual: <br />Geógrafos, historiadores, viajantes, artistas, todos quantos vagam e deliram aqui deixaram seu hino sobre as belezas interiores, as praias indolentes e fascinantes, as magníficas profundidades desta baía.<br />[...]<br />Estamos em frente ao Pão de Açúcar, e posto que já tivesse anoitecido, eu vislumbrava, em brumoso perfil, a algumas braças de mar, esse descomunal monólito pousado, como um gigante de atalaia, à entrada da baía. Ele está nu, de cor alvacenta e fulva, mordido de sol e vento (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 175).<br /><br /> Ribeyrolles também se encanta com a beleza natural do Rio, mas como bom observador crítico, e de uso de seu sarcasmo característico, ao se referir às embarcações ancoradas na baía da Guanabara, faz o seguinte comentário:<br /><br />A Inglaterra e os Estados Unidos contam o maior número de velas. Vêm depois a França e Portugal. O Brasil excede-os em cabotagem. Mas possue (sic) poucos cascos alterosos para o oceano e o longo curso.<br />De quem a culpa? Não será da floresta. Ela fornece, sobre milhas da costa e de fundo, as mais ricas madeiras de construção que se possam encontrar em estaleiros do mundo (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 178).<br />Descrição da cidade do Rio de Janeiro<br /><br /><br /> Ao descrever a cidade do Rio de Janeiro Ribeyrolles, o faz com olhos de um urbanista, preocupado com o bem-estar da população e com as condições de saneamento básico, que apesar de ser a Capital Federal, eram precárias. Seguem-se algumas das afirmações interessantes:<br /><br />[...] as ruas formam ângulo reto. São estreitas, mal calçadas, em mor (sic) parte, e os acanhados passeios que as cercam pertencem menos aos pedestres que aos muares.<br />Para além do espaçoso centro correm as ruas que cortam a cidade nova (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 183).<br /><br />[...] o Rio, ao que se afirma, vive do comércio e pode repousar em seus generosos destinos de cidade-entreposto e capital. Não se centralizam, por ventura, em seus armazéns, as províncias de oeste e do sul? Não tem ela em seu porto os navios de todas as nações que pagam ricos dividendos à Alfândega, e suas prerrogativas de metrópole, de sede de império, com os grandes luxos e os grandes proventos? (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 184).<br /><br />Não existem fossas, porém barris. A certas horas, passam carroças com o tonel fétido, a caminho das praias. Quanto ao resto... lá se vai para o mar à cabeça dos negros, como se fora um cesto de laranjas. É o que se chama o serviço dos tigres (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 189).<br /><br /><br /> Para Ribeyrolles, o Rio possuía ares de Veneza, referência de base dentro dos princípios do eurocentrismo, ao escrever que:<br /><br />O Rio de Janeiro deveria, pois, em vez de adormecer em sua mole ociosidade de capital, criar a sua especialidade de trabalho. Tomar a sua marca de fábrica, estabelecer a sua indústria, ainda que fosse só de doces, e dar-se um pouco menos ares de Veneza em suas chácaras (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 185)<br /><br /> Porém admite que o abastecimento de água do Rio de janeiro era exemplar e atende às necessidades da Capital Federal, entretanto aproveita para ser mais uma vez sarcástico com a política do reino:<br />Há torneiras ao canto das ruas, chafarizes em algumas praças, e o serviço das casas é feito por aguadeiros que vos levam a mercadoria em barris.<br />Isso, já se vê, é feito com a primitiva simplicidade, à moda portuguesa antiga. Estudai, aliás, os hábitos, as tradições, os costumes e, diga o que disser a Constituição, achareis por toda a parte o mesmo cunho, a mesma lei. O brasileiro reina. O português governa (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 186; 87). (grifo nosso)<br /><br /> A iluminação pública no Rio já estava sendo feita com gás, apesar da resistente existência dos antigos, fumacentos e românticos lampiões de azeite. Assim comenta Ribeyrolles, novamente com seu peculiar sarcasmo: “O bico irradia. O candieiro agoniza [...] Uma companhia, como nas cidades principais da Europa {administra}. Quando os capitais particulares entram em ação, andam mais depressa do que a administração pública” (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 189).<br /> O cronista registra que na cidade do Rio de Janeiro, “Não há nem banhos nem lavatórios públicos” (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 190) também se referindo à falta de água e de arvores no passeio público, em trechos como:<br />Os melhores passeios do Rio são os morros pelas rudes ladeiras do Castelo, da Glória e de Santa Teresa. Só os artistas, os estrangeiros e os negros se arriscam a essa escalada com o sol a pino. A melhor hora é pela madrugada, antes que se abrasem a cidade e a baía (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 192).<br /> <br /> O escritor tece uma crítica à falta de memória histórica do brasileiro a partir de <br />Onde estão, pois os monumentos?<br />Salvo o aqueduto, de bom aspecto, realmente, com suas duas arcadas, não existe no Rio um único monumento público, nem uma colunata, nem uma estátua. Esquecimento, preguiça ou bom senso? (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 200)<br /><br /><br /> A população do Rio chama a atenção do autor por sua riqueza cosmopolita, explicitada em excertos como: “[...] que o Rio é mais rico (que New-York) em espécies, em tipos, e encerra em seus muros vinte povos diversos [...] Ide, pela manhã, ao mercado próximo do porto. Lá está ela, sentada, acocorada, ondulosa e tagarela, com o seu turbante de casimira, ou vestida de trapos, arrastando as rendas ou os andrajos (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 202; 3).<br /> Ribeyrolles faz uma rica descrição dos tipos existentes no Rio:<br />[...] as negras vendedoras, matronas do logar, patrícias da manga e da banana, com seu rosário de chaves. Essas damas mercadoras têm seus escravos que lhes arrumam as quitandas, vigiam, vendem ou vão colocar seus grandes cestos nas esquinas das ruas freqüentadas, tentando a curiosidade do passante.<br />[...] a segunda classe de quitandeiras não tem mais que um tamborete e um taboleiro sobre estacas e debaixo de um toldo, nas horas de muito sol. <br />[...] Agachadas ou marchando atrás das senhoras, vão as negras do Congo, de Moçambique, de Anguiz e de Benguela. É o proletariado negro, em saias amarrotadas, bochechas tatuadas e anéis de cobre. Algumas delas têm filhos carapinhentos e nus que brincam pelo chão; e quando levam o cesto à cabeça, carregam às costas o seu querubim negro enrolado em sua manta azul, como um esquilo na folhagem (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 203).<br /> <br /> Os negros mais jovens e sadios eram vendedores que carregavam pesados cestos e passavam a oferecer seus produtos, nas portas, corredores, ruas comerciais, praças públicas e em toda a cidade, percorrendo longas distâncias. Para se distrair de tão penosa tarefa, acertavam entre eles cânticos cadenciados, acompanhados de um chocalho ou de qualquer instrumento musical.<br /> No mercado, ficavam os escravos velhos e doentes cuja força servia para carregar pequenos cestos de frutas; e outros sadios e robustos, para fazer o trabalho do cais ao mercado. Ribeyrolles tece uma critica e ao mesmo tempo um elogio aos estivadores escravos e à modernização do trabalho:<br />Dificilmente se encontraria mais belos grupos de estivadores, vivos e velozes em Marselha ou nas docas de Londres. É verdade que lá o grande comércio tem todos os seus petrechos – os guindastes, os moitões, as polias, os cabrestantes, os pequenos de ferro, e não se tem tanta necessidade de atrelar o homem (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 204).<br /> <br /> Numa descrição brilhante, sagaz e crítica, Ribeyrolles, como antropólogo nato, descreve a exploração da mão-de-obra escrava, questionando os vários tipos de trabalho aos quais os escravos eram submetidos:<br />A quem reverte o salário, o ganho do negro?<br />O senhor taxa o escravo a tanto por dia ou por semana. Ele precisa de sua ração. E como ela é regulada pela sua força, atividade e inteligência, é difícil para o negro ajuntar seu pecúlio ou gastá-lo com as dançarinas.<br />Há no Rio proprietários que mantêm no ganho até trezentos escravos, e cada noite aferrolham tranquilamente um rendimento de lista civil. Por que não? Compraram a ferramenta, o instrumento. Carne, suor e sangue, tudo lhes pertence. No entanto, são católicos, membros de várias irmandades, acompanham as procissões, tocha na mão, visitam as igrejas e fazem a sua páscoa. Santos homens! (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 204).<br /><br /> A escravidão no Brasil teve características muito peculiares no que se refere ao trabalho escravo no Rio por ser eminentemente um pólo administrativo do reino e possuir o maior porto do Brasil por onde era exportado o café. Isso significa que a força de trabalho escrava na Capital Federal se concentrava no setor de serviços e por esse motivo surge a maximização dessa mão-de-obra, que tinha que atender às necessidades de uma população abastada.<br /> Por isso, o escravo passou ser uma não-de-obra que já começava a “competir” com o trabalho livre e a se tornar um entrave para o avanço do capitalismo, mas não para o capitalista, como bem especifica Ribeyrolles:<br />[...] classe numerosa dos criados de aluguel. Abri os jornais, lede os anúncios. Os aluga-se, vende-se, precisa-se fervilham. Predomina o aluga-se. Aí encontrareis domésticos de mesa ou de quarto, trabalhadores, amas de crianças, lavadeiras, mucamas, cozinheiros, moços de cozinha, pagens. Há de tudo, para todas as necessidades, nessas taboletas mercantis que choram, muita vez, na primeira página, sobre as desgraças sagradas da Itália ou Polônia.<br />[...] Sapateiros, alfaiates, funileiros, pedreiros, pequenos industriais e fabricantes, que não podem adquirir o instrumento negro, alugam-no e lhe pagam os serviços. Para quem os salários desses obreiros e empregados? Para os senhores, integralmente (Ribeyrolles, 1980, v.1: 206). <br /><br /> Apesar do tom crítico e áspero contra as injustiças, Ribeyrolles era ainda um dos muitos intelectuais e militantes políticos que defendiam a idéia de pureza da raça. O que é explicável para a época e para quase todos doutos da ciência que defendiam a noção de raça superior, sintoma de uma aristocracia que começava a ruir, como escreve Georg Lukács:<br /> La demagogia social de la teoria racista, que es una teoria por esencia aristocrático-reaccionaria y antidemocrática, no apunta ya directamente hacia el pasado feudal, como estado ideal que se trata de restaurar, sino que se hace pasar por una doctrina que señala la ruta del porvenir. Bajo Napoleón III, la oposición aristocrático-feudal no se mostraba todavía tan abiertamente feudal, con el rostro vuelto hacia el pasado. Y las masas trabajadoras desengañadas del régimen bonapartista, al recobrarse del aturdimiento que les había producido la derrota de 1848 y verse de nuevo libres de la influencia demagógica de los hombres de diciembre, fueron orintándose cada vez más marcadamente hacia la izquierda, por los derroteros de la recuperación de la democracia y hasta de lucha por el socialismo. (LUKÁCS, 1972: 544).<br /><br /> A teoria racista traduz-se como uma reação dos teóricos da aristocracia, que criaram falsos debates, pesquisas e pressupostos, tentando explicar a questão da pureza da raça, para contrapor a queda das Monarquias via revolução ou eleição. O surgimento das Repúblicas enfraquecia e punha em perigo as casas reais, por isso surge, com força, teoria racista que defendia a importância do monarca por este ser o ponto de equilíbrio e possuir sangue azul.<br /> Ribeyrolles volta a reafirmar que seu pensamento tem raiz na teoria racista quando escreve: <br /><br />Morenos, louros, negros e pardos abundam. Caboclos puros são como abencerragens. <br />Vêem-se, às vezes, alguns mestiços – índios, filhos de negros ou de brancos, e as mulheres dessa mistura não destituídas de graça, sobretudo se há duas gotas de sangue azul. No sul chamam-se chinas, e seus irmãos mamelucos. Os filhos de índia e negro são inferiores e têm a alcunha de coriboca. (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 207). (grifo nosso)<br /><br /> Ribeyrolles descreve, em detalhes, a cidade do Rio no que se refere a sua pujança na produção e no comércio de jóias, antes proibido e reprimido pelos interesses do reino português, porém liberado com a vinda Família Real para o Brasil, para atender aos interesses da nobreza e dos ricos comerciantes. <br /><br />Hoje, a rua dos Ourives tem direito da ferramenta, a liberdade da oficina. Suas vitrines irradiam ouro e prata. Candelabros, lâmpadas, custódias, relicários, toda a ourivesaria das igrejas está sob as vistas do público. Fabrica-se também o bracelete, o broche, o diadema, todo esse mundum-muliebrem de que falam os poetas romanos. Contudo, os Cellini são raros na rua dos Ourives. Suíços, franceses, alemães mantêm loja e concorrência com brasileiros e portugueses. Trabalha-se a obra em grosso para venda. A obra-prima vem sempre de Paris. (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 208)<br /><br />No que se refere ao entretenimento, com a chegada da Família Real ao Brasil em 1808, as mulheres passaram a conquistar maior liberdade, circulando pelas ruas, dançando em recepções festivas da Corte, comparecendo a saraus, teatros e ópera. O piano era ainda escasso e somente aparece em alguns sobrados, sendo um produto que começará a entrar no país paulatinamente, modificando a produção musical a partir de 1850 e inaugurando o salão no sobrado urbano e nas sedes das fazendas. E logo estava sendo usado para composição de modinhas e lundus, nas mãos da fantástica Chiquinha Gonzaga.<br /> Ribeyrolles (1980, v.1: 209) “O piano faz barulho em todas as salas. Esse enfadonho pedalista, que não tem nem os grandes sopros, nem os cantos profundos do órgão, invadiu tudo, até os depósitos de bananas, e matou a conversação”.<br /> As grandes procissões da igreja católica eram festividades religiosas que ocorriam de dia e à noite, das quais os escravos e a população em geral participavam de forma ativa. Ribeyrolles não poderia deixar passar despercebido esse acontecimento, sem fazer os seguintes comentários:<br /><br />O trabalho e os salários perdem nelas cem dias. Os negros amam as tochas, a música, o incenso, os grandes cortejos. As crianças adoram os tiros, as bombas e os foguetes. Crianças e negros correm, pois, às procissões. Clérigos, monges, confrarias são o espírito que as anima. Eles não têm circensis. Sabem que os hábitos, as tradições vivem muito tempo depois da fé morta (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 209).<br /><br /> O teatro era um entretenimento do mais democrático e trazido pelos jesuítas, que se servia de seu processo pedagógico de ensinamentos de técnicas teatrais, eficazes e fascinantes para a educação religiosa de evangelização. Começaram, então, a incorporar os costumes nativos, máscaras, pinturas e elementos do cotidiano indígena ao seu secular e dogmático ensino, produzindo espetáculos quase sempre litúrgicos, de cunho eminentemente apostolar, nos quais se juntavam anjos e flores nativas, santos, bichos, com louvores a Deus.<br /> Ribeyrolles, ao se referir ao entretenimento popular da época, destaca o teatro, afirmando:<br />O verdadeiro entretenimento público no Rio é o teatro. Todas as classes o apreciam, freqüentam-no, têm nele a sua localidade, a pesar do calor. O de S. Pedro de Alcântara, no largo do Rocio, é digno das cidades; as cenas secundárias do repertório, as pequenas platéias de Londres. (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 210) <br />Os brasileiros amam a arte, e nós também. Se gostam, ao mesmo tempo, das igrejas e das procissões, por que deixam que se perca e desapareça a grande música sacra? (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 211). <br /> A cidade do Rio de Janeiro era também palco de pleno desenvolvimento das artes cênicas, gosto trazido pelos jesuítas que aplicavam a interpretação teatral para a catequização dos nativos da terra. Um dos vanguardistas desse processo foi o padre José de Anchieta. A Família Real ergueu o Real Teatro São João, rebatizado de São Pedro de Alcântara, em 1826, e arrendado, em 1838, por João Caetano. Em 1871, foi inaugurado o Teatro Imperial D. Pedro II, que teve em sua abertura o famoso baile de máscaras. Este teatro se localizava na Rua da Guarda Velha, nele eram apresentadas as óperas, muito ao gosto da Corte, por isto ficou conhecido como Teatro Lírico.<br /> Não poderíamos deixar de destacar o Teatro Municipal Casa da Ópera, fundado na cidade de Ouro Preto no ano de 1770, considerado o mais antigo da América do Sul, com capacidade para 350 pessoas. Local onde o Barroco mineiro deleitava a sociedade que ostentava o luxo e a riqueza vindos do ouro.<br /> <br /><br />Viagens e hospitalidade<br /><br /><br /> Pode-se destacar como Ribeyrolles tem presente, em sua militância política, a prontidão para o embate verbal. A sua habilidade para com as palavras o faz um crítico inteligente não caindo no vazio político. Quando se refere às cansativas e duras viagens dos tropeiros, que na verdade dinamizavam a economia, afirma: “Dormi em paz, tocadores de mulas. Em breve, não haverá mais tocadores de homens” (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 220).<br /> Uma das primeiras vezes que Ribeyrolles toca no assunto de hospitalidade descreve-a com o costumeiro tom crítico, comentando:<br /><br />Neste país onde abundam as montanhas, as hospedarias são raras. Seria uma ventura que as houvesse em cada parada. Tome-se a serra do Comércio ou a de Botage (?), ou o caminho de Rodeio, para ir a Valença ou a Vassouras, e ter-se-á que pousar na primeira venda. É o que existe de melhor.<br />Assim fizemos no Quilombo, pequeno hotel da estrada de Vassouras, onde há feijão, milho, arroz, sardinha, carne seca todos os primores e virtualhas do deserto. O serviço foi excelente entremeiado, como sempre, de – paciência! Paciência! – e coroado de um boletim avisando a perda de vinte mil réis! É verdade que as mulas compensaram. Que vitórias para três proletários! Com alguns Austerlitz como esse, ficaríamos a seco. Sem a menor munição (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 224).<br /><br /> O comentário sobre os preços cobrados pela hospedagem é comparado a uma guerra, pois os valores dos serviços deixariam qualquer batalha sem munição, bem como os elevados gastos das viagens que nas palavras de Rebeyrolles (1980, v.1: 224) no “[...] Brasil custa mais caro que na Rússia ou Inglaterra [...]. Ao comentar sobre as estradas da época descreveu as cruzes e os esqueletos que se observam no caminho a disposição das intempéries. Destaca-se, a seguir, um de seus comentários a respeito da segurança de se viajar pelo Brasil:<br /><br />Pode-se atravessar o Brasil, em todos os sentidos, quase sem risco, salvo nas regiões selvagens onde se açoitam as tribus decadentes dos últimos indígenas.<br />De quem a culpa, se num país onde o povo é dócil, hospitaleiro, humano, há, algumas vezes, dessas tragédias pelas estradas?<br />Quando penetra em lar estranho, o viajante deve respeito às tradições, aos costumes e mesmo às suscetibilidades tropicais de quem o hospeda (Rebeyrolles, 1980, v.1: 225). <br /> <br /><br /> A noção de Rebeyrolles sobre hospitalidade demonstra que ele detém uma visão interessante sobre a dimensão desse conceito em suas ramificações relacionadas ao equilíbrio do meio ambiente, pois questiona o incêndio das matas e a forma de uso da terra, que de terreno para cultivo se torna pasto para o gado. Com indignação, questiona fortemente o uso da terra:<br />De resto, para que servem as queimadas? Para que esses incêndios, sem dúvida muito pitorescos à noite, e que não deixam de constituir devastações monstruosas? Em nossos Pirineus franceses, assim faziam outrora os pastores do Béarn. Queimavam, no outono, vários tratos de floresta e asseguravam, para a primavera, excelentes pastagens. Mas, os cumes espoliados, recebia a planície as águas em torrentes, inundavam-se os campos e a própria montanha se esboroava entre as águas. O que lá não passava de um acidente severamente punido pela lei penal, aqui, para o lavrador brasileiro, é hábito constante, o uso, a regra (REBEYROLLES, 1980, v.1: 247) <br /> <br /> Em uma de suas paradas de viagem, Rebeyrolles comenta sobre a busca de abrigo, após perigosa tempestade e a chegada diante de um hotel:<br />Noite, noite profunda, quando as mulas chegaram a Pedro do Rio, diante do hotel Meyer. Não se trata seguramente de um Louvre. Também não é um desses albergues sórdidos onde só há carne seca e feijão. A casa é nova, limpa e bem fornida. Pode-se jantar e dormir bem, dois prazeres de quem viaja duas graças do caminho que se encontram dificilmente entre Petrópolis e Barbacena (REBEYROLLES, 1980, v.1: 258). <br /> <br /><br />Conclusão<br /><br /> O perfil crítico, militante em defesa da idéia Republicana de Charles Ribeyrolles, levou o fotografo Victor Frond a convidá-lo para vir ao Brasil a fim de colaborar na elaboração de um projeto ousado: a elaboração de um livro intitulado Brazil Pittoresco, descrevendo a história econômica, social e política brasileira. Caberia a Ribeyrolles dar a merecida contextualização às imagens captadas por Frond. Seria um trabalho inédito no campo fotográfico para a memória da história brasileira.<br /> Entretanto, a obra de Ribeyrolles e Frond é grandiosa em sua totalidade, pois os autores se completam (imagem com o discurso) em um trabalho de inspiração antropológica e sociológica, o que os torna realizadores do primeiro livro de fotografia realizado na América Latina, bem como um marco para a primeira divulgação turística, utilizando a fotografia. <br /> Com um discurso beirando ao ufanismo naturalizado, Riberolles dá destaque à característica de sua militância política, aconselhando o imperador a lidar com a mão-de-obra livre, resultante do processo de imigração estimulado pelo Estado imperial. O cronista entendia que, pela dimensão e riquezas existentes no Brasil, Portugal tenha pela frente “[...] essa empresa gigantesca da colonização de um mundo?” (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 189).<br /> A beleza natural do Rio de Janeiro impressionou Ribeyrolles, fazendo com que exultasse suas formas geográficas como as mais “indolentes e fascinantes” para o visitante, afirmando que esse encantamento atingia todas as embarcações que dele se aproximassem. Em depoimento de exaltação ao período Imperial, porém em tom satírico comenta:<br />Estamos em frente ao Pão de Açúcar, e posto que já tivesse anoitecido, eu vislumbrava, em brumoso perfil, a algumas braças de mar, esse descomunal monólito pousado, como um gigante de atalaia, à entrada da baía. Ele está nu, de cor alvacenta e fulva, mordido de sol e vento. Não ostenta a mais pobre das coroas nem uma planta verde, uma simples flor no cimo (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 175; 6).<br /><br /><br /> Outro momento característico da criticidade de Ribeyrolles consiste no comentário sobre os passeios oferecidos pela cidade do Rio de Janeiro, destacando alguns pontos turísticos:<br />Há ainda outros recantos deliciosos, porém bastante afastados, como as gargantas da Tijuca, onde a cascata murmura, Boa Viagem, em Niterói, o saco da Jurujuba, que abre, por um canal estreito, para um dos ninhos da baía; a ponta do caju, a Boa Vista, em S. Cristóvão, residência Imperial, e entre todos, o Jardim Botânico, fechado, ou melhor, perdido na lagoa de Rodrigo de Freitas, ao fundo de Botafogo. (RIBEYROLLES, 1980, v.1: 192; 93).<br /><br /><br /> Ao se referir ao Jardim Botânico, faz uma crítica ao monarca D. João VI falecido em 1826, em tom de deboche, quando descreve a situação do local, como sendo “[...] o jardim das plantas, das bananeiras e das essências”, e completa a ironia:<br />Essa risonha metamorfose deve-se ao rei d. João VI. Se ele pouco se dava às idéias e às guerras, comprazia-se com as flores. Deus proteja e perfume a sua alma. <br />Nesse jardim, pobre em espécies, deficiente quanto à ciência se ostenta dupla colunata como jamais tiveram palácios e templos. É uma aldeia de palmeiras em dois renques. <br />[...] O Jardim Botânico do Rio devia ser, antes de tudo, brasileiro <br />(RIBEYROLLES, 1980, v.1: 193).<br /><br /><br /> A contribuição que Charles Ribeyrolles traz à historiografia do turismo brasileiro é importante e demonstra o quanto os centros de estudos e investigadores necessitam-se voltar cada vez mais para a pesquisa nessa área. Um povo só é independente quando é dono de sua história, quando conhece suas raízes e sabe onde investigá-las, para isso, a pesquisa histórica do século XVI ao XIX se constitui em uma fonte inesgotável de dados (emoções).<br /> E por que Ribeyrolles? Porque, era um militante político que defendia a República com a tonalidade ampla de criticidade inteligente. Por isso, capaz de nos dar uma noção crítica da hospitalidade praticada na época e sinalizar o turismo, num sistema Imperial, que apresentava um processo de contradição, pois a coexistência da mão escrava com a mão-de-obra livre pressionava os interesses de classe.<br /> Por esses motivos, os relatos de viagem são fontes inesgotáveis de temas para pesquisas. Por viver um tempo no Brasil, a observação empírica do cronista mapeia sua descrição, com informações interessantes e detalhadas da vida da população, dos costumes dos hábitos, das festas, do cotidiano daquela época. Ao se deparar com o desconhecido, com o diferente, os viajantes se assustavam e, muitas vezes faziam análises rápidas e preconceituosas sobre o lugar e seu povo. Charles Ribeyrolles, como jornalista francês, não se absteve de participar do debate da mão-de-obra no Brasil e de propor seu projeto que solucionaria seus males. Marcado pelo racialismo, típico do século em que viveu, defendia a miscigenação apenas que resultasse no branqueamento. Dessa forma, então, o imigrante ideal seria o colono branco, europeu e se possível protestante, que seria o símbolo do labor e do progresso, já que via Portugal e a Igreja Católica como o atraso e a ociosidade.<br /><br /><br />BIBLIOGRAFIA REFERENCIADA<br /><br /><br />LUKÁCS, Georg. 1972. El asalto a la razon: La trayectoria del irracionalismo desde Schelling hasta Hitler. Barcelona e México, v. 3, D. F: Grijalbo.<br /><br />GERBI, Antonello. O Novo Mundo: história de uma polêmica: 1750-1900. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.<br /><br />História da vida privada no Brasil: Império / coordenador-geral da coleção Fernando A. Novais; organizador do volume, Luiz Felipe de Alencastro – São Paulo: Companhia das Letras, 1997.<br /><br />RIBEYROLLES, Charles. Brasil pitoresco: história, descrição, viagem, colonização, instituições. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Universidade de São Paulo, 1980.hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-79360865186093236092010-04-22T11:29:00.000-07:002010-04-22T11:36:45.201-07:00MINISTÉRIO DO TURISMO E SUA FESTA DE BABETTE<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisiUhSDnUnzv8EikBF83mlyNIZunqyEJLHsVE4A8OUMOUMUegJc_RSqdf7rslZzB2gFDuJAm7KZGCi2ARJCY2IySZd1KAgPXnXfI34txxxVv0MknhjPd0W9HCOvnGp1jMiO4V1K2Npt50/s1600/babette.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 382px; height: 290px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisiUhSDnUnzv8EikBF83mlyNIZunqyEJLHsVE4A8OUMOUMUegJc_RSqdf7rslZzB2gFDuJAm7KZGCi2ARJCY2IySZd1KAgPXnXfI34txxxVv0MknhjPd0W9HCOvnGp1jMiO4V1K2Npt50/s400/babette.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5463032563936899394" /></a><br />MINISTÉRIO DO TURISMO E SUA FESTA DE BABETTE<br /><br /><br /> João dos Santos Filho<br /><br /> Não sei por que! Mas quando estava pensando na Política Nacional de Turismo, visualizei um banquete, onde a prática gastronômica explicitava inexistir a plena felicidade sem o pecado, que pode ser o da gula em razão da comida e do dinheiro pela existência das emendas parlamentares. O Ministério do Turismo seria madame Babette em seu banquete articulado por um maquiamento marqueteiro, buscando contrapor a noção do pecado com a idéia da felicidade. <br />O uso da estrutura administrativa e política do aparelho de Estado no extremo limite, entre o legal e o imoral levam a situações questionadas pela Controladoria Geral da União – CGU, que investiga o desvio de recursos destinados a municípios por meio de emendas parlamentares para patrocinar, eventos, feiras e exposições. Segundo dados publicados pela imprensa foram cerca de 1.500 atividades envolvidas ao turismo que receberam um total de 250 milhões de reais.<br />Esse dinheiro arrecadado por meio de emendas parlamentares, em que políticos estão fazendo a verdadeira festa com o dinheiro público, associados à ONGs segundo o Blog do Noblat em matéria veiculada em 19/04/2010 - Fraude com recurso para festas repete “sanguessuga”:<br />Entre as 50 ONGs que mais receberam dinheiro do Turismo para organizar festas entre 2007 e 2009, a Folha identificou que 26 têm relação direta com políticos e partidos. As entidades receberam R$ 53 milhões no período.<br />O Ministério do turismo foi criado em 2003 tendo como ministro o político Walfrido Mares Guia, que soube preparar a estrutura ministerial para conseguir a colaboração de deputados e senadores para gastarem suas emendas parlamentares em atividades supostamente turísticas, segundo a CGU podendo haver desvio de dinheiro que esta sendo investigado. Como também requereu a quebra de sigilos bancário e fiscal de agentes públicos e dirigentes do Ministerio de Turismo.<br />Na verdade o CGU suspeita que prefeitos e ONGs e parlamentares tenham utilizado de notas fiscais frias para sustificar o evento, ou que essas atividades tenham sofrido superfaturamento. Uma coisa é certa existe, algum esquema facilitador para que o Ministerio seja objeto de uma quantidade elevada de emendas parlamentares, associado a prefeituras para o recebimento de verbas para o turismo.<br />Esse processo já denunciado pela emprensa, de ser investigado, e para apimentar ainda mais esse fato pedimos ao CGU que investigue:<br />A) No periodo que o ministro Walfrido Mares Guia esteve a frente do Ministerio de turismo, verificar como foi a distribuição de verbas por Estado, parece que teriamos grandes supresas;<br />B) Analisar cada evento que recebeu verba e sua ligação com parentes de politicos; <br /><br />Como podemos ter uma Política Nacional de Turismo, voltada para o turismo interno, se os aportes financeiros são direcionados segundo decisões políticas e politiqueiras?<br />Por isso, nunca se contratou tanto show de duplas sertanejas de artistas conhecidos e desconhecidos; nunca se deu tanta verba para a construção de portais turísticos que nada significam e não leva a lugar nenhum; rodeios sem qualquer valor cultural e econômico inventados por filhos de políticos. <br />Será que esses parlamentares e o Ministério de turismo assistiram ao filme: A festa de Babette?hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-70266814305793970452010-03-31T12:09:00.000-07:002010-03-31T12:13:01.398-07:00QUEM COMANDA OS GORILAS?<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiK0Cg9rVENKN15k02gpilY2lK-s4CzpB50-jpCJOD-zMySEZiWc6qfFU373SvuNRsh5h0xaaeIw0BIulgflfbh8izmTf3glNZOOS02c0rK_qhBGSdo2bnuSlabPzLhg4qwgiGDLyD7I74/s1600/greve4_260310_Clayton_de_Souza_AE_cortada8-242x300.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 242px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiK0Cg9rVENKN15k02gpilY2lK-s4CzpB50-jpCJOD-zMySEZiWc6qfFU373SvuNRsh5h0xaaeIw0BIulgflfbh8izmTf3glNZOOS02c0rK_qhBGSdo2bnuSlabPzLhg4qwgiGDLyD7I74/s400/greve4_260310_Clayton_de_Souza_AE_cortada8-242x300.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5454877993863390258" /></a><br />QUEM COMANDA OS GORILAS?<br /><br /> João dos Santos Filho<br /><br /> O professor se constitui em uma classe profissional que trabalha em prol da formação educacional e informação para a vida, com isso, a sociedade os coloca como uns dos elementos mais importantes para a instrumentalização de um processo de socialização dialética na formação do caráter e personalidade do homo Faber Brasilis. A responsabilidade na formação de gerações faz este educador ter um papel de destaque no seio da sociedade. Atividades isoladas e coletivas não param de elogiar sua nobre função, e no dia do professor homenagens são ritualizadas pela escola e pelo Estado, todos reconhecem seu valor na sociedade como fundamentais.<br />Mas o Estado neoliberal transforma a ação do professor em uma mera mercadoria sem valor, em que se prioriza o valor de uso e, menospreza o valor de troca. Colocando a sua função num patamar idealista e metafísico como decorrente de um sacerdócio, em que o dom de educar e mais gratificante do que a luta por melhores meios e salários dignos. Como se a luta por melhores salários fosse articulação de movimentos políticos partidários, que buscam desestabilizar a candidatura do PSDB na corrida a presidência da República.<br />De um lado as escolas públicas massacradas, por uma infra-estrutura sucateada, sem laboratórios, sem quadras poliesportiva, com banheiros que mais parecem chiqueiros, faltam professores e funcionários, pessoal de apoio (psicólogos e fonoaudiólogos). Vulnerável no campo da segurança, professores que são afastados por sofrerem ameaças de agressão física por alunos e bandidos da região, que comandam o cotidiano da localidade configurando um poder paralelo a sociedade. <br />Do outro, os comerciantes e mercenários da educação privada que utilizam da prática da repressão física e mental para com o professor ameaçando-o com demissão para qualquer atitude de rebeldia a ordem estabelecida. São obrigados a assistir aulas de auto-ajuda, como forma de aprimorar o seu convencimento enquanto professor apimentando-o com técnicas que levem o aluno ser um empreendedor combativo no mercado e parcimonioso em suas reflexões críticas.<br /> Como o entendimento do Estado no campo da educação não é por uma educação crítica e combativa numa perspectiva histórica de mudança social, política e econômica, mas sim, pela manutenção do status quo. O mesmo mantém o piso do professor achatado em todas as esferas, deixando que o mercado determine o valor salarial segundo interesses dos empresários da educação, que se guiam pelo equilíbrio do desequilibrado mercado industrial de reserva, garantido assim a extração máxima da mais valia nos salários.<br />Diante dessas questões em que educação e política não se misturam, como se o ato de educar não fosse decorrente de uma política educacional determinada pelo Estado. O governo do Estado de São Paulo utiliza de seu arcabouço policial repressor - serviço reservado (ou secreto) da Polícia Militar paulista os famosos P2. Para massacrar o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo - APEOESP, acusando de partidários do PT que querem derrubar o governador Serra. <br />O cômico para não dizer trágico é que antes os professores eram acusados de comunistas que queriam desestabilizar os golpistas de 1964, hoje são os Lulistas e petistas que querem destruir o governo tucano paulista. Na verdade essa direita tem saudades do tempo da Ditadura e não admite que os professores lutem em seu sindicato por melhores condições de trabalho, remuneração e pela liberdade de pensamento.<br />Com isso indagamos quem comanda esses gorilas? É o governo do Estado de São Paulo que usa a policia militar para bater e prender professores, por isso leitor lembre-se que o presente repete um passado recente, em que os gorilas se alimentavam de estudantes e professores nos porões da Ditadura Militar.hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-60865114767978544672010-03-17T14:30:00.000-07:002010-03-17T14:37:31.789-07:00TESES DECADENTES REAFIRMAM A LÓGICA DO TURISMO ELITISTATESES DECADENTES REAFIRMAM A LÓGICA DO TURISMO ELITISTA<br /><br /> João dos Santos Filho<br /><br /> O processo histórico envolve todo e qualquer fato social e, portanto, deve ser o suporte que calibra a formatação dos instrumentos de racionalidade do pensamento científico, isso porque, ele tem um percurso histórico de nascimento, adaptações e ajustamentos presentes em sua processabilidade dialética, com isso, não acreditamos no acaso e no estudo isolado do fenômeno ou do seu aparecimento repentino. Para tudo existe uma lógica histórica explicativa, produto da luta de classes, pois é esta que movimenta a sociedade no campo cultural, econômico, ideológico e produz uma estratificação social especifica.<br /> Diante desta formulação de princípios destacamos que a realidade é entendida segundo nossos interesses econômicos ou de classe, afetando diretamente a elaboração das Políticas Públicas. Nesse caso, nos referimos como o Estado esboça e encaminha os traços iniciais de uma Política Nacional de Turismo com base na tradição patriarcal e elitista brasileira. Pois desde a fundação do Touring Club do Brasil em 1923, este começou a desenvolver a criação de cruzeiros turísticos para uma elite nacional e estrangeira pela Amazônia, ávida por conhecer seu país e fazê-lo conhecido pelos estrangeiros.<br /> Iniciam-se assim uma proposta de um turismo dirigido as elites, pois no começo era uma burguesia endinheirada que já cultivava o gosto por um turismo exótico e até onde seu dinheiro permitisse a exclusividade. Pois o turismo de massa vinha engatinhando segundo as conquistas econômicas e sociais das classes trabalhadoras pelo desenvolvimento industrial, no Brasil por ocasião do centenário da Independência, surgem os primeiros grandes hotéis do Rio de Janeiro, e São Paulo o Turismo de Águas Termais combinado com o aparecimento dos grandes cassinos.<br /> Em 1939 o Estado getulista cria dentro da Divisão de Imprensa e Propaganda – <br />DIP a Divisão de Turismo, o que demonstra que o fenômeno do turismo serviu como instrumento ideológico para manter o controle das classes populares e determinar o uso do seu tempo livre segundo interesse da classe dominante. Com isso, podemos afirmar que o turismo foi gestado dentro de princípios dos lazeres burgueses e permanece com esse perfil classista.<br /> A Política Nacional de Turismo aprimorou ainda mais essa atuação elitista, pois apesar de existir a EMBRATUR como órgão responsável pela divulgação do turismo brasileiro no exterior. E o Ministério do Turismo como instrumento ordenador da política nacional de turismo, na prática todo peso do esforço no campo do turismo pelo Estado é voltado para o turista estrangeiro.<br /> Em primeiro lugar podemos afirmar que uma pequena parte do trade de turismo, e por sinal aquela que administra os grandes empreendimentos no campo da hotelaria, gastronomia, entretenimento e transporte detém a hegemonia política das decisões de como deve ser encaminhada a Política Nacional de Turismo. Esse monopólio de poder traduz que os interesses de uma proposta de turismo esta voltada para o turista estrangeiro, pois é este que interessa as grandes corporações da “indústria do turismo”.<br /> A tese de que o turista estrangeiro deve ser o timoneiro da Política Nacional do Turismo e que os recursos destinados a essa atividade devem ser alocados para melhorar a infra-estrutura de sua hospitalidade. Para poder estender sua permanência em território nacional e com isso aumentar seus gastos.<br /> O que me desagrada nessa tese é seu princípio elitista de ver o turismo, bem como, torna o turista estrangeiro uma mercadoria a ser consumida. Não havendo nenhuma preocupação com o impacto cultural e econômico que o mesmo produz na sociedade local e nacional, e como isso acaba afetando o desconsiderado turista nacional. Que muitas vezes fica na fila de espera, aguardando um restaurante, uma hospedagem, até que o turista estrangeiro desocupe um desses equipamentos, ou ainda constatar que o hotel, o passeio programado, o restaurante da moda tem preferência pelo estrangeiro.<br /> O crédito que o Estado destinou ao turismo por meio da Caixa Econômica Federal favoreceu em sua maioria ao mega investidor da área, desde as grandes redes hoteleiras até agencias de turismo, mas tudo parece volatilizar-se, pois não existe um Plano Nacional de Turismo pensado a um planejamento global, em que organize racionalmente a aplicação dos recursos financeiros. O que há, é um imenso jogo político de interesses pessoais, em que vence aquele que detém mais quantidade de capital e obviamente possui um equipamento de turismo de ponta.<br /> Temos a destacar que as dotações financeiras destinadas ao turismo pelo Estado independente de serem ainda modestas em comparação a outras atividades econômicas, são despossuídas de qualquer direcionamento planejado, isto é, seu uso é aleatório atendendo a interesses particulares e políticos.<br /> Existe outra tese, que faz da estrutura administrativa estatal promiscua, pois cultua uma política baseada em favores das emendas parlamentares consignadas por ações eleitoreiras e paroquiais, acobertadas por práticas ditas “legais”, em que o Ministério do Turismo coordena e incentiva políticos a incluir pedidos de verbas para o turismo junto ao orçamento da união. Esse procedimento favorece uma política patriarcal e de compadrinho muito a agosto da tradição histórica brasileira, completamente estapafúrdia.<br /> Essa prática defendida pelos responsáveis do turismo transformou o Ministério do Turismo em um local em que os acordos, arranjos e decisões obedecem ao gosto do parlamentar que solicita verbas para festas pessoais, portais de turismo que não levam a nada, verdadeiros elefantes brancos. Uma vergonha para o povo brasileiro e um incentivo a corrupção em que o Estado via Ministério do turismo acaba sendo cúmplice. <br /> Leitor veja, o Ministério do turismo conseguiu por meio da prática lobista, junto aos deputados carrear para o turismo as emendas parlamentares. Isso tornou o Ministério do turismo em um grande empresário de duplas sertanejas, cantores desconhecidos, mas amigos de deputados. Festas inventadas e religiosas, feiras sem qualquer valor econômico.<br /> Esse processo estanca qualquer possibilidade de elaboração de um Plano Nacional de Turismo articulado a uma proposta de desenvolvimento econômico, pois quem manda é o interesse político de cada deputado em comum acerto com a pasta do turismo, que para conseguir verbas para o turismo não se preocupa com a ética política. Mas, que turismo!!!!!!!!!!!!hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-75628397256529459652010-02-03T14:33:00.000-08:002010-02-03T14:35:05.990-08:00TORTURA NUNCA MAIS: A HISTÓRIA OFICIAL NÃO PODE VENCER A HISTÓRIA REALTORTURA NUNCA MAIS: A HISTÓRIA OFICIAL NÃO PODE VENCER A HISTÓRIA REAL<br /> João dos Santos Filho<br /><br /> Confesso ser esta uma temática a qual descrevo com um prazer de intelectual militante da época de 1970, e saudosista do movimento estudantil no tempo da clandestinidade, que lutava contra o golpe e a favor da identificação e julgamento daqueles que utilizavam da tortura, seqüestro e do assassinato como forma de conter as lideranças democráticas sindicais, estudantis, intelectuais, religiosas e políticas. Buscando meios para se opor aos desejos irracionais de um modelo econômico subordinado a um comando de guerra coordenado pelo Capital, chamado Operação Condor contra todos aqueles que ousavam discordar das ditaduras implantadas no continente Latino. <br /> Confesso que por ser marxista desde o segundo grau, me aproximei de professores que me encaminharam para a leitura da dialética histórica, apreendendo desde cedo o disfarce para ler o Manifesto Comunista encapado em papel de pão. Ter recebido aulas de Ciência Política por meio da leitura de dramáticos romances da literatura latina americana, pois os clássicos da teoria política eram proibidos, como também, fui salvo de ser preso por um delegado maçom da Policia Federal do Aeroporto de Congonhas, em vôo vindo de Buenos Aires por trazer na bagagem livros de Karl Marx e Engels.<br /> Confesso ter vivido um dos melhores períodos de minha vida, como estudante e<br />amigo dos professores Florestan Fernandes, Octávio Ianni, por ter a sorte de ser vizinho de quarteirão desses intelectuais. Reafirmo que minha atitude política sempre foi de crítica ao golpe militar de 1964 e por ter presenciados fatos que ocorreram no interior da PUC/SP. Éramos estudantes de Ciências Sociais no começo dos anos 70 e tivemos professores que foram retirados pelo DOPS da sala de aula e estão sumidos até hoje. Assistimos a defesas de tese no teatro Tuquinha em que foi invadida pela policia militar e pelo DOPS. Convivemos com os discursos contundentes da madre católica Cristina a psicóloga das Sedes Sapientiae militante implacável contra a ditadura militar.<br /> Confesso que foi um período que havia necessidade de permanecer na clandestinidade, pois era a forma de salvar e resguardar nossas vidas, “contra a idéia da força usávamos a força das idéias”. Estudar Marx era e continua sendo uma necessidade prioritária, para enfrentarmos à repressão, alimento que nos dava força para visualizar uma saída no fim do túnel.<br /> Como marxistas permanecemos mais convictos em seus princípios ontológicos e entendemos que o filosofo húngaro Georg Lukács faz uma leitura da obra de Marx que permite desestalinizar a compreensão do marxismo, desarmando a esquerda stalinista - mecanicista e vulgarizando o seu discurso de senso comum e acusativo da direita com fortes traços de neofobia.<br /> Entendemos que a sociabilidade de um grupo social se planifique pelos níveis de tolerância que ela consegue ministrar na leitura dos fatos sociais, em especial no jogo da luta de classe. O equilíbrio de uma sociedade se mede pelos graus de tolerância política, econômica e social que a mesma apresenta, quando essa normalidade histórica é quebrada é porque uma classe quer impor de forma autoritária sua visão de mundo ao resto da sociedade.<br /> Quando isso ocorre chamamos de ditadura, implanta-se um Estado fascista em que as armas de guerra são colocadas para garantir um novo ciclo de acúmulo de capital material e espiritual. Esse processo na América Latina ocorreu como expressão máxima de agressividade aos direitos humanos, em que torturados civis e militares nacionais e estrangeiros praticaram uma série de atrocidades.<br /> Julgar esses algozes ensinados pelos mentores da Escola Superior de Guerra é dever do Estado brasileiro, colocar a verdadeira história em oposição à história oficial. A direita tenta justificar o injustificável, inventou até um pseudo-intelectual que afirma que o processo pelo que o Brasil passou deveria chamar-se a “Dita branda”, pois seria um erro condenar os militares. E parece que assim pensam desde o começo, pois todos os torturadores foram condecorados com medalhas de bravura e subiram na hierarquia militar. <br /> Por isso leitor lutar pelo julgamento e condenação dos torturadores é um dever humanitário e histórico para as futuras gerações de brasileiros.hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-54609662957600468862010-02-03T14:28:00.000-08:002010-02-03T14:31:01.911-08:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrE4x8bot8K1BbBCSShn1MboTjXjS8c-Ji2ZK8-K90B2eQ_h-JJ2Oa7D6Jh1doccwz3VWa7DyFyxpcCa0UJQ_NV75qkmzabWt6pc29pVmqV5mxXjDDeH_8uQYGue4v1Bz3mf84rCvnhhs/s1600-h/Histoblog153.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 344px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrE4x8bot8K1BbBCSShn1MboTjXjS8c-Ji2ZK8-K90B2eQ_h-JJ2Oa7D6Jh1doccwz3VWa7DyFyxpcCa0UJQ_NV75qkmzabWt6pc29pVmqV5mxXjDDeH_8uQYGue4v1Bz3mf84rCvnhhs/s400/Histoblog153.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5434148224410986018" /></a>hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-74669078722871599672009-12-23T12:21:00.000-08:002009-12-23T12:26:53.505-08:00MELHOR DO PAÍS É O POVO BRASILEIRO: VOCÊ ACREDITA NA EMBRATUR?<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEie83cMLzdv4ybSDbePncb7Aii_aD25UMULrJqetdk5omteyZo9IYX5UY2QPSn-KRglhJQh-Ss9Q6NnHxokujTb69dlWDxBDnO9PUJfnMNZt-RpNLs-vbBQFScr_yV0X-TsXJex-vvcGIM/s1600-h/048copacabana.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 231px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEie83cMLzdv4ybSDbePncb7Aii_aD25UMULrJqetdk5omteyZo9IYX5UY2QPSn-KRglhJQh-Ss9Q6NnHxokujTb69dlWDxBDnO9PUJfnMNZt-RpNLs-vbBQFScr_yV0X-TsXJex-vvcGIM/s400/048copacabana.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5418530737806389138" /></a><br />MELHOR DO PAÍS É O POVO BRASILEIRO: VOCÊ ACREDITA NA EMBRATUR?<br /> <br /> João dos Santos Filho<br /> <br /> Desde o momento que tomei conhecimento do resultado da pesquisa encomendada pela EMBRATUR ao Instituto Zaytec, intitulada o “Perfil do Turista Estrangeiro e Imagem do Brasil”. Venho tentando saber mais do referido trabalho, qual foi o projeto elaborado, o problema destacado, a problemática delimitada, a construção e seleção de hipóteses, a metodologia utilizada, a construção de objetivos e a elaboração do questionário. Na verdade tenho buscado entender o tratamento científico dispensado aos dados coletados dessa pesquisa, pois há resultados extremamente inéditos e inesperados diante da percepção que o turista estrangeiro tem sobre o Brasil.<br /> Mas até o presente momento desconhecemos por completo a metodologia utilizada ou qualquer outra informação desse discutível trabalho. E se enganam aqueles que pensam que esta minha preocupação é mera implicância de alguém crítico a “Política Nacional de Turismo”. Nosso questionamento se deve a essência das pesquisas de opinião que podem até de forma involuntária levar a constatações equivocadas ou errôneas.<br /> O filósofo Pierre Bourdieu acredita que a pesquisa de opinião pública apresenta sérios limites, pois banaliza as sondagens e possui pouco rigor científico em sua execução, bem como, não podemos supor que a opinião esteja ao alcance de qualquer indivíduo e que todas têm a mesma opinião ou tenham de fato interesse sobre o assunto. Demonstra que as pesquisas desse tipo em turismo são questionáveis e passíveis de erros qualitativos em razão da hegemonia dos dados coletados.<br /> Devemos esclarecer que os resultados dessa pesquisa, afirma de que o “turista estrangeiro mais gosta é do povo brasileiro”. Essa conclusão carrega um conjunto de impressões subjetivas e atitudes políticas de cunho ideológico que quando explicitas em sua essencialidade pode revelar fortes preconceitos, tais como:<br />1. Gosta do povo brasileiro por achá-lo exótico, e resultado da miscigenação com o europeu, africano e índio, acreditando de forma eurocentrista que a ascendência genética predominante destacada foi dada pelo “colonizador (explorador) europeu”;<br />2. Imigrantes brasileiros que moram na Europa, sabem que a comunidade européia em sua maioria, com destaque para a Espanha e Inglaterra possui um enorme preconceito xenófobo para com os povos latino americano;<br />3. Há agências que organizam os vôos charter oferecendo mais de um tipo de pacote para o turismo sexual. Os non-stop party, em que o turista desembarca sem nenhuma reserva de hospedagem, disposto a realizar sua fantasia sexual, pois para ele aqui tudo pode. Fica confinado em uma espécie de hotel de fachada, mas na verdade são casas de sexo especializadas em adolescentes;<br />4. As mulheres são oferecidas aos turistas estrangeiros por taxistas quando desembarcam ou pelo próprio agente de viagem, barraqueiros e vendedores eventualmente funcionam como intermediários. Em geral, não recebem nada pela indicação, mas a menina vira uma espécie de "parceira" daquele que a indicou, ela vai recorrer sempre a esse taxista para as corridas maiores, ela vai fazer seu cliente consumir na barraca de praia. Constituem-se em um comércio silencioso e criminoso regado muitas vezes pela droga; <br />5. Para burlar a fiscalização, muitos turistas acabam se hospedando em flats, casas de veraneio, bordéis ou alugam apartamentos, em que a entrada é menos fiscalizada e o suborno do porteiro é bem mais fácil;<br /><br /> Esses motivos nós mostram uma percepção completamente diferente do turista estrangeiro para com o povo brasileiro, pelo menos aquela que já havíamos comentado em artigo escrito em 2000 “Carta ao excelentíssimo presidente da República” o qual passo a transcrevê-la em parte: http://www.revistaturismo.com/artigos/presidente.html <br />Lembramos que a EMBRATUR serviu também aos interesses do Brasil ufanista na década de 70, divulgando a noção de um país de mulheres lindas, mulatas (de Sargentelli e Joãozinho 30) semi desnudas, sedutor (marketing que muito tempo serviu de produto de divulgação para a propaganda, via filmes, pôster e folders enviados para o exterior), ordeiro, pró-americano e anticomunista para o mundo (explicitado pelo apoio e a participação da EMBRATUR com seu escritório em New York, se justifica pela intensa demanda de participação em feiras e atividades culturais no território americano). O marketing usado pela empresa acabou timbrando uma imagem veiculada no exterior pela ideologia de "lugar de sexo fácil", como descreve em sua excelente tese de mestrado a professora Rosana Bignami Viana de Sá, quando afirma:<br />A imagem do paraíso não se reduz à idealização da selva primordial em seus aspectos de flora e fauna. Ela adquire um outro significado que a relaciona ao pecado original e o país acaba por ser conhecido como o lugar do sexo fácil e barato.<br />Mesmo aos olhos do observador pouco atento, é óbvio a tentativa de atrair turistas ao Brasil através do uso de imagens de belas mulheres e com referências ao apelo sexual. <br /><br />Como também, a autora menciona o que se publica no exterior sobre o Brasil, no caso ela utiliza-se da reportagem de um jornalista italiano referente a um artigo chamado "Le mete eccitanti d'inverno" da revista Tutto turismo, em que relata os seguintes comentários do repórter:<br />" Para os jovens é fácil encontrar companhia, as mulheres brasileiras não se fazem de difícil, obviamente quando elas têm vontade. Porém, vale a pena lembrar que o Rio é a cidade onde se encontra o maior número de prostitutas e de homossexuais em todo continente americano." <br />A esse exemplo, poderíamos arrolar outros mais, pois a imagem que a mídia nacional fez no exterior sobre o Brasil deixou uma marca no campo da sedução, em que belas praias, mulheres e o exótico devem ser repensadas, principalmente pela EMBRATUR, que apesar de ter amenizado essa situação, tornando-se mais cuidadosa com seu material de propaganda promocional enviado ao exterior, o problema hoje adquiriu dimensões alarmantes.<br />O fluxo de turistas estrangeiros que chegam ao país em busca do turismo sexual com adultos e crianças é imenso. O equacionamento desta questão passa pela existência de um trabalho policial preventivo nos aeroportos, rede hoteleira e taxistas. Acompanhado de um grande programa educacional em que a EMBRATUR deveria em conjunto com as operadoras nacionais e estrangeiras mostrar as complicações jurídico-legais ao turista e a empresa. <br /><br /> Não podemos negar que o Brasil esta sendo conhecido no exterior como uma potencia emergente, a economia estável, a descoberta agora anunciada do Pré-sal, um crescimento pós-crise superior a muitas outras nações, adquirindo respeito no trato do meio ambiente e uso de combustível renovável, se constituí em uma liderança política e econômica junto aos países de todos os continentes.<br /> Obviamente que possuímos ainda profundas mazelas oriundas das desigualdades profundas, bem como, criadores de uma Política Nacional de Turismo elitista voltada para o turista estrangeiro, que há décadas alimentou a venda do turismo brasileiro acoplada à imagem da mulher brasileira.<br /> O Brasil necessita mudar e tem mudado, mas duvido, que essa pecha tenha deixado de existir, por isso, enquanto não tivermos acesso à pesquisa em questão, seremos um crítico a essas pesquisas mágicas.hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-45779256837383809072009-12-18T08:04:00.000-08:002009-12-18T08:08:39.197-08:00MEMÓRIA CURTA ACELERA A IDEOLOGIA DOS BORRA BOTAS I<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-U4ffvKbjedmH9CPri5xC6E_W04G0YsPK8fqMk5U-7UzzHb1Sy7kzcJaHsZsp4dW4VfgAkmZZQuBo3Zf3Eg9exBbIhjhFTgz6iUWe8dKvfL5HRSYs5gPoGeRhzCVrcs4syHJKngoPtvk/s1600-h/ooooo.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 290px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-U4ffvKbjedmH9CPri5xC6E_W04G0YsPK8fqMk5U-7UzzHb1Sy7kzcJaHsZsp4dW4VfgAkmZZQuBo3Zf3Eg9exBbIhjhFTgz6iUWe8dKvfL5HRSYs5gPoGeRhzCVrcs4syHJKngoPtvk/s400/ooooo.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5416608694029881698" /></a><br />MEMÓRIA CURTA ACELERA A IDEOLOGIA DOS BORRA BOTAS I<br /><br /><br /> João dos Santos Filho<br /> <br /> Escrever sobre a história brasileira requer equilíbrio, racionalidade e criticidade, bem como, ter consciência do lado em que o pesquisador se coloca como narrador dos fatos. Obviamente toda história é ideológica, como diz Georg Lukacs “não há ideologia inocente”, portanto, querer achar culpados sem, contudo compreender as determinações sociais é praticar a anti-história ou transformá-la em tragédia ou comédia como diria Karl Marx. <br /> A memória histórica de um país deve ser preservada, com isso quero dizer que a mesma deve ser resultado de um processo de recordação constante, patrocinado pelo Estado e instituições que tem o dever de repassa - lá, ou melhor, inculcá-la em todas as gerações como patrimônio da memória histórica de um povo.<br /> Retratá-la como história da conspiração de uma suposta armação maquiavélica em que nós somos os puros e ele é o vilão, se constitui em um tratamento hegeliano de entender a história. Com isso, reafirmo que o tratamento que alguns borra botas dão ao presidente Lula é deplorável como também lamentável. <br /> Podemos culpar o Lula por inúmeras razões ideológicas de corte partidário (os pressupostos doutrinários que sustentavam originariamente o Partido dos Trabalhadores – PT), principalmente os princípios que serviram para maximinizar a maioria da vontade dos brasileiros, quanto o que seria fazer política diferente, ou seja, voltada para as classes populares, foi mantida. O que não foi mantido foram os espaços para a luta pelo socialismo, este foi nacionalmente e internacionalmente questionado com base nos resultados do socialismo real, que não tem nada a haver com o socialismo cientifico.<br /> Podemos culpá-lo também, por desenvolver uma política assistencialista que alimenta um populismo de “toma lá, dá-cá,” como comentam os borras botas de plantão, entretanto, esquecem que o Brasil possui uma enorme população passando fome que esta excluída das coisas mais básicas como saúde, educação, alimentação e dignidade. Esta comprovada por pesquisas, que o programa Bolsa Família alterou significativamente o quadro de miserabilidade de enorme parcela da população que se encontrava excluída da referencia de cidadania. Para um problema endêmico de pobreza o combate é no primeiro momento o assistencialismo emergencial até que se complete o ciclo de um desenvolvimento natural.<br /> Podemos culpá-lo por ampliar sua base de sustentação política com antigos inimigos do povo e com isso fragilizar seu ideário ideológico original. Mas nunca acusá-lo de colocar as riquezas naturais na trilha dos interesses das multinacionais, na verdade há um imenso esforço de colocar a exploração das riquezas sob a tutela do Estado ou de empresas genuinamente nacionais, como a exploração do Pré-sal. Apesar da violenta pressão do capital estrangeiro exercer para que o governo Lula continue o processo de privatização que foi detonado por Fernando Henrique Cardoso.<br /> Não podemos é deixar com que o preconceito de classe, sobreponha a racionalidade e desenvolva o discurso racista, na qual Lula esta sendo objeto por parte de oportunistas decadentes, que o acusam de expressar opiniões espontâneas ou por discursar com um vernáculo que oculta algumas letras. Esses escorregões de linguagem é produto de um brasileiro comum que expressa às dificuldades encontradas no dia a dia de grande parte da população brasileira.<br /> Como recado gostaria de ressaltar que o governo Lula, tem defeitos e enormes defeitos, mas se compararmos o seu governo com os que lhe antecederam, percebemos que os benefícios alcançados são superiores, no campo da saúde, educação, alimentação, distribuição de renda, recuperação da indústria brasileira e principalmente no orgulho de ser brasileiro.<br /> Por isso, apoiamos o trabalho exemplar que a Policia Federal tem feito contra o crime organizado e a corrupção política, e pedimos que a judiciário agilizasse os processos legais contra políticos ladrões. E que o governo esteja mais próximo dos desejos do povo que hoje começa a se manifestar contra a corrupção endêmica que assola o país.hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-70768732422269161352009-11-22T05:49:00.000-08:002009-11-22T05:52:17.727-08:00EMBRATUR ESTARIA TENTANDO UMA JOGADA DE MARKETING?<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHKsFMqJ6JXP2RvTCdPsnvtmWEbHVkwW5Svn_mQt6775_inwVyLjcgU1MVIywGK0VuN_BinxE-DrT6SBhFO-2lIZaNf4MBTBRqaokNdNRf60IzDSVgszitvB1Zb2r3unYPHUdcGb-RIkM/s1600/sergei+tchkotine.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 288px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHKsFMqJ6JXP2RvTCdPsnvtmWEbHVkwW5Svn_mQt6775_inwVyLjcgU1MVIywGK0VuN_BinxE-DrT6SBhFO-2lIZaNf4MBTBRqaokNdNRf60IzDSVgszitvB1Zb2r3unYPHUdcGb-RIkM/s400/sergei+tchkotine.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5406925400792936562" /></a><br /> EMBRATUR ESTARIA TENTANDO UMA JOGADA DE MARKETING?<br /><br /><br /> João dos Santos Filho<br /> <br /> Como cientista social e turismólogo que milita academicamente com o fenômeno do turismo e hospitalidade a mais de vinte anos, não poderia esquecer as belíssimas aulas sobre a “história das ideologias”, do saudoso sociólogo e amigo Fernando Perrone na admirável ECA - Escola de Comunicações e Artes da USP. No começo da década de 80 em pleno embate entre as forças democráticas que estavam consolidando-se, e as forças dos porões da ditadura militar que persistiam em permanecer dominando. <br /> Na verdade foi um período histórico em que a ECA sofreu, mas soube resistir e Perrone foi um desses professores, que por meio de prontidão em favor da democracia sabia dar as aulas dentro de um cunho crítico e esclarecedor para o entendimento da realidade social brasileira.<br /> Foi pensando neste fato que fomos obrigados a refletir sobre a pesquisa “Perfil do Turista Estrangeiro e Imagem do Brasil” encomendada pela EMBRATUR ao Instituto Zaytec. Que segundo um dos resultados quantificados é extremamente impactante para a lógica do turismo nacional, pois com uma amostragem de apenas 2.405 entrevistas realizadas em turistas que vieram ao Brasil, deu que 45% dos entrevistados afirmam que o “melhor do país é o povo brasileiro”.<br /> Parece que esse dado se constitui em um fato novo nas pesquisas deste campo, <br /> merecendo cuidados especiais no que se refere; a delimitação do problema de pesquisa; a construção de hipóteses; a variáveis delimitadas, conceitos e tipologia. Pois a interpretação e a tabulação devem estar aliadas aos cuidados de rigor científico, que não pode ser confundido como meras pesquisas de opinião, que quase sempre são traduzidas pela rapidez das respostas de densidade emocional, provocadas pela intervenção de entrevistador mal treinado. <br /> Como não temos acesso a essa pesquisa, somos obrigados a levantar essas questões e recordarmos do livro “A Mistificação das Massas pela Propaganda Política” do russo Serge Tchakhotine, traduzido por Miguel Arraes em 1967. Que discute com profundidade o poder das palavras trabalhado dentro do processo ideológico, que pode criar verdades imaginárias que acabam guiando a racionalidade humana. Além da existência de pesquisas realizadas na Universidade de Coimbra, sobre a imigração brasileira em Portugal constatou que os portugueses vêem a mulher brasileira relacionada ao sexo e a dos homens à falta de compromisso e à malandragem. <br /> A EMBRATUR deveria fazer também uma pesquisa junto aos funcionários das operadoras brasileiras de turismo para verificar como as operadoras de turismo estrangeiras classificam e vendem os roteiros de praias da maioria do nordeste brasileiro, ou ainda verificar por que a maioria dos vôos charter se compõe de homens , que quando desembarcam no Brasil não possuem reserva em hotéis.<br /> Por esses motivos de ordem metodológica e de mera observação do cotidiano do turismo no Brasil, questionamos os resultados da pesquisa “Perfil do Turista Estrangeiro e Imagem do Brasil” e indagamos, não seria mais uma das muitas jogadas de marketing da EMBRATUR.hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-25310157801656106592009-11-02T12:57:00.001-08:002009-11-02T12:59:10.229-08:00Maringá cidade de Paul e Laura Lafargue<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvuRpo4EjEU0VxjxOEOy-G6-4ZuHBCNX5C0AhDxjOwB_GdFCoLrcq-nHknGB-7uZjdq3dIWqBPlMPgFXSD4L_w2LQrI2NdlwJaSKwNtGhiCr6yiQPXpC8TRyz4P0kl6FqeFi8DKRieDrc/s1600-h/70jl3.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 305px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvuRpo4EjEU0VxjxOEOy-G6-4ZuHBCNX5C0AhDxjOwB_GdFCoLrcq-nHknGB-7uZjdq3dIWqBPlMPgFXSD4L_w2LQrI2NdlwJaSKwNtGhiCr6yiQPXpC8TRyz4P0kl6FqeFi8DKRieDrc/s400/70jl3.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5399613709484689682" /></a><br />Maringá cidade de Paul e Laura Lafargue<br /><br /> João dos Santos Filho<br /><br /> Entrevistando as pessoas que chegavam à cidade de Maringá pela rodoviária nova, deparamos com um casal de turistas da história universal o médico cubano Paul Lafargue e sua companheira Laura Marx, filha do pensador Karl Marx. Estavam vindo da França com o objetivo de se estabelecerem em nossa cidade, ele apresentava sinais de cansaço por ter saído da prisão de Saint-Pélagie a menos de quatro dias e ela por ser filha de quem era, apesar de seu semblante, demonstrar as marcas de uma mãe que havia perdido três filhos por culpa exclusiva da falta de higiene nos hospitais e pela proibição absurda de usar amas de leite.<br /> Estava radiante em conhecer o Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Maringá e encontrar os marxianos sobreviventes da queda do muro. Imediatamente nos propomos a levá-los para a nossa casa, oferecendo a hospitalidade dos comunistas e admiradores que os respeitavam pelo seu trabalho de militante e de intelectual do lazer, turismo e do mundo do não trabalho. Muito gentilmente recusaram o convite, preferindo um hotel, resolvemos levá-los para o Bandeirantes pelo clima de nostalgia dos anos sessenta que o mesmo apresenta aos hospedes. Ao nos aproximamos do hotel houve uma sensação de familiaridade de nossos ilustres visitantes para com aquela estrutura, comentaram que a arquitetura recordava a parte americanizada da cidade de Santiago de Cuba na década de 60. Após conseguirmos as acomodações nos despedimos e marcamos para conversarmos pela manhã para ajudá-los em sua nova pátria.<br />De volta ao hotel, no dia posterior as nove da manhã, pudemos conversar e tomar um excelente café com Laura e Paul e conversarmos mais longamente sobre tudo e todos. De início elogiaram o verde da cidade, indagando se havia índios entre as matas, pois comentaram que em seu livro "O direito à preguiça" escrito em 1880 fizeram uma citação ao Brasil, relatando os costumes de seus primeiros habitantes. Em seguida perguntaram qual era a população da cidade, por mera coincidência o jornal "o Diário" que estava a disposição dos hospedes estava em nossa mesa e trazia em sua primeira pagina o resultado do censo 2000. Maringá havia contabilizado 288.467 mil habitantes. Espantados perguntaram qual era o numero e as condições das crianças e mulheres que trabalham nas fábricas, campos, comercio e serviços da região. Respondi que as condições eram semelhantes da Inglaterra do século XIX.<br />Em seguida perguntei a Laura sobre seu pai e com uma tonalidade de voz nostálgica, ela me disse que o Mouro estava em plena atividade intelectual e convivendo com suas doenças conhecidas por todos. Mas muito triste, por ter de ouvir interpretações errôneas de suas obras e ver seu nome sendo usado pelos sociais democratas com ares de comunistas. O que mais era preocupante para todos da família Marx é que Mouro tinha sentido demasiado a morte de sua mulher.<br />Imediatamente, procurei mudar de assunto, e reforçar as conquistas intelectuais de Marx. Quando perguntei sofre o manifesto comunista, ela me confidenciou que esse texto de seu pai e Engels, foi objeto de extrema perturbação para no cotidiano da família. Pois seus pais e suas irmãs sofreram a perseguição de agentes do governo belga que permaneceram vigiando os passos da família até surgir o pedido de expulsão. Laura comentou que Marx queria tomar satisfação com policiais. Engels teve que interceder e depois de duas horas de discussão conseguiu convencer Marx. Após tudo resolvido, Marx confidenciou a Engels que iria dar uma bengalada na cabeça desses agentes. Engels teve de ser duro com Mouro e não se agüentando começou a dar largas gargalhadas. Todos nós acabamos rindo do gigante de Trevéris e por conselho do General ( Engels ) resolvemos deixar Bruxelas e fomos morar em Paris.<br />Saímos do hotel e fomos para o centro da cidade, Lafargue demonstrava enorme interesse pela vida política em Maringá, perguntou-nos se o governo dos trabalhadores iria criar uma estrutura autônoma para ativar o lazer entre os trabalhadores. Eu lhe respondi que não, mas que o PT sempre foi um partido de ouvir as bases e que não tomaria decisões de cima para baixo. Lafargue ainda se ambientando no meio maringaense me interpelou, afirmando que tinha feito a escolha correta para morar. Mais uma vez, demonstrava entusiasmo em viver em Maringá.<br />Laura pensava em dar aulas de Francês e Inglês e ser professora da UEM, mas quando comentamos sobre o salário e a pratica da delação que havia sido implantada no interior da academia por parte de alguns grupos políticos, resolveu buscar novas saídas. Paul pensava em poder tornar seu sonho realidade, isto é, desenvolver junto aos trabalhadores um programa de lazer e turismo em que o município por meio de sua secretária de turismo estimula-se a criação de programas em parceria com as indústrias.<br />Comentei com Paul e Laura sobre os cadernos de Paris escritos por Marx em 1844 que são um marco para o estudo do lazer e do tempo livre, um texto pouco usado. Imediatamente Paul afirmou que esse foi um material fundamental para ele poder escrever "O Direito a preguiça". E completou sua idéia pedindo, para conversar com prefeito de Maringá. Será possível? respondi para ele, que iríamos tentar agendar para a semana. <br />* Os índios das tribos belicosas do Brasil matam seus inválidos e seus velhos; demonstram sua amizade pelo atingido pondo fim a uma vida que não se alegra mais com os combates, festas e andanças (Paul Lafargue. O direito à preguiça. São Paulo, editora Káiros, 1980. P. 26).hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-31150065985998566342009-10-27T15:11:00.000-07:002009-10-27T15:30:58.063-07:00RECONQUISTAR O RIO PARA INVADI-LO COM POLÍTICAS PÚBLICAS<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjE7E3NxngHvokHFXC5OCGVoAyajPzTlVzGulKuBP50uLiDZIiC1-ep2qpn6Rwt-hFakrn6l2tnQJGAmptlXNBvZvS4nSVDoWFdMaIpEn2BoMvLUwF82CNOqnNBXjpCE8K1lEWGVhv6XZI/s1600-h/canhao2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 291px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjE7E3NxngHvokHFXC5OCGVoAyajPzTlVzGulKuBP50uLiDZIiC1-ep2qpn6Rwt-hFakrn6l2tnQJGAmptlXNBvZvS4nSVDoWFdMaIpEn2BoMvLUwF82CNOqnNBXjpCE8K1lEWGVhv6XZI/s400/canhao2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5397410801320339026" /></a><br />RECONQUISTAR O RIO PARA INVADI-LO COM POLÍTICAS PÚBLICAS<br /><br /><br /> João dos Santos Filho<br /><br /> Gostaria de iniciar este difícil e complexo assunto, relatando a história de um grande e saudoso amigo Arnold Escobar escritor e poeta colombiano que foi professor da Universidade de Antioquia na cidade de Medellín. Intelectual ativo e engajado nas lutas pela democracia sofreu com a perda de seu irmão advogado ativista na luta pelos direitos humanos contra o narcotráfico.<br /> Na década de oitenta participou de um concurso internacional de poesia em Israel, sendo premiado com dez mil dólares por uma de suas peças poéticas. Na qual ajuntou mais suas economias de anos de poupança e adquiriu um terreno na cidade balneária de Cartagena, com a intenção de no futuro construir uma casa de veraneio, nessa magnífica cidade repleta de fortaleças, igrejas e patrimônio da humanidade, comparada com a beleza e romantismo da cidade do Rio de Janeiro.<br /> Passado alguns anos, o professor Arnold, foi a Cartagena para contratar a construção de sua tão sonhada casa, mas ao chegar ao terreno de sua propriedade depara-se com uma placa informativa, com o nome de outro dono. Imediatamente dirigi-se ao cartório que havia lavrado a escritura do imóvel, e qual é sua supressa, o livro de registro havia sido grosseiramente adulterado em documento público. Reclamou, denunciou ao dono do cartório a farsa e como já era tarde foi para o hotel descansar. Depois de trinta minutos chegou a policia com o chefe do cartório ordenando em nome do crime organizado que esquecêssemos o ocorrido, e voltasse para Medellín ainda essa noite. <br /> Parece que o Rio de janeiro e Cartagena são produto do mesmo pecado, a inexistência de Políticas Públicas por parte do Estado, isto é, esquecimento do povo por parte dos governantes.<br /> O Rio necessita ser reconquistado pelo Estado de direito, recuperando sua situação jurídica, reordenando o sistema institucional, no qual cada indivíduo esta submetido. A volta do Estado de direito e o respeito a hierarquia das normas e leis constitucionais só é possivel com o combate constante ao crime organizado que tem que estar acompanhado de Políticas Públicas imediatas e efetivas. Isto é, cada centimetro conquistado sobre o espaço urbano, tem que ser ocupado por atividades públicas voltadas para o cidadão e sua cidadania.<br /> No campo da educação; escolas aparelhadas para atendimento integral desde creches, primeiro e segundo grau, ensino tecnico profissionalizante e faculdades. No campo da saúde, criação dos medicos da família espalhados nos morros, ambulatórios, policlinicas e hospitais. No campo do saneamento básico e infraestrutura urbana, estenter esses serviços a integralidade da população, como teleférico, centros esportivos. No campo do trabalho, desenvolver atividade profissionalizantes agregadas a remuneração, e desenvolver um turismo de pequenas hospedarias, garantindo acesso ao micro-crédito e treinamento aos pequenos empresários.<br /> Mas para tal iniciativa vir a dar certo, há necessidade do Estado reconquistar o espaço urbano e a população local, destronando a bandidagem e retomando o controle da sociedade por meio de atividades públicas que devolvam a esses brasileiros a cidadania e o direto de ser feliz.hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-66088274521012226712009-10-10T08:20:00.000-07:002009-10-10T08:30:49.716-07:00Rio 2016: Política pública de inclusão ou fracasso total<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHlx5_aJ9BOyBtgww1tBzPB7jBurd4qjTbX7DPgxidDLeDh_mF0w0MT7PaNRdKSUE0qPooEl0lmRL3aYr0acyuITEBVL6QNoO4MeEdoqXT1Y9aEOGC7JZ8mjerLLfKlvUMdUZKXJ2FXOQ/s1600-h/Desigualdade+social.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHlx5_aJ9BOyBtgww1tBzPB7jBurd4qjTbX7DPgxidDLeDh_mF0w0MT7PaNRdKSUE0qPooEl0lmRL3aYr0acyuITEBVL6QNoO4MeEdoqXT1Y9aEOGC7JZ8mjerLLfKlvUMdUZKXJ2FXOQ/s400/Desigualdade+social.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5390994145948657714" /></a><br />RIO 2016: POLÍTICA PÚBLICA DE INCLUSÃO OU FRACASSO TOTAL<br /><br /> A lógica do Estado mínimo, essência do neoliberalismo caiu totalmente em descrédito, economistas apavorados são obrigados a recolocar novamente o papel fundamental do capital estatal para que o sistema erga-se da crise econômica e política que foi sentida mundialmente. Parece que o cadáver do Estado do Bem Estar Social não consegue descansar em paz, pois além de demonstrar que sua negação foi um grande equívoco para o capitalismo, atualmente esta sendo objeto de grandes debates para que seja reerguido em parte.<br /> O que incomoda de imediato os direitistas e provoca aberta indignação ao cidadão brasileiro em geral, é a existência de um lobby quadrilheiro instalada no Estado, e a fúria com que os contratos das obras públicas são superfaturados, seja por meio das propinas, aditivos repentinos que corrigem os valores para mais, mimos materializados em dinheiro ou bens materiais. Tudo vale, para que o recurso público seja desviado, empregos por atos secretos, empresas terceirizadas prestadoras de serviços ao governo cujos donos são políticos.<br /> Mas esta não é de fato uma questão somente da falta de maior rigor nos tramites com o dinheiro público, pois se assim o fosse, todo e qualquer controle burocrático seria suficiente para diminuir ou estancar o desvio de verba pública. Parece que o problema é de entendimento político do que sejam de fato “políticas públicas” voltadas à população brasileira.<br /> O Estado brasileiro historicamente segundo as elites governantes sempre demonstraram uma forte característica de se preparar para receber o estrangeiro, isto é, ser hospitaleiro com o estrangeiro e nunca para o povo brasileiro em sua dimensão de estratificação. A elite governa para seus pares na mundialização do Capital e determina uma política pública para a classe dominante que exclui as outras classes. <br /> Por essa falta de compromisso do Estado para com povo, presenciamos que grande parte das obras que serviram aos Jogos Pan-Americanos de 2007 está abandonada ou foram entregue a iniciativa privada que faz uso privativo do equipamento público. O Estádio João Havelange aos cuidados do Botafogo possui a melhor pista de atletismo da América Latina, mas não esta sendo usado e os atletas não têm onde treinar. O autódromo de Jacarepaguá esta abandonado, o Parque Aquático Maria Lenk se tornou um foco transmissor do mosquito da dengue, o velódromo uns dos mais modernos do mundo é pouco usado e possui uma manutenção que vem comprometendo sua pista, na Vila Olímpica só 10% dos apartamentos está ocupada.<br /> Em razão das políticas públicas estarem direcionadas somente as classes dominantes nacionais e estrangeiras e, portanto não responderem à população em geral, e o Estado possuir interesses combinados com o trade para acumulação rápida da mais-valia. Entendemos que de fato se o governo, não elaborar Políticas Públicas efetivas de inclusão, ou seja, políticas que contemplem as diferentes classes sociais com programas formais (carga horária igual ou equivalente ao ensino regular) de incentivo ao mundo do esporte desde o primeiro grau com apoio à alimentação acompanhado de uma bolsa esporte que dê suporte as famílias. Nada mudará nesse país o Rio será desmoralizado o Brasil decapitado do mundo dos emergentes.<br /> Os equipamentos esportivos do Pan como os da olimpíada terão seu destino traçados pelo abandono com sério prejuízo político, social e econômico para o povo brasileiro e uma desmoralização do país perante o mundo. <br /> Cansamos de denunciar como o Estado brasileiro se apresenta hoje descompromissado com as classes populares, não consegue desenvolver Políticas Públicas eficientes e voltadas para a população brasileira, pois o interesse do capitalismo é pelo retorno quantitativo da acumulação de Capital.<br /> Vejamos o caso da Política Nacional de Turismo - PNT- totalmente direcionada para atender o turista estrangeiro ou de alto poder aquisitivo, poderíamos perguntar:<br />1. Qual é a fonte dos recursos que pagam o salário dos vinte quatro diretores que compõem a Estrutura administrativa do Conventions Visitours Bureaux? Obviamente o Ministério de turismo.<br /> Os Escritórios Brasileiros de Turismo (EBTs) são unidades avançadas de promoção, marketing e apoio à comercialização de produtos, serviços e destinos turísticos brasileiros no mercado internacional. Têm como principal atribuição promover e divulgar o turismo brasileiro nestes mercados, oferecendo alternativas que possam contribuir para a consolidação da imagem do país como um destino turístico atraente e competitivo. Qual é fonte dos recursos para a manutenção dos nove EBTs? Obviamente do Ministério do turismo.<br /> Como sabemos, pois o próprio trade denúncia o fracasso dos programas de turismo destinados ao turista brasileiro;<br />• Viaje Mais Melhor Idade, esta suspenso.<br />• Viaja Mais Jovem, só ficou na etapa experimental.<br /> Como podemos confiar num Estado que planeja encima do emergencial do acaso, combinado com o interesse simplesmente economicista, longe da perspectiva de inclusão social. Na verdade sem políticas públicas voltadas as classes populares, sem a participação do povo nas decisões locais, estaduais e federais, o Brasil não poderá ser um país de todos, mas sim de alguns.hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-55586159296252210982009-10-03T14:26:00.000-07:002009-10-03T14:34:12.326-07:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi52MFRXz_GY6-qxBgmjihm2lTmw4rIxHeubXGFKCMO_-g0uCRZkHCcK4QdNb4RGneFCoxKrIrOF6mKRF5MIqRNpjxsgC0w52FYyyJXJITPsSdWpPVD8ohqB-8ZLxU4MkhcrT11Y-8C5xY/s1600-h/propag05.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 264px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi52MFRXz_GY6-qxBgmjihm2lTmw4rIxHeubXGFKCMO_-g0uCRZkHCcK4QdNb4RGneFCoxKrIrOF6mKRF5MIqRNpjxsgC0w52FYyyJXJITPsSdWpPVD8ohqB-8ZLxU4MkhcrT11Y-8C5xY/s400/propag05.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5388490206650343314" /></a>hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-28092493565187750522009-10-02T16:35:00.000-07:002009-10-02T16:36:32.821-07:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOq0zMAB9FivWYu6leqq0uknBfIrwudPmRBK0wVSY_e02kH3AE0GQJmsb5eU1yLnzj27m6cCEcpaatLEPJJSTJseHkdvFTMcbaIpJg0_MbyZlKAlNzzaYGUaSNFyhAMpJfwrB9NrmgfJ8/s1600-h/As+veias+abertas+da+am%25C3%25A9rica+latina+capa.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOq0zMAB9FivWYu6leqq0uknBfIrwudPmRBK0wVSY_e02kH3AE0GQJmsb5eU1yLnzj27m6cCEcpaatLEPJJSTJseHkdvFTMcbaIpJg0_MbyZlKAlNzzaYGUaSNFyhAMpJfwrB9NrmgfJ8/s400/As+veias+abertas+da+am%25C3%25A9rica+latina+capa.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5388150609536651426" /></a>hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-55556750648427322222009-10-02T16:22:00.000-07:002009-10-02T16:25:33.067-07:00POVO MAYA E POVO GUARANI SÃO LATINO AMERICANOPOVO MAYA E POVO GUARANI SÃO LATINO AMERICANO<br /><br /> João dos Santos Filho<br /> <br /> Ouvir a descrição dos fatos ocorridos no interior da embaixada brasileira em Tegucigalpa, contado pela imaginação de direitistas de plantão e amigos da política estadunidense ou ainda dos mal informados politicamente. Coloca a atitude de parcimônia em cheque, pois o surgimento de idéias estapafúrdias se cria e recriam como ecos de uma montanha.<br /> O Brasil via o Itamarati demonstrou maturidade e sapiência para lidar com uma peça delicada do tabuleiro da política diplomática, deu “abrigo” ao presidente hondurenho Manuel Zelaya deposto por um golpe de Estado, que até agora não esta totalmente explicada, ou melhor, todo golpe de Estado é traduzido como uma ruptura das leis constitucionais. Com isso, o Brasil assume o papel de liderança política na América – Latina imposta pela própria dinâmica da conjuntura internacional, demonstrando o papel que o Brasil possui no mundo.<br /> Como Zelaya chegou à embaixada é um assunto que em nada envolve o Brasil, muito ao contrário, nossa responsabilidade começou com a presença dele no interior da chancelaria. Teríamos que garantir sua integridade física em razão de qualquer ato que pudesse por em risco sua pessoa. Numa perspectiva humanitária o Ministro das Relações Exteriores Celso Amorim agiu politicamente de forma correta e mostrou qual será o novo timbre da política exterior brasileira daqui para frente.<br /> Com referência ao presidente deposto de Honduras Manuel Zelaya, não podemos controlar o seu comportamento dentro da embaixada, pois a categoria funcional dada pelo governo brasileiro é de “abrigo”, pois é ele mesmo que responde a suas ações dentro da chancelaria brasileira, o Brasil só se responsabiliza pela a preservação de sua integridade física.<br /> Além do que a Organização dos Estados Americanos – OEA e a Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas – ONU condenaram integralmente o golpe de Estado que o presidente sofreu, isto é, um presidente eleito democraticamente foi preso e deportado de seu país e forma inesperada, chega à embaixada brasileira para abrigar-se. A atitude do Brasil foi correta em termos de política internacional, dar abrigo, para impedir que Zelaya sofresse qualquer violência.<br /> Imediatamente a chancelaria brasileira foi cercada pelo exército do governo golpista de Roberto Micheletti, que fez sérias ameaças ao governo brasileiro, suspendeu as garantias constitucionais durante um período de 45 dias decretando estado de sítio. Restringiu às liberdades de circulação e expressão, tirando do ar as emissoras de radio e televisão, impondo a censura aos jornais e a manifestações públicas.<br /> Diante desse fato o Itamarati experiente no trato da política internacional, utilizou o tempo a seu favor apelando de forma insistente a OEA, e aguardando que as relações entre Brasil e Honduras chegassem a níveis de tolerância para o diálogo diplomático. Com isso, o Brasil conseguiu fazer com que Zelaya e Micheletti retomassem as conversações entre eles e encaminhassem soluções próprias, para que Honduras retome sua estabilidade política. <br /> Nesse sentido, não entendemos como um senador brasileiro afirma de forma leviana que o Brasil sabia da volta de Zelaya a Honduras e contava com apoio da chancelaria brasileira. Esse senador parece não entender nada de política nacional, internacional e desconhecer a história de atuação do Ministério das Relações Exteriores no comando da política diplomática.<br /> Porque não se fala que Zelaya, como a exemplo de países da America latina, hoje possuem uma unidade de interesses comum e ajuda mútua no campo político, econômico, social e cultural, que acaba diminuindo ou pelo menos dividindo a influência dos Estados Unidos no continente. Essa unidade queira ou não, se dá pelo Brasil com a seriedade política do Itamarati e pela Venezuela com excessos e atitudes galhofista. A realidade verdadeira se apresenta a nós, e muitas vezes não é a que gostaríamos, portanto o leitor não pode esquecer que nesta turbulência política há o dedo dos Estados Unidos, pois Zelaya havia costurado com Venezuela no campo petrolífero um acordo amplamente vantajoso a Honduras, atitude que irritou a classe política e amedrontou os interesses dos americanos.<br /> Por isso, nunca devemos criar animosidades entre os países latinos, temos que ter paciência para sempre garantir um dialogo entre povos que sofreram historicamente à dominação portuguesa e espanhola. E saber que a gloria do povo Maya e Guarani são as matrizes primeiras de nossa nacionalidade.hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-1724350180325983652009-09-24T11:17:00.001-07:002009-09-24T11:20:35.255-07:00KARL MARX DENUNCIOU E SARNEY PRATICOU<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfCBPfUf90DpGGCcAzxMpTB6rNlflqy-fg1kG5aB2PqH2cr2x29SPylGK2mWtZw1zcRfoiKI0wb85BaXDjYNNP45rTW6fZHpT94ihyphenhyphenzkKeCDocCYTO3LJGHczj2cTcl8XKMHegjbh1Gsw/s1600-h/marx+y.bmp"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfCBPfUf90DpGGCcAzxMpTB6rNlflqy-fg1kG5aB2PqH2cr2x29SPylGK2mWtZw1zcRfoiKI0wb85BaXDjYNNP45rTW6fZHpT94ihyphenhyphenzkKeCDocCYTO3LJGHczj2cTcl8XKMHegjbh1Gsw/s400/marx+y.bmp" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5385100526457123474" /></a><br />KARL MARX DENUNCIOU E SARNEY PRATICOU<br /> <br /> João dos Santos Filho<br /><br /> O movimento de despolitização, o cultivo do pensamento irracionalista, e negação do movimento histórico existente no interior do modelo neoliberal, aliado aos estampidos arrogantes da baixa academia contra o pensamento marxiano. Levaram alguns intelectuais a considerar a mesma, como uma teoria ultrapassada e de princípio filosófico arcaico para o entendimento da sociedade atual, obviamente, não poderíamos deixar de avocar o oposto. O pensamento de Karl Marx é contemporâneo, atualíssimo e necessário. <br /> Segundo escreve Marx no Manifesto Comunista: “O governo moderno não é senão um comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa” (1847), sim para ele o Estado é o gerente dos interesses da classe dominante nacional e internacional, que não simula ou camufla essa essencialidade. Mas sim, explicita seus interesses de classe amparados por meio da montagem de uma burocracia, que mescla relações de sociabilidade coloniais, com a de compadrio aquartelado por meio de leis de cunho repressivo que compõem o quadro jurídico da chamada “legalidade” de Estado. <br /> Esses fatos começaram vir à tona com maior intensidade, quando a classe política brasileira e funcionários com o status ainda de funcionários “régios” tiveram suas condutas e direitos questionados pela sociedade civil. Em decorrência de atritos por interesses políticos entre seus próprios pares, que forjaram esquemas de privilégios financeiro, material e político para beneficio pessoal.<br /> O Presidente do Senado Federal José Sarney comanda literalmente a casa dos senhores senadores ou como poderíamos também chamar a “Casa da Mãe Joana” dentro dos seguintes absurdos:<br />1. Emprega funcionários segundo interesses do presidente da casa, aceitando pedido de emprego da filha para seu namorado;<br />2. Nega ter responsabilidade administrativa sobre a fundação Sarney, sendo que José Sarney é fundador e presidente vitalício dessa entidade.<br />3. Desvio de dinheiro ocorrido pela fundação Sarney;<br />4. Criação de atos administrativos referentes à nomeação e posse para cargos comissionados e de confiança. Todos possuíam uma característica bastante peculiar, decorrente da prática do hábito de governar o “bem público” em beneficio do parlamentar, por isso tratavam-se de atos administrativos secretos.<br />5. O emprego de parentes do senador e aliados na área pública.<br /><br /> Marx tem toda a razão, quando denuncia que a classe dominante transforma o Estado em escritório de seus interesses particulares. Na verdade as vantagens salariais desses burrocratas parlamentares são marcadas por dezenas de vantagens moradia; verba de gabinete; verbas indenizatórias (para hospedagem, combustível e consultorias); despesas com telefone e postagem de cartas, além de uma cota para cobrir passagens aéreas.<br /> Por isso, leitor não vote em quem tem a ficha suja ou que ainda não foi condenado, mas praticou ou vem praticando atos nocivos a democracia brasileira, em razão de sua atuação política. Basta de impunidade!!!!!!!!hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-75484665514298506642009-09-24T11:04:00.000-07:002009-09-24T11:07:54.224-07:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRqKQwMezDJbiaq5j4Ke2AriyHM17wubCJVgahmIxmFJIUwlpxOuWz0YRLPkQpS2a2aNDUwb7TiPLBgb1Bv3Vd2PjeBwp5mhoBfIOiFsodOyOlLmmW8lvArRrgi8XDzxWRI4wYXq7qLX8/s1600-h/063jsfbbbb.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 148px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRqKQwMezDJbiaq5j4Ke2AriyHM17wubCJVgahmIxmFJIUwlpxOuWz0YRLPkQpS2a2aNDUwb7TiPLBgb1Bv3Vd2PjeBwp5mhoBfIOiFsodOyOlLmmW8lvArRrgi8XDzxWRI4wYXq7qLX8/s400/063jsfbbbb.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5385097270034823202" /></a>hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-74322253495280032002009-09-24T10:51:00.000-07:002009-09-24T10:53:39.973-07:00VITRINE DO DESRESPEITO E HUMILHAÇÃO AO TURISMÓLOGO: OS EUNUCOS DO TURISMO BRASILEIRO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjL6BF7XWDi4HlZfwxyl1fRCMbHkuFFKovGuiIzuzabMkTQAl-NuTNy6wIg6Spv8_d5rG4qqjl_0yE_E6t0_F5yDKoSIuxOVYVbixfztGe-qJCP-q6-A9kBCo8pmiz9S63Ei6f5Zadg7m8/s1600-h/brasilia.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 272px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjL6BF7XWDi4HlZfwxyl1fRCMbHkuFFKovGuiIzuzabMkTQAl-NuTNy6wIg6Spv8_d5rG4qqjl_0yE_E6t0_F5yDKoSIuxOVYVbixfztGe-qJCP-q6-A9kBCo8pmiz9S63Ei6f5Zadg7m8/s320/brasilia.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5385093523908068610" /></a><br />VITRINE DO DESRESPEITO E HUMILHAÇÃO AO TURISMÓLOGO: OS EUNUCOS DO TURISMO BRASILEIRO<br /><br />João dos Santos Filho<br /><br /> Caro turismólogos nunca poderia imaginar que um dia viesse a escrever o presente texto, e devo confessar que para mim bacharel em turismo e Ciências Sociais não foi nada fácil. Pois minha consciência como cientista social levava-me a denunciar o que há por detrás da “Lei Geral do Turismo” n. 11.771 de 17 de Setembro de 2008. De outro como turismólogo fiquei indignado e perplexo com a mudez opinativa dos colegas perante o significado da “Lei Geral do Turismo”.<br /> Diante deste dilema optei por explicitar algumas dúvidas; a “Lei geral do turismo” não menciona, ou melhor, omite o profissional turismólogo ou bacharel em turismo, poderiam pensar que isso fosse mais um dos caprichos de nós turismólogos que lutam pela regulamentação profissional a mais de trinta anos, mas não é! O que nos deixa estapafúrdio é saber que somos os únicos profissionais que apesar de cursar um curso superior de turismo e estudar esse fenômeno de forma sistemática, não sermos nominados como responsáveis pelas atividades contidas no:<br />Capitulo III - DA COORDENAÇÃO E INTEGRAÇÃO DE DECISÕES E AÇÕES NO PLANO FEDERAL, Seção I, Das Ações, Planos e Programas: “VIII - a formação, a capacitação profissional, a qualificação, o treinamento e a reciclagem de mão-de-obra para o setor turístico e sua colocação no mercado de trabalho”;<br />E no Capítulo II - DA POLÍTICA, DO PLANO E DO SISTEMA NACIONAL DE TURISMO, Subseção II: “XIX - promover à formação, o aperfeiçoamento, a qualificação e a capacitação de recursos humanos para a área do turismo, bem como a implementação de políticas que viabilizem a colocação profissional no mercado de trabalho”; (http://www.turismologia.com.br/lgt.asp)<br /> A questão agravante nesse caso se deve ao fato que a precariedade do estatuto jurídico que possuímos fica mais débil, pois qualquer outro profissional como o administrador (pelos seus interesses confessos em tentar incorporar os turismólogos na fileira dos administradores), o leigo, o político e o tecnólogo podem vir atuar no campo da capacitação profissional e acadêmica. Sem mencionar que a Deliberação Normativa Nº 390, de 28 de Maio de 1998 se refere à importância do parecer técnico emitido por profissional egresso de cursos superiores de Bacharel em Turismo.<br /> Afinal somos credenciados para assinar os pareceres técnicos e, não para fazer parte da “Lei Geral do Turismo”, principalmente naquilo que ela tem de mais nobre o treinamento da mão de obra e capacitação profissional e acadêmica. Serão que não nos consideram educadores? Questionamos quem educa o educador, é o trade? Se assim for, para que servem os cursos de turismo? Para que o empresário da educação em turismo acumule capital ou para os nobres motivos da educação superior.<br /> Parece cômico para não dizer trágico, o Estado formaliza um arcabouço legal normativo sobre a “Lei geral do turismo” e não menciona seu trabalhador fundante o Turismólogo. Isso me faz lembrar em termos de galhofa o que seria; a lei geral da saúde, sem levar em conta o médico ou a enfermeira; a Política Nacional de Energia Nuclear, sem levar em conta os formados em física; a lei geral da advocacia sem levar em conta o bacharel em direito, e assim poderíamos enumerar inúmeras categorias profissionais.<br /> De outro lado, não podemos ficar sem aplaudir o conteúdo da lei que veio disciplinar, articular e dar foro legitima as leis que estavam esparsas e perdidas de direção quanto sua eficácia normativa. <br /> Entretanto, essa lei veio contrair ainda mais o mercado de trabalho para o turismólogo que vê sua especificidade laboral sendo invadida por outros profissionais, que após a implementação da mesma acabou nivelando todas as funções de turismo como atividades iguais. O que tira a especificidade do turismólogo e o coloca idêntico a qualquer outro profissional de nível superior, com a desvantagem que todos possuem uma formação especifica, menos o turismólogo que é produto daquela idéia retrógada e equivocada de que a formação do mesmo deve ser generalista.<br /> No capítulo II, subseção II, Dos Objetivos, deparamos com o inciso X:<br />X - prevenir e combater as atividades turísticas relacionadas aos abusos de natureza sexual e outras que afetem a dignidade humana, respeitadas as competências dos diversos órgãos governamentais envolvidos;<br /> Impressiona a timidez com que o Estado explicita a questão do turismo sexual, como se o problema não fosse produto da atividade turística promovida sem critérios, na qual para se conseguir turista principalmente estrangeiro todo vôo Charter é bem vindo. Hoje só o nordeste recebe 28 vôos semanais fora os regulares aliados a questão da pobreza local, alimentam a indústria do turismo sexual. Por isso são inócuas as campanhas publicitárias, pois o que manda é força dos dólares: o hotel nada vê, o agenciador de garotas apesar de conhecer funcionários do estabelecimento e ser conhecido ninguém o conhece.<br /> Nos aeroportos quando da chegada dos vôos chartes a magia ocorre; agenciadores bilíngües negociam carne humana infantil, por hora, por dia ou por semana. Taxistas já sabem como recolher as garotas a maioria menor de idade, muitos turistas saem dos aeroportos e chegam acompanhados aos hotéis. E como não poderia deixar de ser, as autoridades ficam se esquivando de atuar, pois dizem que cada órgão tem limites.<br /> Para finalizar esse breve comentário, não poderíamos deixar de refletir que nossa exclusão como profissionais da “Lei Geral do turismo” se deve a nossa pouca organização política e organizativa diante do lobby desenvolvido pela Associação Brasileira de Agentes de Viagem – ABAV, que por sinal esta lutando para regulamentar as atividades profissionais do Agente de Viagem. Na qual encontramos uma série atividades que são contempladas aos agentes de viagens que também são desenvolvidas pelos bacharéis de turismo – turismólogos.<br /> A “lei Geral de Turismo” não substitui a necessidade da regulamentação da profissão de turismólogo, pois quem assim afirma trabalha em cima de uma falsa premissa. E nem podemos imaginar que aos Bacharéis de turismo poderão constituir empresas para atuar em planejamento.<br /> Na verdade foi uma humilhação para os turismólogos não serem mencionados na “Lei Geral do Turismo” é como falar do Brasil e esquecer-se de mencionar os brasileiros. Isso mais uma vez demonstra que o trade está somente preocupado com as questões econômicas; aumentar a permanência do turista estrangeiro em território nacional, que o dólar não sofra nenhuma desvalorização e que o turismólogo fique longe do turismo.hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-1269460937453630982009-09-24T10:30:00.000-07:002009-09-24T10:43:28.685-07:00PARTIDO DOS TRABALHADORES E A DITADURA DO CONGRESSO NACIONAL<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9VaWAlrNFe2JoPWBStLfdB5ZzKnrlkMy0AbkdufmiG5gs0x3q5dGuv2LixyCrbndOAf4lYVkS8s6n-_Lj6CXlbhoM-wJyUjyOlMfPDGc7gwCEvdfC9D6_nbjz9GC_ep9PvlEisM11-mM/s1600-h/ooooo.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 290px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9VaWAlrNFe2JoPWBStLfdB5ZzKnrlkMy0AbkdufmiG5gs0x3q5dGuv2LixyCrbndOAf4lYVkS8s6n-_Lj6CXlbhoM-wJyUjyOlMfPDGc7gwCEvdfC9D6_nbjz9GC_ep9PvlEisM11-mM/s320/ooooo.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5385090929796183906" /></a><br />PARTIDO DOS TRABALHADORES E A DITADURA DO CONGRESSO NACIONAL<br /><br /> João dos Santos Filho<br /> <br /> Triste de se admitir, vergonhoso de se ouvir e humilhante de se ver, o Partido dos Trabalhadores implodiu, e soltou uma poeira cósmica que encobriu seus originais princípios dentro da penumbra de gases tóxicos. Morreu, acidentou-se ou se transformou? Uma certeza é consensual, a política neoliberal saiu ganhando, e a sociedade brasileira perdeu historicamente mais uma vez, a possibilidade de agilizar metas modernizantes de transformações conjunturais e encaminhar sinalizações estruturais. <br /> Dias felizes foram àqueles em que o PT detinha integralmente o processo de formação política da sociedade brasileira, como a agremiação partidária exemplar em seus princípios ideológicos. Preferida da maioria das classes sociais, alimentadas pela a pujança de uma juventude atuante, envolvida junto aos movimentos sociais e sindicais, contando com a inteligência de uma intelectualidade militante e simpática aos pressupostos socialistas do partido. <br /> O PT se transformou em uma “escola de formação política”, politizou pedagogicamente a sociedade, demonstrou que política faz parte do cotidiano da vida e que é algo bom para a formação da cidadania, ou seja, do o homo politicus. Afastou a idéia da neutralidade política e demonstrou que o voto é um instrumento de mudança.<br /> Foi só assumir o comando do Estado em 2003, tendo como propósito desenvolver uma política de alianças com todos os partidos, para a formação de uma grande frente para a base de sustentação política do governo. Que a estratégia se mostrou nefasta e contaminou o PT iniciando um processo de exclusão de seus militantes mais históricos, e o desenvolvimento um processo galopante de despolitização acompanhado de uma descrença generalizada nos princípios doutrinários do partido.<br /> Começamos com Luiza Erundina prefeita de São Paulo pelo PT no mandato de 1989-1993, e nomeada em seguida pelo presidente Itamar Franco para responder pela Secretária da Administração Federal. O que lhe rendeu enorme pressão e críticas por parte do PT e petistas que não aceitavam formar um governo de composição com o PRN. Conseqüência desse fato leva Erundina a filiar-se ao PSB em 1999.<br /> A deputada Federal Luciana Genro, a senadora Heloísa Helena e os deputados Babá e João Fontes, foram expulsos do Partido dos Trabalhadores em dezembro de 2003 por desobedecerem à orientação do partido. Recusaram a apoiar medidas que fortalecessem a política neoliberal, pois isso desviava as diretrizes originais socialistas do PT.<br /> Relembramos o jornalista e bacharel em direito Plínio de Arruda Sampaio e o jurista Hélio Bicudo que saíram do partido em 2005 acompanhados pelos deputados Ivan Valente e Orlando Fantazzini, Maninha , Chico Alencar e João Alfredo.<br /> Em 2009 saem do PT, a senadora Marina Silva e seu parceiro de partido o senador Flávio Arns, afirmam que a legenda abandonou suas bandeiras da ética na política e da transparência de seus atos em defesa do povo brasileiro, ao se posicionar favoravelmente ao arquivamento das denúncias, no Conselho de Ética, contra o presidente do Senado, José Sarney.<br /> Isso balançou o comando político da agremiação partidária petista, desqualificou o líder do PT no senado o senador Aloizio Mercadante que apesar de divulgar que estava deixando a liderança, recuou a pedido do presidente Lula. Acredito que sua posição de “pedir penico” esteja sinalizada por sua candidatura a caminho do governo de São Paulo.<br /> Diante disso, houve senadores do PT que ao votarem a favor pelo arquivamento das denúncias contra Sarney, esconderam seus rostos diante da TV senado e se fizeram presente só pelo som de sua fala. Pois com medo do eleitorado petista que em rede nacional presenciou a sessão do Conselho de Ética, foi constrangedor para todos os senadores.<br /> Envergonhados, muitos senadores se esconderam, outros desavergonhados festejam nas pizzarias da Capital Federal e comandam a farra do congresso na conhecida “casa da mãe Joana”. É uma lastima saber que o Congresso Nacional desenvolveu um processo de autocondenação quando aprovou o arquivamento dos processos contra Sarney. Demonstrando que esta instituição como diria Max Weber é de fato uma sólida estrutura burocrática de poder e completaria Karl Marx de poder da classe dominante.<br /> Na verdade existe uma ditadura do Congresso Nacional para com os interesses do povo brasileiro, que só pode ser destruída pelo voto e pela militância do povo na rua manifestando seu descontentamento, contra esses “capitães do mato”.hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-9220975412803569692009-09-24T10:22:00.000-07:002009-09-24T10:29:06.932-07:00PROMOÇÃO E DIVULGAÇÃO NO BRASIL IMPÉRIO: TURISMO NA MONARQUIA<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-qwobiWbwnmv-NBgZ_dOdGx1G2uCB5_1bZGPOiGvAPyMqbboN9o3PPZ8x-_uBCSzWplH4Z0SsElOi6xvYoAh-0kBb0JOAlOnfA4BXjVkTy8D8pQHwi07KfWAFeif-EgUg_wpFbLXvFgM/s1600-h/44.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 224px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-qwobiWbwnmv-NBgZ_dOdGx1G2uCB5_1bZGPOiGvAPyMqbboN9o3PPZ8x-_uBCSzWplH4Z0SsElOi6xvYoAh-0kBb0JOAlOnfA4BXjVkTy8D8pQHwi07KfWAFeif-EgUg_wpFbLXvFgM/s320/44.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5385087216142382418" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3tLLKg3h76IrDdRoRNUUAJ0gpknZU15GzfitXe06WHPcfHawH-2YmF5m3G5kaBai32YiUR0WkuW3kohO7SDjK63vwhqwV21G-qJ665pU6MkCvQvqrrPL1Y7jOlTixTdTTcYdmEGxwvc0/s1600-h/funcion%C3%A1rio+publico.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 231px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3tLLKg3h76IrDdRoRNUUAJ0gpknZU15GzfitXe06WHPcfHawH-2YmF5m3G5kaBai32YiUR0WkuW3kohO7SDjK63vwhqwV21G-qJ665pU6MkCvQvqrrPL1Y7jOlTixTdTTcYdmEGxwvc0/s320/funcion%C3%A1rio+publico.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5385087205105414338" /></a><br />PROMOÇÃO E DIVULGAÇÃO NO BRASIL IMPÉRIO: TURISMO NA MONARQUIA<br /><br /> João dos Santos Filho <br /><br /><br />Resumo:<br />O presente trabalho é resultado da linha de pesquisa “Hospitalidade na história: um passeio pela cultura do Novo Mundo”, desenvolvido junto à Universidade Estadual de Maringá, a investigação histórica fundamenta-se em obras escritas sobre o Brasil e o povo Maya no século XVI, XVII, XVIII e XIX, compreendendo aproximadamente os anos de 1524 até 1890. As obras que constituem o objeto de nossa investigação foram escritas e publicadas ao período do Brasil-Império, essa literatura foi produzida por visitantes estrangeiros, que de forma diversa, souberam registrar e tratar o cotidiano da vida nacional. Esses autores vieram para o Brasil; morar, trabalhar, pesquisar ou passear, e resolveram documentar sua estada entre nós, com descrições muitas vezes específicas, mas que na verdade, tornaram-se verdadeiros compêndios historiográficos e alguns com farto material iconográfico sobre a história nacional.<br />Palavras-chaves: Turismo no Império, guia turístico imperial, historiografia do turismo nacional, eurocentrismo, etnocentrismo.<br /> <br />Esclarecimentos iniciais<br /><br /> O presente trabalho é resultado de estudos desenvolvidos junto á Biblioteca de Obras Raras da Escola de Minas de Ouro Preto , da Universidade Federal de Ouro Preto. O material selecionado para a pesquisa consiste no Guide Internacional D´Europe au Brésil & a La Plata contenant les Renseignement les plus utiles pour les voyageurs orne de vues, cartes et plans. Publié par A. Loiseau-Bourcier – Paris, rue de Lancry, 47 - Janvier 1889, obra trilíngue, escrita em português, espanhol e francês, publicada em janeiro de 1889, que trata da divulgação e promoção do Brasil no exterior.<br /> Por pressuposto balizador para este estudo, temos o resgate de parte da historiografia brasileira referente ao turismo, em oposição à hegemonia de uma leitura historiográfica eurocentrista, que oculta e nega a historia nacional, impondo a construção de uma falsa identidade.<br /> O resgate de nossa história torna-se possível, quando tomamos consciência de que há necessidade de nos desvencilharmos das influências das correntes científicas e filosóficas européias e norte-americanas. Nesse caso, podemos recorrer ao cientista social Octávio Ianni que, ao se referir à dependência acadêmica existente nos países da América Latina para com os grandes centros econômicos, político e culturais, afirma:<br /><br />Da mesma maneira que no passado, na atualidade também a produção científica e filosófica dos países da América Latina continua a revelar influências acentuadas da produção intelectual norte-americana, francesa, alemã, inglesa [...]. A produção sociológica latino-americana revela flutuações teóricas, metodológicas e temáticas semelhantes àquelas que ocorrem nos centros científicos de “maior prestígio acadêmico” (IANNI, 1976, p. 41).<br /> <br /> Esse processo ocorre de forma mais acentuada no estudo do fenômeno turístico em que a historiografia inglesa impõe ao mundo o personagem de Thomas Cook como responsável pelo primeiro turismo organizado, ou seja, o início do nascimento de um trade, voltado especificamente para o turismo. Ou ainda, o período da rainha Vitória que criou o Grand Tour no auge do imperialismo moderno, desenvolvendo uma política que favorecia e bancava as viagens da elite inglesa para ocupar os quadros administrativos do Estado inglês. <br /> A história ganha contornos de verdades únicas nos centros acadêmicos e parte dos pesquisadores do fenômeno turístico adotam essa historiografia como explicativa, o que distorce e oculta parte da história nacional. <br /><br />Metodologia utilizada <br /><br /> Em virtude de o material histórico utilizado para a elaboração de este estudo ser referente ao período do final do século XIX, precisamente de Janeiro de 1889, onze meses antes da proclamação da República, consideramos que o mesmo possui valor fundamental para o estudo do turismo nacional, pois, além de inédito e raro, permite sinalizar diversos caminhos para reescrever a verdadeira historiografia do turismo.<br /> Na qualidade de documento escrito no Brasil Império, por algum funcionário régio, constitui-o material de inestimável valor histórico para pesquisadores e estudiosos do turismo brasileiro. Por esse motivo, optamos em transcrevê-lo em quase sua totalidade, para que a academia providencie contato com a fonte original e coloque-o à disposição dos centros de pesquisa. <br /> O leitor pode perceber que, em alguns itens, buscamos contextualizá-lo, segundo ás normas e costumes da época, num esforço de explicitar a riqueza daquele período histórico, por isso também se constitui em um estudo exaustivo e peculiar para o conjunto da historiografia do turismo no Brasil. <br /> A estrutura original do texto também foi levada em consideração, uma vez que a mesma, como foi montada teve a intenção de destacar o Brasil Império, especificando três Estados: Pernambuco, Bahia e por final de forma exultante o Rio de Janeiro.<br /><br />Império e seus costumes: consequências e impactos<br /><br /> Com a vinda da Família Real e da máquina burocrática e administrativa do Estado Português ao território brasileiro em 1808, o rei de Portugal, funcionários régios, assessores, parentes, fidalgos, padres, médicos, advogados, professores, artistas, pintores, cientistas, militares e escravos, todos, chegam ao Brasil, fugindo de Napoleão Bonaparte. <br /> A crise provocada pela “fuga” leva Lisboa ao verdadeiro caos. Todos se dirigem ao cais em desespero para garantir local nos navios, levar seus bens e fugir do general Junot que se encontrava próximo à fronteira com Portugal. O governo português antecipa a partida para o Brasil, disposto a enfrentar o mal tempo e a chuva torrencial que tornava o mar agitado:<br /><br />Chovia muito quando, a 26 de novembro, transferem-se os arquivos reais, a biblioteca de Lisboa e toneladas de bens móveis da família real e dez mil nobres portugueses para oito naus, quatro fragatas, três brigues e trinta navios mercantes. É o caos, com famílias tentando a todo custo um lugar nas embarcações. O povo assiste temeroso ao embarque de D. Maria, D. João e o príncipe Pedro no Príncipe Real. A mulher de D. João. D. Carlota Joaquina, segue com D. Miguel e as filhas no Afonso D´Albuquerque. Por quarenta horas, todos embarcados, a frota aguarda bons ventos na barra do Tejo, diante de notícias de que Junot estaria entrando em Lisboa, o que fará a 30 de novembro, com 26 mil homens (CHAGAS, 2001, p. 21; 22).<br /><br /> <br /> A mudança da Corte para o Brasil provoca no Rio de Janeiro um imenso impacto cultural, social e econômico, entretanto, de imediato, a preocupação era como e onde hospedar os recém-chegados de Portugal? O caos foi instalado, os despejos dentro da “legalidade” autoritária do Decreto da Corte PR (Príncipe Regente, ou popularmente conhecido como “ponha-se na rua,”) davam o direito de desapropriar as pessoas de suas casas para acomodar elementos da Corte. <br /> O Rei e seu staff foram instalados no Palácio São Cristóvão, propriedade doada a D. João VI pelo próspero comerciante português Elias Antônio Lopes que trabalhava com o comércio de carne humana, traficando africanos para serem escravos no Brasil. E por esse interesse econômico, político e pela permanência do sistema escravocrata, cedeu ao rei de Portugal sua belíssima casa de campo, que havia acabado de construir com vista para as montanhas e para o mar. <br /> O Rei e seu staff foram instalados no Palácio São Cristóvão, propriedade doada a D. João VI pelo próspero comerciante português Elias Antônio Lopes que trabalhava com o comércio de carne humana, traficando africanos para serem escravos no Brasil. E por esse interesse econômico, político e pela permanência do sistema escravocrata, cedeu ao rei de Portugal sua belíssima casa de campo, que havia acabado de construir com vista para as montanhas e para o mar. <br /> A cidade cresceu, urbanizou-se e foi embelezada. Por meio de seu Intendente (prefeito), e a pedido da Inglaterra, D. João VI proíbe em 1º de julho de 1809, as rótulas ou gelosias que deveriam ser substituídas por grades de ferro e vidro. Prédios foram demolidos para dar lugar a vias de acesso e à infraestrutura pública básica: <br /><br />Na verdade, a vida cultural do Rio foi transformada por essa grande influência de servidores civis bem pagos e com os gostos refinados de um grande centro europeu. Por importante que tenha sido o aumento das exigências de consumo, os efeitos de mudança foram do ponto de vista econômico, muito mais amplos (HALLEWELL, 2005, p. 107).<br /> <br /> Com a chegada da Família Real, o Rio assume a feição da aristocracia portuguesa, adquirindo hábitos novos. Cria o Jardim Botânico em 1808, com o objetivo de aclimatar as espécies vindas da Ásia e cria um herbário à disposição das necessidades medicinais da nobreza, que só foi aberto ao público em 1822.<br /> Revoga a proibição da produção de manufaturas no Brasil, bem como a Inglaterra passou a gozar de exclusividade sobre o comércio brasileiro, já que era a maior nação industrial e naval em condições de competir com a França na disputa pela supremacia do comércio brasileiro.<br /> Cria o Desembargo do Paço e a Mesa da Consciência e Ordens que deram origem ao Supremo Tribunal de Justiça, à Casa da Suplicação do Brasil e à Intendência Geral da Polícia, com o início do aparato burocratico de repressão, bem como a Impressão Régia como forma de controle ideológico do que pode ser publicado. O Estado mostra seus “aparelhos” repressivos para tentar manter o controle ideológico de autoridade do império sobre a colônia. <br /> Cria a Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação, com o obetivo de que as forças produtivas desenvolvessem bases nacionais próprias. Para isso, estrutura as relações econômicas e comerciais com a instalação do Banco do Brasil, como forma de estimular o crédito para que fosse garantido um suporte de capital para a economia.<br /> Realiza a assinatura dos tratados comerciais com a Grã-Bretanha e demais países colocando o Brasil como Reino Unido a Portugal e a Algarve. Usa a prerrogativa de sempre favorecer o comércio com a Inglaterra, seja pela compra de produtos ou pelo benefício de taxas preferenciais. Na verdade, D. João VI dá ao Brasil condições objetivas para um desenvolvimento econômico com exclusividade para a Inglaterra. Segundo o historiador inglês Laurence Hallewell, em sua tese de doutorado:<br /><br />Na verdade, a vida cultural do Rio foi transformada por essa grande afluência de servidores civis bem pagos e com os gostos refinados de um grande centro europeu. Por importante que tenha sido o aumento das exigências de consumo, os efeitos de mudança foram, do ponto de vista econômico, muito mais amplos. Doravante, todos os impostos e outras riquezas destinadas ao governo, que, antes, eram enviados a Lisboa, permaneceriam no Rio de Janeiro e iriam beneficiar a cidade (HALLEWELL, 2005, p. 107). <br /><br /> Nesse ambiente de autoridade monárquica única existente no Novo Mundo, o Brasil revela-se ao mundo como nação administrada diretamente pelo Rei de Portugal, que transferiu todos os interesses lusitanos para o Brasil e que responde ao mundo como uma nação rica e próspera. Sua “nova” identidade no cenário internacional atrai um fluxo de refugiados aristrocatas provenientes da monarquia espanhola dos países sul-americanos que fervilhavam com as revolucões republicanas.<br /> O Brasil torna-se uma nação cosmopolita, em que mercadores e grandes comerciantes vêm instalar negócios no setor de serviços, pequena manufatura e agricultura. Como também viajantes, negociantes, cientistas e turistas aventureiros visitam o país que já é mencionado por escritores, botânicos e pelas academias de ciências inglesa e francesa.<br /> O Brasil torna-se polo de atração para aventureiros, visitantes e para a pequena elite de turistas capazes de empreitar grandes recursos financeiros para os deslocamentos de lazer, estudos ou de simples aventura. Os primeiros estabelecimentos hoteleiros nasceram como hospedarias, “casas de pasto” e, em seguida, hotéis administrados por franceses e italianos que foram destaque a partir de 1816. No século XIX começa a aparecer, em livros e jornais, referências ao Brasil, produzidos no país e no exterior, que têm por objetivo divulgar e promover a primeira e maior Monarquia existente no Novo Mundo. <br /><br /><br />Informações sobre o “Brazil Império” contidas no Guia Internacional da Europa<br /><br />GUIA INTERNACIONAL<br />da Europa<br />no Brazil e ao Rio da Prata<br />contendo utilíssimas informações para os viajantes, muitíssimas vistas, mappas e planos. (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 205)<br /><br /><br /><br /> O “Guia Internacional da Europa no Brazil” contém itens gerais de informações presentes como em qualquer outro guia de orientação turística direcionado ao visitante, porém o interessante é observar o discurso imperial utilizado para apresentar o Brasil ao mundo. Por isso, trabalharemos alguns itens, contextualizando a informação expressa no guia e procurando entender o significado do discurso daquele período histórico.<br /><br />1 - Posição: situa o território brasileiro em seu eixo de latitude e longitude, fazendo a seguinte observação:<br />O Imperio (sic) do Brazil, a única monarchia do Novo Mundo, está situado na parte oriental da America do Sul: se estende de 5° 10`latitude Norte ao 33°46`10’’ latitude Sul e de 8°21`24’’ longitude Este ao 32° longitude Oeste do meridiano do Rio de Janeiro (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 207). <br /><br /> Um império europeu cravado no Novo Mundo, certa feita meramente uma utopia imaginada, por algum como refúgio para os conflitos e intrigas da Corte européia do século XVI: “Ressurgia sempre que a independência do país [Portugal] estava ameaçada pelos vizinhos e tinha uma forte razão geopolítica (GOMES, 2007, p. 45). Isso se torna real no ano de 1808, com a vinda da Família Real de Portugal ao Brasil, quando não somente promovia o princípio do comércio oceânico abrindo os portos às nações amigas, como também colocava o Brasil como a única monarquia do Novo Mundo, com certo poder econômico e político. Segundo o economista Carlos Lessa:<br /><br />O Rio foi o umbral aberto ao exterior. Como capital, foi o espaço mais cosmopolita do país: pelo Rio o Brasil articulou-se com as demais sociedades. Foi a cidade preferida pelo estrangeiro para fixar-se e tendeu a ser a porta de recepção e incorporação dos visitantes. Posteriormente foi ponto de atração dos migrantes internos. Lugar onde a nossa sociedade processou seu diálogo interno e sintetizou a polifonia nacional, o Rio assimilou idéias de fora e de dentro e sinalizou inovações comportamentais para todo o país (LESSA, 2001, p. 67).<br /><br /><br /> Na verdade, num primeiro momento, o Brasil foi tratado pela metrópole como polo de extração de produtos naturais, com a comercialização de artigos da fauna e da flora, como temos o pau-brasil, ouro, prata, diamante, tabaco e o próprio comércio de escravos. A produção de açúcar associa-se à intenção de iniciar o processo de colonização, implantando engenhos no litoral nordestino, com mercado garantido na Europa e produto super valorizado nas transações comerciais.<br /> A partir de 1840, o café torna o porto do Rio de Janeiro detentor da hegemonia das exportações brasileiras, com um volume de mercadorias que demonstra uma evolução nas relações de produção e na força de trabalho com o ingresso de mão-de-obra emigrante e o seu convívio com a escravidão, como menciona a historiadora Emilia Viotti da Costa:<br /><br />Um estudo da escravidão brasileira do século XVI até o século XIX tornará possível a análise, primeiro, de como funcionou o sistema numa tradicional sociedade “aristocrática” e mais tarde num moderno mundo “burguês”; segundo, de como tal sistema foi justificado num mundo religioso governado pela Providência e mais tarde num secular governado pelos homens; terceiro, de como a escravidão se tornou uma parte vital do sistema colonial num mundo mercantil, pré-capitalista, pré-tecnológico, e como ela foi destruída num mundo em que o capitalismo industrial e a revolução tecnológica gradualmente solaparam as relações tradicionais. Em suma, um estudo da escravidão do período colonial até o período moderno permitir-nos-á perceber as conexões essenciais entre capitalismo e escravidão. (COSTA, 1977, p. 216)<br /><br /> Esse processo de convivência com dois tipos de força de trabalho refletirá a contradição reacionária e inconclusa que o sistema econômico e político passava, de um lado, a escravidão, e de outro, a pressão do capitalismo e sua volúpia pela acumulação de capital. Sem se completar em sua autonomia econômica e política como colônia e também incapaz de ultrapassar o entrave nas relações de produção para assumir as relações capitalistas, faz uma conexão entre capitalismo e regime escravista. Ocorria assim, pressão da Inglaterra junto a Portugal para que o Brasil extinguisse o trabalho escravo, pois necessitava de novos mercados para vender seus produtos. <br /> Na trilha desse processo o mundo conhece a sociedade brasileira. A respeito desse momento o historiador Amado Luiz Cervo relata:<br /><br />Nas duas últimas décadas do Império, quando as relações internacionais se ampliavam sob efeito da expansão colonial européia e dos primórdios do novo imperialismo, D. Pedro II investiu seu prestígio pessoal, muito elevado tanto na Europa quanto na América, com a finalidade de resguardar o interesse brasileiro no exterior. Usou, para tanto, de seus intensos e permanentes contatos com instituições científicas, cientistas e membros das famílias reais européias (CERVO, 1992, p. 122).<br /> <br /> O Brasil imperial tinha prestígio entre as monarquias em razão do papel desempenhado pela casa de Bragança no mundo das artes, das ciências e da política, como também pelo empenho pessoal de D. Pedro II, pois “[...] estabeleceu contatos de alto nível com governos e instituições dos Estados Unidos, de quase todos os países europeus, incluindo a Rússia dos Czares, o Império Otomano, a Grécia, a terra Santa e o Egito” (CERVO, 1992, p. 122).<br /> Muito mais que uma potência que ainda fazia uso do braço escravo e de estimular uma emigração enganosa sobre as condições de trabalho aqui existentes, o Brasil Império era conhecido pelo contato com a intelectualidade da época e pelo prestígio que o mesmo possuía entre os monarcas. <br /><br />2 – Superfície: dimensiona o tamanho do território nacional perante o mundo:<br /><br />A superfície do Brazil que corresponde a um decimo (sic) quinto da superfície terrestre, a um quinto da do Novo Mundo e a mais dos três septimos da America Meridional, é considerada como tendo 8.337.218 kilometros quadrados (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 207).<br /><br /><br /><br /> A criação de uma monarquia no Novo Mundo foi uma decisão política e econômica, com objetivo de salvaguardar os interesses do Estado português, mesmo que decorrente de um processo de fuga da Coroa portuguesa das garras de Napoleão III. Tal fato consagra indiretamente o trabalho genocida de escravidão indígena, bem como a busca de ouro e de pedras preciosas e a conquista e a expansão do território brasileiro realizada pelos Bandeirantes no século XVII.<br /> Desde a colonização, o processo de desbravar o território e a necessidade de mão-de-obra escrava era a tônica das políticas da Coroa portuguesa, pois a disputa com a Espanha por fronteiras exigia acordos políticos que chegaram a dividir o Brasil pelo tratado de Tordesilhas. Tratado que, na verdade, reflete o interesse imperialista de duas grandes nações, por isso o Brasil surge para o Velho Mundo como a grande potência econômica e política, cobiçada por suas riquezas minerais e naturais.<br /> A lógica de comparar o Brasil por meio de números qualifica-o pela dimensão continental que a Coroa portuguesa desejava mostrar ao mundo, categorizando-o como uma potência de forma ufanista. Encontramos expresso no livro publicado pelo historiador, jornalista, bacharel em Direito e Ministro da Fazenda e professor Afonso Celso que: <br /><br />O Brasil é um dos mais vastos países do globo, o mais vasto da raça latina, o mais vasto do Novo Mundo, à exceção dos Estados Unidos.<br />É pouco menor que toda a Europa.<br />Rivaliza em tamanho com o conjunto dos outros países da América Meridional. Representa uma décima quinta parte do orbe terráqueo. Só a Rússia, a China e os Estados Unidos o excedem em extensão. É quatorze vezes maior do que a França, cerca de trezentas vezes maior do que a Bélgica. <br />A sua circunscrição territorial menos dilatada, Sergipe, sobreleva a Holanda, a Dinamarca, a Suíça, o Haiti e Salvador. Cada um dos municípios em que se subdivide a mais ampla, Amazonas, equivale a Estados, como Portugal, Bulgária e Grécia.<br />Pará, Goiás, Mato Grosso ultrapassam qualquer nação européia, salvante a Rússia.<br />O Brasil é um mundo (CELSO, 2002, p. 5).<br /> <br /> É possível entender o Brasil como potência em razão do domínio de Portugal que, na luta para se manter na liderança, aumenta seus domínios no mundo, e o Brasil surge como possível e única saída para que a Coroa portuguesa não perdesse sua autonomia política para as mãos de Napoleão III. O Brasil, continente e possuidor de riquezas minerais e naturais inesgotáveis, seria capaz de manter a grandeza do Estado português.<br /><br />3 – Limites: as fronteiras determinam o limite geopolítico do Brasil: <br /><br />O Brazil confina com todos os paizes da America Meridional, menos com o Chile. É limitado ao Norte pelas Guyannas Franceza, Hollandeza e Ingleza e pelas Republicas de Venezuela e da Nova Grenada. A Oeste, pelo Peru, a Bolívia, o Paraguay e a Confederação Argentina, Ao Sul, pela Republica Oriental do Uruguay, e a Leste pelo Oceano Atlântico<br />(GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 207).<br /><br /><br />4 – População: podemos perceber que o guia destaca um total de 13 milhões de habitantes enfatiza um milhão de indígenas como não-civilizados:<br /><br />A população é de 13 milhões d`habitantes comprehendendo (sic) um milhão de indígenas que habitam as florestas e que ainda não estão civilizados; encontram-se principalmente nas altas regiões de Amazonas e de seus afluentes (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 207).<br /><br /><br />5 – Divisões das províncias: número de Estados e população étnica:<br /><br />O império do Brazil divide-se em 20 provincias e um Município ou Municipalidade (Município neutro ou Município da Corte) immediatamente subordinado ao Poder legislativo e ao Governo.<br />[...]<br />Quanto à nacionalidade, a população estrangeira compõe-se de 400.000 habitantes: 140.000 Portuguezes, 56.000 Allemães, 45.000 Italianos; 45.000 Africanos, 4.000 Franceses (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 207)<br /><br /><br />6 – Histórico:<br /><br />Quando os Francezes invadiram Portugal, em 1808, a família real refugiou-se no Brazil e esse acontecimento muito modificou a administração desse paiz.<br />Aboliram-se as restricções commerciaes; abriram-se os portos aos navios de todas as nações amigas (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 213).<br /><br /> <br />7 – Governo: <br /><br />O Império do Brazil é governado por uma monarchia constituicional e hereditaria (sic); a lei Sálica: não existe ali, e as mulheres também podem reinar.<br />A lei fundamental de 25 de março de 1824 modificada pelos actos addicionaes de 12 de Agosto de 1834 e de 12 de Maio de 1840 estabelece quatro poderes: Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 215).<br /><br /><br />8 – Poder moderador: <br /><br />O poder moderador que consiste principalmente em dissolver a Camara e a rejeitar certas medidas legislativas pertence ao Soberano. <br />A´testa de cada província está um Presidente nomeado pelo Poder Executivo.<br />É´eleitor todo cidadão brasileiro que possa provar que tem um rendimento ou emolumentos superiores a 250.000 reis por anno (625 fr.) e que tem habitado a localidade pelo menos dous annos (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 217).<br /><br /><br /><br />9 – Família Imperial:<br /><br />A família imperial do Brazil é notável pela simplicidade dos costumes, a facilidade de seu acesso e suas virtudes particulares (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 219).<br /><br /><br />10 – Escravidão: <br /><br />Até o anno de 1888, era o Brazil o único paiz do continente americano em que a escravatura, esse legado funesto deixado pelo regime colonial, existia legalmente.<br />Entretanto a 28 setembro de 1871 foi promulgada uma lei em favor da emancipação gradual dos escravos; essa lei dizia que desde então os filhos de mulher escrava seriam considerados livres, se bem que obrigados a servir os senhores das mais até á idade de 21 annos, debaixo de nome de apprendizes, A mesma lei emancipou 1600 escravos pertencentes ao governo.<br />Em 1886, as Camaras votaram a libertação dos escravos maiores de 60 annos (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 219).<br /><br /><br />11 – Imigração:<br /><br />A abolição da escravidão veiu pôr na ordem do dia a questão da immigração. Na verdade, a súbita transição d’este estado de servidão para o de liberdade que os pretos nunca tinham gozado, vai com certeza perturbar o paiz até um certo ponto. Esses seres a pela maior parte, estavam empregados nos trabalhos agrícolas e estando agora livres, os antigos senhores não poderão mais contar com seus serviços senão eventualmente; do que resultará que os proprietários serão obrigados a recorrer aos braços estrangeiros (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 221).<br /><br /><br /><br /><br />12 – Clima:<br /><br />Existem no Brasil dous climas bem distinctos: A zona intertropical é quente e humida no tempo das chuvas, temperada e secca fóra d´essa estação.<br />A temperatura media é de 26° centigrados do Rio de Janeiro ao Amazonas. Da capital do Império até a extremidade meridional o calor diminue muito e o clima torna-se agradável e fresco, principalmente nas montanhas; por toda a parte é elle muito saudável, ainda que humido (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 223).<br /><br /><br />13 – Lavoura: <br /><br />As costas comprehendidas entre a Bahia e Santa-Catharina, exceptuando a província do Espírito-Santo, são consagradas à cultura do café, e encontram-se nas províncias limitrophes do Rio de Janeiro importantes plantações de arroz; em todas essas províncias notam-se grandes Fazendas cobertas de cannaviaes. As regiões onde a lavoura está menos desenvolvida produzem muito gado que se criam por tropas.<br />A região composta das grandes províncias de Rio Grande do Sul, Paraná e Santa-Caharina é muito fértil em cereaes.<br />Os districtos mais próximos do Equador sobresahem pelas producções espontâneas das florestas: cortiça, gommas, resinas, substancias textis, etc. Em quase toda parte se cultivam algodão e o fumo. Existem ao norte do Rio de Janeiro immensas plantações de cação e mandioca.<br />A metade do café que se consome no mundo provem do Brazil (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 223 e 225).<br /><br /><br />14 – Indústria:<br /><br />A industria consiste em refinar assucar, principalmente nas províncias da Bahia e Pernambuco; em confeccionar tecidos de algodão, em serraria de madeira em distillar rhum e uma espécie de aguardente que chamam Cachaça, a fabricar cerveja; e preparar fumo e fabricar charutos a tecer alguns estofos de seda; em fabricar chapeos, calçados, trastes de madeira do paiz; papel ordinario; a fundir ferro e a fabricar alguns instrumentos aratorios (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 225).<br /><br /><br /><br /><br /><br />15 – Exportação e importação:<br /><br /><br />A exportação se eleva a 500 milhões de francos por anno e a importação em 400 milhões.<br />Os principais artigos que o Brazil exporta são: Café (300 milhões de francos), algodão (50 milhões); assucar (40); pelles (35); gomma (30), fumo (12); diamantes (13); cacao (1).<br />A importação consiste em objetos manufacturados, vinhos, farinha de trigo, carvão, roupas, petróleo, ferro, etc. (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 225).<br /><br /><br />16 – Religião:<br /><br />A religião do estado é a catholica, apostólica romana (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 225)<br /><br /> <br /><br />17 – Instrução:<br /><br />A instrucção vai se espalhando cada vez mais. Alem de muitos estabelecimentos gratuitos devemos citar: o collegio Imperial, a escola polytechinica, o Instituto commercial, a Academia Imperial das Bellas-Artes, a Academia Imperial de medicina, o conservatório de musica, a escola de minas, a instituição dos cegos e dos surdos-mudos e só no Rio de Janeiro mais de cem sociedades sabias. Existem no Brazil duas faculdades de direito, uma em S. Paulo e outra em Pernambuco (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 225).<br /><br /><br /><br />18 – Moeda: <br /><br />Conta-se por Reis e o cambio sobre a Europa que varia todos os dias segundo fluctuações commerciaes ou políticas estabelece por consequencia de dia em dia, a real traducção de reis em francos ou em schellings. Todavia pode-se tomar por base mais ou menos certa que 1.000 reis equivalem a 2fr. 50, por consequinte: moeda de 20 francos, 8.000 reis, libra esterlina 10.000 reis. As moedas do Brazil são de cobre, nickel, prata e ouro. As de cobre são: moeda de 20 reis ou vintém, moeda de 40 reis (em francos, 0.05 e 0.10 centimos).<br />As moedas de nickel são: de 50 reis, 100 reis ou tostão e 200 reis (0. 20, 0.25, 0.50 centimos). As moedas de prata são de: 200 reis, 500 reis, 1.000 reis e 2.000 reis (0.050, 1.25, 2.50 e 5 francos). As moedas de ouro são de: 5.000 reis, 10.000 reis e 20.000 reis ( 12.50, 25 et 50 fr ).<br />A circulação, porem, do ouro e da prata não existe no Brasil está substituída pelo papel moeda do Thezouro e do Banco do Brazil (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 227).<br /><br /><br />19 – Pesos e medidas:<br /><br />O sistema métrico, obrigatorio em virtude da lei de 26 de junho de 1862, está em vigor real desde 1 de Janeiro de 1874 (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 227).<br /><br /><br /><br /><br /><br />20 – Serviço militar: <br /><br />Serviço militar. Se bem que votada a 27 de fevereiro de 1875, a lei estabelecendo a obrigação do serviço militar nunca foi executada. Recrutam-se os soldados por assentamento de praça e a maior parte do exercito é composto de naturaes do paiz (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 227).<br /><br />21 – Marinha: <br /><br />Existem no Brazil 5 arsenais de guerra, nas províncias de Pernambuco, Pará, Rio grande do Sul, Matto Grosso e Rio de Janeiro.<br />Quanto á esquadra compõe-se ella de 49 vasos de guerra, a vapor: Coiraçados, canhoneiras, torpilheiras. O effectivo da marinhagem é de 3780 homens. (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 229).<br /><br /><br />22 – Comunicações:<br /><br />Estão actualmente em exploração 52 linhas de estradas de ferro que percorrem 8.300 kilometros. De mais acham-se em estudo ou em construcção mais 1.670 Kilometros.<br />A estrada de ferro de Leopoldina que corre na província de Minas Geraes é a mais comprida: 800 kilometros de via férrea estão em serviço e em estudo 245 kilometros.<br /> Depois d´esta estrada, a mais importante é a de D. Pedro II que pertence ao Estado e que serve as províncias do Rio de Janeiro, S. Paulo e Minas Geraes; o seu cumprimento é de 682 kilometros, e mais 103 kilom. em construcção.<br />A primeira via férrea que se construiu no Brazil foi a de Mauá, na raiz da Serra dos Órgãos, na estrada que vai a Petrópolis, a 20 Kilometros do Rio de Janeiro. Foi aberta à circulação a 30 de abril de 1854 (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 229).<br /><br /> <br />23 – Riquezas Minerais:<br /><br />O Brazil possue immensas riquezas mineraes: diamantes, saphiras, esmeraldas, rubins, topázios, verdamares, ouro, patra, cobre, estanho, chumbo, ferro e muitos outros metaes. O diamante se encontra em quase todas as provincias do Império, mas o principal logar onde se explora é na província de Minas Geraes entre 17° e 9° latitude Sul. As mais celebres minas de diamante são as da Serra do Frio. <br />As outras pedras preciosas encontram-se também n´esta província, como também as mais ricas minas de ouro perto de Ouro Preto.<br />O nitro, o alumen, o sulfato de magnésia o sulfato de soda se acham em abundancia em quase todas as províncias (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 233).<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />24 – Riquezas vegetais: <br /><br />O immenso território do interior é quase todo coberto de mattas virgens que encerram quantidades inesgotaveis de madeira execellentes para carpintaria, marcenaria e trabalhos de arte.<br />Apenas mencionaremos das inúmeras arvores que habitam o Brasil: o Jacarandá, o Pao Brasil, o Pao d´Arco, o Pao Ferro e muitas outras de grande valor tanto pela madeira que fornecem, como também por seus fructos, óleos e resinas... Por toda parte abundam as fructas tropicaes cuja nomenclatura seria longa (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 233).<br /><br /><br />25 – Animais domésticos e indígenas:<br /><br /><br /> Os animaes domésticos da Europa estão há já muito tempo domesticados no Brazil onde se criam sem difficuldades o cavallo, o burro, principalmente a besta, o carneiro, o porco e o cão.<br />Os animaes corrniferos pastam em grandes tropas em estado selvagem nas grandes planícies do interior.<br />Os principaes animaes indígenas são:<br />A onça, o jaguar, o gato, o tigre, a preguiça, a cotia, o formigueiro; cerca de 60 especies de macacos; 30 especies distinctas de papagaios, perto de 20 variedades de beija-flores. Entre os repteis citaremos; a giboia o sucurajú e grande quantidades de cobras venenosas como sejam a terrível jararaca, a cobra coral e a cobra cascavel.<br />Tres ou quatro espécies de crocodilos tornam perigosas as margens do Amazonas.<br />As tartarugas são muito apreciadas e são servidas nas melhores mezas. Encontra-se peixe com muita abundancia nos lagos e rios (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 233 e 235).<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />Considerações preliminares<br /><br /><br /> Os vinte e cinco itens apresentados nesse Guia internacional de promoção e divulgação turística do Brasil para a Europa, publicado em Janeiro de 1889, demonstram que o fenômeno do turismo é uma atividade que já despertava interesse por parte do Estado imperial português. Começou a se desenvolver a partir da vinda da Família Real em 1808, que transferiu a Corte portuguesa para a América, criando um fluxo de pessoas que compunha o aparato administrativo e tornando o Brasil um polo de atração seguro para as monarquias e aristocratas que vinham sofrendo processos revolucionários em favor da República.<br /> A mudança da corte portuguesa para o Brasil trouxe consigo também:<br /><br />[...] administradores e colonos de outras partes do Império português, notadamente Angola e Moçambique, [...]. De seu lado, setores mais comprometidos da monarquia espanhola saem dos países sul-americanos tomados por revoluções republicanas e mudam-se para o Rio de Janeiro, único refúgio da legalidade monárquica no Novo Mundo (ALENCASTRO, 1997: 13).<br /><br /><br /> Esse processo acelerou um movimento constante e considerável de indivíduos ao Brasil que necessitavam de hospedagem, alimentação, transporte e uma gama de serviços diretamente vinculados ao visitante que ficavam encantados com a beleza da natureza que circundava o Rio de Janeiro. Por isso, surge toda uma infraestrutura turística à disposição do visitante como o Antigo Hotel Jourdain, localizado na Tijuca, de propriedade do francês A. Bocage, fundado em 1828 e que oferecia excursões para:<br /><br />Bains de natatin et de cascade. CHEVAUX à toute heure pour excursions. Service Spécial pour I´hôtel tous les jours 5 heures du matin du Largo de S. Francisco de Paula (station des tramways jusqu´à la porte de L´hôtel. Table d´hôte: déjeuner de 9 heures à 10; diner de 5 heures á 6.<br />EXCURSIONS A FAIRE AUX ENVIRIRONS DE L´HOTEL<br />Boa-Vista Chineza, Vista dos Reis, Excelsior, Floresta Imperial, Pic-de-la-Tijuca, Pic du Papagaio, Petite et Grande Cascade, Pedra Bonita, Barre de la Tijuca, les Grottes, etc.<br /> (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 311).<br /> <br /> Na verdade, o hotel Bocage (antigo Jourdain), com refinada decoração francesa e excelente quartos, estava localizado no fundo de um vale, na Tijuca, local agradável para piqueniques, apoiada por uma infraestrutura de serviços oferecida pelo hotel, como confirma o Guia:<br /><br />Do hotel Bocage, ponto central de todas as excursões que se tenha a fazer na Tijuca, pode-se, em poucas horas, visitar a Floresta Imperial ou o ponto de vista Excelsior ou a grande e a pequena cascata ou então a Vista Chineza tres pontos de onde se tem uma admirável vista e que não devem passar desappercebidos (sic) aos viajantes que passam pelo Rio de Janeiro (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 312).<br /> <br /> Como promoção turística, o Guia caracterizava-se como uma atividade diretamente atrelada à promoção e à divulgação do Estado Imperial por meio do Rio de Janeiro, destacando o Brasil como a única monarquia existente no Novo Mundo, bem como seu imenso território continental, que compõe fronteira com toda a América Latina menos com o Chile, com uma população de 13 milhões de habitantes, cujo destaque era população indígena como não-civilizada, pois o exótico e as lendas tomavam conta da leitura eurocentrista feita pelos estrangeiros que descreviam o Brasil.<br /> Em conformidade com o Guia o Brasil dividia-se em 20 províncias registrando que além dos brasileiros e escravos, possuia uma população de estrangeiros de 400.000 pessoas, sendo 140.000 portugueses, 56.000 alemães, 45.000 italianos, 45.000 africanos e 4.000 franceses.<br /> Novamente o exótico e o lendário compõem um pouco da história brasileira que alimenta o imaginário do estrangeiro que passa a idéia de que o descobrimento do Brasil se deve às correntezas, como se não houvesse nenhum interesse geopolítico por parte do Estado português. O interesse comercial era por grandes carregamentos de pau-brasil, madeira de tintura que deu nome ao Brasil, aliado aos indígenas selvagens, os Tupis e Guaranis que viviam em guerra constante, praticantes da antropofagia.<br /> Com referência às lembranças que podiam ser compradas no comércio pelos visitantes como artesanato, produtos alimentícios entre frutas e animais selvagens, uma diversidade grande de ervas medicinal e para tempero, o Guia confirma:<br /><br />Os amadores de fructas e de animaes exoticos encontram no mercado da Bahia um sortimento completo de perequitos, papagaios de côres vivas e macacos de toda sorte. Acham-se em quantidades, laranjas, ananazes, bananas e mangas. Na Bahia fabricam-se charutos de grande nomeada. Também se encontram ali leques e flores de pennas, pelles de cobras e muitas outras curiosidades do Brazil (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p. 265 e 267).<br /> <br /> O Guia menciona o fotógrafo carioca Marc Ferrez que abriu seu próprio estabelecimento fotográfico, Casa Marc Ferrez & Cia, situada à Rua São José, 88, Rio de Janeiro, em 1864. Quando se refere a lembranças encontradas para vender ao turista, são indicadas suas fotos:<br /><br />Como lembrança do Rio de janeiro, encontram-se em casa de Sñr Marc Ferres (sic), á rua de S. José, n. 88 perto do largo da Carioca, uma bonita e variada collecção de vistas photographicas da cidade, da bahia e dos arrabaldes.<br />Em muitas lojas da rua do Ouvidor encontram-se bonitas flores de pennas, escaravelhos e borboletas mui curiosas (GUIA INTERNACIONAL, 1889, p.309).<br /><br /><br /><br />Encontro de uma historiografia nacional<br /><br /><br /> Para entendermos o processo histórico do qual fomos constituídos em seres que dialeticamente explicitam formas moventes e movidos em seu processo ontológico, necessitamos conhecer o passado ou a contemporaneidade de “homens históricos reais”. Com isso, queremos reafirmar que a história só é verdadeira quando se revela como produto da luta de classes, portanto qualquer existência humana possui história. Entretanto, pode ocorrer que essa história esteja encoberta por uma história alienígena.<br /> Como ocorreu com a história do turismo brasileiro, reforçando ainda mais a natureza elitista dessa prática que despreza o autóctone em decorrência de o eurocentrismo dominar os pensamentos da elite, que só se sente elite a partir do momento em que incorpora os valores europeus para explicar a realidade nacional. Em conformidade com essas idéias, afirma a historiadora Dea Ribeiro Fenelon:<br /><br />O caráter oficial dos fatos, (nos livros didáticos) o sentido elitista do processo histórico, com o acento sobre a importância da liderança e a insignificância do povo, a total ausência do espírito crítico, a conformação incontestável ao processo histórico dos vencedores, ensina uma história conformista, compromissória, privilegiada, anti-reformista, e conservadora (FENELON, 1974: 5). <br /><br /><br /> É nesse contexto que grande parte do estudo acadêmico referente ao turismo se apresenta no Brasil; com pressupostos, e até axiomas duvidosos injetados para interpretar e construir uma historiografia do turismo. Obviamente destacamos aqui as pesquisas resultantes de um levantamento de coleta de dados que passam por uma interpretação científica muito comum em nossa área e realizados com muita seriedade acadêmica. <br /> Nossa intenção é alertar que a história do turismo nacional acaba sendo difícil de ser pesquisada, que está encoberta por falsas interpretações, seguindo uma historiografia eurocentrista que dá o tom para as finalizações históricas nacionais, ocasionando consequências ao campo da memória histórica e a perda da identidade de uma sociedade. Por isso, entendemos que o incentivo a pesquisas no campo das Ciências Sociais deve ser a preocupação de todo curso de turismo e centro de pesquisa, independente da ênfase do curso.<br /> As pesquisas demonstram que a o Brasil tem uma história turística que necessita ser recuperada, como podemos perceber por esse estudo que realizamos sobre o “Guia Internacional da Europa ao Brazil”. Alguns dados aparecem como resultado da pesquisa, revelando uma inesgotabilidade de fatos que deverão nortear novas investigações teóricas, tais como:<br />1. O Brasil possui uma história produzida por visitantes estrangeiros que viveram no território nacional entre o século XVI ao XIX, que sinalizam aspectos voltados à hospitalidade;<br />2. Anterior à vinda da Família Real ao Brasil, existe uma infraestrutura voltada à hospitalidade e ao turismo;<br />3. O Estado Imperial estimulou a criação de pontos turísticos no Rio de Janeiro;<br />4. As casas de pasto, as estalagem, as casas vagas são formas de hospedagem que se constituíram no Brasil desde o século XVI. É interessante destacar a existência das “casas vagas” nos povoados para atender aos viajantes. Na verdade, poderíamos afirmar que havia uma rede de casas vazias, sem qualquer serviço à disposição do visitante, lembrando um rancho coberto. <br /><br /> Esses são alguns dos assuntos que podem ajudar a reconstituir a historiografia sobre a hospitalidade e sobre o turismo brasileiro, acabando com o mito de que a história nacional é pobre nesse campo, sendo necessário, portanto aos parâmetros de nossa história, adotar os referenciais estrangeiros. Na verdade, há uma adoção dos parâmetros teóricos impostos por uma historiografia européia que tende a ser niveladora e globalizante na explicação do desenvolvimento da humanidade.<br /><br /><br /><br /><br /><br />BIBLIOGRAFIA<br /><br />ALENCASTRO, Luiz Felipe de Alencastro. Vida privada e ordem privada no Império. In: História da vida privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. <br /><br />IANNI, Octavio. Sociologia da Sociologia Latino-Americana. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976.<br /><br />CELSO, Afonso. Porque me ufano do meu país. Edições em pdf e eBooksBrasil.org. 2002. WWW.ebooksbrasil.org/eLibris/ufano.html<br /><br />CERVO, Amado Luiz. A conquista e o exercício da soberania (1822-1889). In: História da política exterior do Brasil. São Paulo: Ática, 1992.<br /><br />COSTA, Emília Viotti. Da Monarquia à República momentos decisivos. São Paulo: Grijalbo, 1977.<br /><br />CHAGAS, Carlos. O Brasil sem retoque: 1808-1964: A História contada por jornais e jornalistas. Rio de Janeiro: Record, 2001.<br /><br />GOMES, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil, 2007.<br /><br />Guide Internacional D´Europe au Brésil & a La Plata contenant les Renseignement les plus utiles pour les voyageurs orne de vues, cartes et plans. Publié par A. Loiseau-Bourcier – Paris, rue de Lancry, 47 - Janvier 1889.<br /><br />FENELON, Dea Ribeiro. 50 textos de história do Brasil. São Paulo: Hucitec, 1974.<br />HALLEWELL, Laurence. O livro no Brasil: sua história. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2005.<br /><br />JORGE PIRES, Mário. Raízes do Turismo no Brasil. São Paulo: Editora Manole, 2001.<br />LESSA, Carlos. O Rio de todos os brasis. Rio de Janeiro: Record, 2001.hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-7865354372466925352009-06-24T13:56:00.000-07:002009-06-24T13:57:46.096-07:00JORNALISTA FABRICADO PELO NEOLIBERALISMO: ESTAMPA DO IRRACIONALISMO ECONÔMICOJORNALISTA FABRICADO PELO NEOLIBERALISMO: ESTAMPA DO IRRACIONALISMO ECONÔMICO<br /><br /> João dos Santos Filho<br /><br /> Que desculpem os jornalistas que são contra a obrigatoriedade do diploma profissional, mas vim para somar, com aqueles que entendem ser a regulamentação da profissão de jornalista e a exigência de diploma específico de curso superior de jornalismo instrumentos de fortalecimento sindical. Lutar por uma categoria unida, coesa, mas rica de opiniões diferentes profissionalmente dá credibilidade ao profissional, alimenta e fortalece a liberdade de imprensa contra os interesses de grupos econômicos.<br /> Mas entendo que a discussão vai além do simples embate, entre ser contra ou a favor do diploma de jornalista, o que devemos clarificar é quais os fundamentos teórico-filosóficos que sustenta a idéia irracionalista, que pretende forçar no Brasil por meio da mão do Supremo Tribunal Federal em adotar um processo de desregulamentação de todas as categorias profissionais. <br /> O pressuposto que permite compreender o processo de regulamentação da profissão de jornalista é histórico e produto de lutas pelas liberdades democráticas e de expressão. Localiza-se no interior da luta de classes, espaço no qual estão concentrados os interesses das elites preocupadas em prevenir e até reprimir qualquer projeto político que contribua para ampliação da estabilidade legal da força de trabalho, como é o caso da não obrigatoriedade do diploma para jornalista.<br />O Estado neoliberal atua na defesa inconteste do movimento de desregulamentação em todos os níveis das atividades de trabalho, como também faz uso da ação privativista, que contribui para o aparecimento de posições contrárias à obrigatoriedade do diploma. O neoliberalismo busca incessantemente destruir, limitar ou impor mudanças cada vez mais restritivas aos princípios legais trabalhistas, exigindo a abertura da economia nacional ao capital multinacional, privatizando as empresas de serviços públicos, cortando gastos, terceirizando serviços, demitindo a força de trabalho, eliminando subsídios e impondo a desregulamentação das relações de trabalho, na qual a não exigência do diploma de jornalista é uma delas.<br /> O discurso irracionalista, caracterizado por utilizar como base o idealismo anticientífico, negando a força cognoscitiva da razão e lançando mão do senso comum. A característica deste discurso despolitizante e alienado é negar a importância do coletivo e privilegiar a individualidade como capaz de mudar a sociedade. Se observarmos com atenção, a prioridade teórica dada para o entendimento dessa sociedade baseia-se no desprezo à racionalidade e no apelo de base existencialista que sedimenta o pensamento neopositivista. Para combater qualquer tentativa que fortaleça o profissional jornalista de formação universitária, para isso, apropria-se da construção gramatical balizada no senso comum e no escracho, que tem suas raízes no campo do neopositivismo. Como podemos perceber no comentário infeliz do presidente do Supremo Tribunal Federal ao se referir na defesa da não obrigatoriedade do diploma de jornalista, comenta:<br />Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área. O Poder Público não pode restringir, dessa forma, a liberdade profissional no âmbito da culinária. Disso ninguém tem dúvida, o que não afasta a possibilidade do exercício abusivo e antiético dessa profissão, com riscos eventualmente até a saúde e à vida dos consumidores.<br /><br /><br /> Os neoliberais consideram que os processos reguladores que juridicamente formam o corpo legal do mundo do trabalho são constituídos de instrumentos disciplinadores da força de trabalho e necessitam ser constantemente mudados. Pois devem ser flexibilizados (em favor do Capital) no campo da empregabilidade, pois alegam que as mesmas dificultam que o Capital ganhe agilidade necessária para acelerar o processo de mais-valia. Por isso, entende que toda e qualquer tentativa legal existente devam ser consideradas desnecessárias e ultrapassada para isso utiliza o discurso despolitizante, infantil e re-argumenta sua fala com base na "qualidade total" como resposta imediata assume a postura da ideologia do pragmatismo.<br />A defesa intransigente pela desregulamentação refere-se à implementação de um Estado que se planifique amparado por um conjunto mínimo e restrito de leis que garantam os direitos de submissão entre Capital e trabalho, o que ocasiona o fim dos direitos sociais garantidos no chamado Estado de Bem-Estar. É o fim das garantias trabalhistas, da estabilidade no emprego e dos ganhos de produtividade da representação sindical no interior das fábricas, como bem argumenta o pesquisador José Paulo Netto, ao se referir ao modelo econômico capitalista neoliberal em que as características:<br /><br />[...] que está concentrada a essência do arsenal do neoliberalismo: uma argumentação teórica que restaura o mercado como instância mediadora societal elementar e insuperável e uma proposição política que repõe o Estado mínimo como única alternativa e forma para a democracia (PAULO NETTO, 1993: 77).<br /><br />Os neoliberais argumentam aos brados que outras profissões não são regulamentadas e o profissional está inserido no mercado por sua competência, portanto não há necessidade de nenhuma formatação jurídica (por isso nega a necessidade do diploma), mas, sim, de pessoal qualificado capaz de garantir seu mercado de trabalho.<br />Há ainda os mais obedientes aos ensinamentos do neoliberalismo, aqueles que afirmam que a regulamentação da profissão limitaria o nosso campo de trabalho, deixando de lado atividades que poderão surgir e que necessariamente fugirão a nossa amplitude regulamentada. Conclusão sem nexo lógico e simplesmente força de uma construção gramatical de base no senso comum.<br />Enquanto essas questões vão ocorrendo, as lutas sindicais vão sendo retardadas; os profissionais fortalecem a visão equivocada de que conteúdo pedagógico e política são questões que devem ser tratadas separadamente e fora do âmbito das salas de aula. Essa cultura de separação entre o acadêmico e o político, foi sendo reforçada durante os vinte e cinco anos de Ditadura Militar. Amigos morreram por pensar diferente. Jornalistas foram caçados, exilados, torturados e mortos, pois sempre lutaram pela liberdade de poder aprofundar o senso crítico dos alunos, contra a Ditadura, a opressão e pela eterna liberdade de pensamento.<br />Por isso, jornalista, não se deixe levar pelas falas sedutoras daqueles que se dizem nossos amigos, mas, na verdade, lutam para que o jornalismo não amplie seu mercado de trabalho e não se reconheça como elemento transformador da realidade. Lutam para que nossa categoria não cresça e, sim, desapareça, pois na lógica dessas pessoas todos podem vir a contribuir, não necessitando de nenhum estatuto corporativo. <br /> Diploma não é sinônimo de competência, mas sim de segurança para a sociedade que deve garantir a liberdade de expressão dentro de um código de ética pensado pela categoria diplomada e não pelas empresas jornalísticas. Portanto lutar pelo respeito ao piso salarial, contra a terceirização de nossa função e a pressão ideológica de grupos econômicos é declarar luta ao neoliberalismo, que deseja fabricar o “novo” jornalista informante e não formador de opinião.<br /><br />BIBLIOGRAFIA<br /><br /><br />PAULO NETTO, José. Crise do socialismo e ofensiva neoliberal. São Paulo: Cortez, 1993.hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-6110866061436505902009-06-23T09:32:00.000-07:002009-06-23T09:34:48.353-07:00TURISMO PARA NOSOTROS Y LA REGLA PARA LOS OUTROS: EL PODER DE LA CASA ROSADA NO PALACIO DE LA ALVORADATURISMO PARA NOSOTROS Y LA REGLA PARA LOS OUTROS: EL PODER DE LA CASA ROSADA NO PALACIO DE LA ALVORADA<br /><br /> O numero de turistas argentinos que irão se dirigir principalmente para a região sul do Brasil, segundo as autoridades diplomáticas argentinas será de mais de um milhão e setecentos mil. Dos quais 600 mil em carros particulares, podemos dizer que se trata de uma classe média descapitalizada em seu pais e que as poucas economias que possuem se transformam em pequenas fortunas de Reais quando atravessam a fronteira para o paraíso chamado Brasil.<br /> Segundo o jornal argentino Clarín, até o dia 16 de janeiro haviam sido multados 450 argentinos e 70% por excesso de velocidade. Será que as leis de transito brasileiras são tão rígidas e incapazes de atender à idiossincrasia de nossos hermanos argentinos? Ou quem sabe, nossas estradas são lamentáveis e a fiscalização da polícia rodoviáriamuito rigorosa. Obviamente que nossas leis possuem um nível de universalidade, portanto servem a todos os grupos sociais independente de qualquer condição. Nossas estradas principalmente no sul do país possuem um certo grau de desenvolvimento tecnológico o que pode ser considerado estranho e uma novidade ao mesmo tempo para os argentinos é a tipografia serrana.<br /> Considerar os turistas argentinos péssimos motoristas seria apelar para um censo comum de base interpretativa de juízo moral, muito próprio da animosidade fabricada pelos interesses mesquinhos daqueles que determinaram uma historiografia oficial para saber quem tem mais liderança na América Latina: Brasil ou Argentina.<br /> Obviamente este não será o caminho que escolhemos, porém esse processo( de querer estar na liderança ) está muito presente no cotidiano da vida de ambos os lados, vejamos alguns casos:<br /> Somos rivais no futebol ou são os cartolas daqui e de lá que alimentam essa artificialidade para aumentar as rendas de seus clubes;<br /> Somos produto do neoliberalismo da miséria e disputamos hoje entre nós quem esta se empobrecendo mais rapidamente, pois o Mercosul se constitui no instrumento que protege os grandes monopólios e decreta a morte súbita dos outros;<br /> Somos civis em animosidade nada cega mais que esse nacionalismo fasistoíde que a mídia criou. Entretanto os militares trocam caricias e gentilezas no campo da ajuda mutua, técnicas de tortura, repressão, combate à guerrilha e golpes de Estado, sempre “amigos para sempre”;<br /> Uma coisa se torna mais aterrorizante nesta disputa do melhor é o retorno da visão gobiniana entre Brasil e Argentina, pois nesse espaço aparece a sinalização para o retorno e discussão dos princípios de raça superior e das noções de Estado separatistas. Nesse caso todos ( turistas ) devem ser governados e se sujeitarem as regras de cidadania, principalmente quando em território estrangeiro.<br /> Aconteceu no dia 15 de janeiro um episódio imensamente desagradável que foi transmitido pela televisão: Um senador provincial da republica Argentina senhor Isaac López foi detido na autopista que une Porto Alegre com a cidade de Osório a uma incrível velocidade de 142 km horários, quando a máxima seria de 100kms. Esse fato pode parecer corriqueiro, entretanto as cenas que a televisão mostraram, nos fizeram pensar se estamos preparados para atender a esse turista.<br />Vejamos: ao ser abordado pela polícia rodoviária foi lavrada uma multa por “transitar em rodovias em velocidade acima de 20% da máxima permitida, ou a mais de 50% da máxima permitida em vias publicas.” A penalidade por essa atividade é de 7 pontos na carteira e de 560 Ufir e apreensão do veículo.<br />Porém o cidadão argentino e sua esposa, apelaram ostensivamente para sua posição política, usando do telefone da polícia rodoviária chamaram ao embaixador argentino, que em conversa com a autoridades brasileira que o havia multado, conseguiu a liberação do carro e provavelmente não pagará a multa.<br /> Errou a polícia rodoviária em ceder às pressões da Casa Rosada e as imagens mostraram a senhora do senhor senador aos berros com o policial se negando a admitir a infração que havia cometido. Cena lamentável, será que o Palácio da Alvorada sabe desse comportamento de nossos hermanos turistas argentinos? Com isso, podemos especular que o costume de usar e se valer da influência de padrinhos políticos ou autoridades constituídas para burlar as normas na busca de vantagens não é um costume só do chamado jeitinho brasileiro, mas um cartão de visitas dos argentinos também.hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-40504387972892455692009-06-23T09:29:00.000-07:002009-06-23T09:31:37.511-07:00TURISMO CIÊNCIA OU TÉCNICA?TURISMO CIÊNCIA OU TÉCNICA?<br /><br /> João dos Santos Filho<br /> Joaosantos@nobel.com.br<br /><br /><br /> ... é a sociedade que regula a produção geral e me possibilita fazer hoje uma coisa, amanhã outra, caçar de manhã, pescar à tarde, pastorear à noite, fazer crítica depois da refeição, e tudo isto a meu bel-prazer, sem por isso me tornar exclusivamente caçador, pescador ou crítico. <br />( Marx – A ideologia Alemã, 1976, p.41 )<br /><br /><br /><br />Los hijos no olvidaron los sabios consejos de sus padres. Decidieron un día ir a visitar en el oriente el lugar de dónde habían venido. Tres fueron los que hicieron el viaje: Cocaib, Coacutec y Coajau. Se pusieron en camino: pero antes se despidieron de sus hermanos y parientes:<br /> - Volveremos; no moriremos.<br /> Seguramente pasaron sobre el mar antes de llegar donde el señor Nacxit, monarca del oriente. Nacxit los recibió y les dió las insignias del poder y de la majestad. De allá vienen los insignias del Ahpop y del ahpop-Camhá. Les entregaron polvos de diferentes colores, perfumes, flautas, la señal del tigre, del venado, del pájaro, el caracol, plumas de diferentes colores. Todo vino de Tulán, del oriente. ( Popol Vuh – livro dos Mayas – Viajes, migraciones y grandeza, s/d, p.106 e 107.) <br /><br /><br /><br />ESCLARECIMENTOS PRELIMINARES<br /><br /> <br /> O presente trabalho deve ser entendido como um esforço inicial no campo da discussão epistemológica e acadêmica do fenômeno turístico. Nossa pretensão foi retomar as questões relativas a discussão do turismo como ciência, para tanto, entendemos que o mesmo deva ser realizado entre professores, pesquisadores e estudantes. Neste sentido, a Associação Brasileira de Bacharéis de Turismo – ABBTUR, deve encabeçar esses estudos pois às modificações que vem ocorrendo no mundo do trabalho, exigem o resgate de novas reflexões sobre o ócio, lazer, tempo livre e o próprio turismo.<br /> Para realizarmos tal intento, necessitamos ultrapassar as visões imediatistas e tecnicistas que recaem sobre o estudo do turismo e que proliferam no mundo acadêmico. Entendendo o fenômeno do turismo em sua totalidade histórica e considerando o mesmo como resultado da inter-relação entre tempo-livre, ócio e lazer. A relação entre estes conceitos, compõem o fenômeno turístico em suas mais diferentes combinações de sua essencialidade, com esse entendimento o mesmo ganha uma dimensão mais universal e histórica, recuperando sua solidez teórica.<br /> Esses esclarecimentos iniciais, entendem que o turismo deva ser percebido como uma futura ciência que congrega em seu ceio as diversas dimensões do mundo do trabalho, buscando “... obter explanações simultaneamente sistemáticas e controláveis pela evidência fatual.” Compreendendo-o como mais próximo de uma sistematização passível de uma intervenção racional, portanto, com infinito espectro sinalizador no campo da ciência.<br /> Alertamos que o fenômeno turístico em suas várias ramificações teóricas-pedagógicas, deva ser discutido como uma possível ciência, entretanto, isto é algo carregado de preconceito dentro academia e no mercado de trabalho que alimenta uma visão utilitarista. Essa conjuntura vem servir aos interesses alheios, de outras áreas do conhecimento que enxergam o turismo como algo meramente técnico capaz de revigorar por exemplo, outros campos do conhecimento que começam a apresentar desgaste mercadológico.<br /> Hoje o curso de turismo, desponta no cenário educacional como uma das graduações mais promissoras e disputadas nos vestibulares. Com uma mão de obra já formada de 8.000 mil turismologos em aproximadamente 400 cursos (dados de maio de 2000) espalhados pelo Brasil, constituem uma verdadeira massa crítica capaz de pressionar as esferas governamentais para o estudo científico do turismo e a necessidade da regulamentação profissional.<br /> O aparecimento de intelectuais orgânicos nacionais preocupados com o estudo científico do turismo foi produto de esforços individuais e persistentes e teimosia de pesquisadores e estudiosos que ousaram discordar dos curiosos do turismo. Essa rebeldia acabou empurrando-os para dentro da academia e lá produziram de forma autônoma contribuições que nos permitem caminhar sem os escritos dos professores espanhóis. Hoje temos estudiosos e pesquisadores da mesma importância capacitados que escrevem sobre turismo e a realidade brasileira.<br /> Os importantes ensinamentos dos antigos mestres galegos foi um começo necessário que nada sabíamos no campo do turismo, entretanto acabou dificultando a compreensão da realidade brasileira. Mas ao mesmo tempo, permitiu a criação das bases de uma metodologia mais próxima das necessidades nacionais e a constituição de um corpo de professores, pesquisadores pioneiros dos estudos turísticos nacionais e a própria criação e organização sindical dos bacharéis de turismo em grande parte do território nacional.<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />CIÊNCIA E TÉCNICA<br /><br /><br />... Toda a ciência seria supérflua se a forma de manifestação e a essência das coisas coincidissem imediatamente. <br />( Marx - O Capital V.III, T. 2 cap. XLVIII)<br /> <br /> <br />Alguns fundamentos: ( ciência )<br /><br /> A capacidade que o ser humano tem de racionalizar (abstrair) antecipadamente tudo que irá fazer, lhe dá a característica de Homo sapiens, na busca para satisfazer suas necessidades, afastando-o de sua natureza biológica e aproximando-o cada vez mais da esfera social. Essa busca em reproduzir sua existência se explica pelo domínio que o mesmo tem da ação teleológica que o homem desenvolve durante toda a sua existência.<br /> É homem porque pensa, produzindo e reproduzindo sua forma de existência e conseguindo colocar a natureza a seu serviço, para beneficio da humanidade, tudo isso por meio do trabalho elemento explicativo da vida humana. Esse processo vitaliza - se em um desenvolvimento que sempre buscou caminhos novos na ânsia de sinalizar o reino da liberdade, a isto, chamamos de a eterna luta para subjugar a natureza a serviço do homem que vai se materializando pela ciência.<br /> Sempre acompanhado da busca do novo para que a humanidade caminhe em direção à maior racionalidade dos conhecimentos que ela possui, denominamos esse processo de ciência, pois os homens estão sempre procurando suplantar seus conhecimentos.<br /> Podemos afirmar que o turismo entendido com a complexidade definida anteriormente, pode ser visto como ciência, pois:<br /><br />1. Busca a multidiciplinariedade no estudo do seu objeto e trabalha na construção de uma explicação capaz de resistir a procedimentos de prova reconhecidos, podendo sustentar-se dando conta dos fatos da vida real, buscando apreender à racionalidade da realidade humana;<br /><br />2. Esse objeto constitui uma formação econômica – social determinada, específica e particular que possui determinações próprias, somente possíveis de explica-las na relação de sua multidiciplinariedade, pois o turismo é resultado do amalgama do lazer, ócio, tempo livre;<br /><br />3. O fenômeno turístico se constitui em um fenômeno social e portanto passível de ser visto dentro das determinações econômicas, políticas, culturais e sociais. Como totalidade concreta que está no plano das evidências e o uso da razão e pensamento sistemático já elaborado;<br /><br />4. Nesse caso a teoria se constitui em um instrumento para a leitura do real, que passa a ter uma importância singular para entendimento do fenômeno turístico, que pode ser explicado com o auxilio das varias ciências que buscam explicar essa realidade.<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />Alguns fundamentos: ( técnica )<br /><br /><br />A literatura existente no campo do turismo discute o fenômeno turístico quase que exclusivamente em sua dimensão técnica, por ser uma atividade em constante desenvolvimento e elemento atual e por estar na vanguarda econômica. Esta percepção acaba sendo hegemônica na maioria dos cursos que se limitam a transmitir ao aluno uma visão tecnicista na busca da qualidade total.<br />Com uma infra-estrutura de serviços a disposição e uma demanda sempre crescente de clientes, o turismo se fixa na quantificação de seus dados, buscando racionalizar os serviços com vistas ao custo beneficio. Esse procedimento esta preocupado com o processo de mais valia para acumulo de capital, neste sentido, pouco sobra ao profissional a não ser estar sujeito a esse tipo de mercado. <br />A visão crítica e histórica sobre esse fenômeno está reservada a uns poucos que ousaram transgredir a regra dos curiosos e dos políticos de carreira que sempre estão farejando os cargos públicos em turismo. Esses na década de 1970 nós agrediam chamando-nos de comunistas, tentando nos amedrontar a com a ameaça de processo pela lei conhecida por 477 que dava plena autoridade para que os donos de faculdades expulsassem os alunos considerados subversivos e baderneiros ou tentando negar a organização sindical dos bacharéis de turismo que conseguiram ultrapassar todas as barreiras impostas por seus opositores. <br /> Por se constituir em um mercado que guardadas as crises diacrônicas do sistema, sempre esteve em expansão, isto é, não havia tempo para refletir o fenômeno em si, mas sim necessitava-se atender a sua demanda. Esta foi uma das razões que levaram o turismo a ser visto quase que exclusivamente como algo prático, que poderia ser tratado a base de um adestramento ( treinamentos rápidos e instrumentais ) comportamental esperado pelo mercado. Na verdade estamos pagando hoje, por esse imediatismo, pois a academia, os órgãos oficiais que dizem responder pelo turismo no Brasil e a própria categoria já perceberam que há um desencontro na perspectiva teórico - filosófica de entendimento do fenômeno turístico.<br /> Considera-lo como uma atividade técnica, significa recorrer ao campo dos dados empíricos, onde a comparação explicitará as diferenças e semelhanças, capaz de quantificar tipos e formular uma classificação de graus e variáveis, buscando as modificações quantitativas. Esse procedimento facilita o manuseio dos dados, porém despreza qualquer referência histórica e se realiza via descrição linear dos fatos. <br /> Essa interpretação atende aos interesses da lógica do mercado, fazendo com que o processo de circulação da mercadoria flua em toda a sua dimensão econômica, por isso, a maioria dos cursos universitários e outros de qualificação da mão de obra no campo do turismo são voltados para o adestramento e treinamento com quase total falta de reflexões críticas.<br /> Essa processualidade pedagógica que ocorre no interior dos cursos de turismo se prende ao fato de como se entende o objeto do turismo: ciência ou técnica. Nesse sentido, a questão tem suas bases na referência filosófica do pragmatismo, como comenta de forma pontual o professor Adolfo Sánchez Vázquez:<br /> <br />Em vez de formulações teóricas, temos assim o ponto-de-vista do “senso comum”, que docilmente se dobra aos ditames ou exigências de uma prática esvaziada de ingredientes teóricos. Em lugar destes, temos toda uma rede de preconceitos, verdades estereotipadas e, em alguns casos, superstições de uma concepção irracional (mágica ou religiosa ) do mundo. A prática se basta a si mesma, e o “senso comum” situa-se passivamente, numa atividade acrítica, em relação a ela. O “senso comum” é o sentido da prática. <br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />PORQUE ENTENDEMOS O TURISMO COMO CIÊNCIA.<br /><br /><br />Motivos teóricos:<br /><br />• O turismo se constitui em um fenômeno que só existe em razão de sua interdiciplinariedade, portanto é resultado da intercessão de varias outras atividades que tem como núcleo comum a categoria trabalho. Nesse sentido, para entendermos teoricamente o turismo necessitamos compreender as condições do mundo do trabalho em sua dimensão política e econômica.<br />Apreender a dimensão do significado do conceito de ócio na história e como isso vem se modificando com o desenvolvimento das relações de produção.<br />Entender como o lazer se configura no interior das classes sociais estudando seus diferentes dimensões de interação no campo da cultura e do esporte.<br />Compreender o tempo livre como produto das atividades de trabalho e sempre vinculado as condições de como estão constituídas as classes sociais. <br />• O turismo pode ainda não se constituir como ciência, entretanto possui o status para tal, pois se concretiza na relação com as outras ciências. Seu patamar teórico se forma e cristaliza na atuação com as outras, porem por ser ainda uma atividade totalmente dinâmica e muito ágil e de forte impacto econômico que acaba relegando a um papel secundário seus componentes de sustentação teórica. <br /><br /><br />Motivos políticos:<br />• Status de ciência que o fenômeno do turismo necessita possuir deve ser cultivado e defendido, independente do mesmo não poder vir a atender a todos os requisitos da chamada “atitude científica”. Com isso quero dizer que entende-lo ou não como uma ciência, não se constitui nenhuma fragilidade epistemologica do objeto por nos estudado, mas sim, daqueles que o julgam. Nesse sentido, endossa-lo como uma ciência ou como uma técnica faz parte do processo de desenvolvimento do pensamento histórico do próprio fenômeno, isto é, se torna a matriz alimentadora da formação de seus conceitos e axiomas.<br /> O exemplo mais pontual dessa questão pode ser tirado do próprio marxismo, onde há autores que defende-o como sendo uma técnica e não uma ciência essa polêmica alimenta uma discussão teórica que traz consigo uma expressiva produção literária, que acaba proporcionando um avanço do pensamento da humanidade.<br /> Com o turismo necessitamos que esse processo seja iniciado e saía do campo da especulação e do “censo comum”, avance para o campo da investigação e traga o embate para o campo das idéias. Fomente em nossos cursos a discussão e comprometa nossos professores para com a luta do turismo como ciência. Só assim poderemos edificar nosso arcabouço conceptual junto as outras ciências. <br /> Portanto, a dimensão do fenômeno turístico deve ser trabalhado e ensinado dentro do contexto de sua cientificidade a ser ainda consolidada e da potencialidade que o mesmo possui junto ao mercado de serviços. Nada pode ser mais nocivo para ele do que ficar na dependência de especulações que na verdade vão refletir posturas filosóficas totalizantes e históricas que acabam limitando o fenômeno e fortalecendo as visões tecnicistas.<br /> Necessitamos formar uma frente de pesquisa multidiciplinar diante do estudo do fenômeno turístico, fazendo com que nos congressos e encontros a questão do turismo como ciência seja discutida. <br />O mercado deve estar sintonizado com essa discussão, pois há necessidade de um trabalho político, que faça com que o mesmo comece a entender e valorizar a especificidade do turismo como um objeto que busca a formulação de axiomas e pressupostos próprios. Nesse sentido, é de fundamental importância que as reflexões de base filosóficas incorporem a dinâmica dos planejamentos turísticos, procurando delimitar e visualizar sua identidade.<br />Cabe as associações de classe e ou as entidades profissionais, desenvolverem uma campanha que busque trazer essa discussão para junto à categoria. <br /><br /><br /><br />Motivos econômicos:<br /><br /> A importância de fluxo de capital e a dinâmica transformadora e de rentabilidade que a atividade turística apresenta no interior dos chamados sistemas econômicos e políticos. Seja no capitalismo ou no chamado socialismo revelam que essa atividade se constitui no grande suporte para a criação de riquezas. <br /> O turismo esta entre a terceira ou quarta atividade de maior crescimento no mundo, estimulado pela globalização que a detecta como um dos setores ainda pouco explorados, porém com uma potencialidade de crescimento que supera todos os outros campos. Essa dimensão espancionista em que a mercadoria ( turismo ) se concretiza no interior dos sistemas econômicos estão acima de qualquer opção política ideológica, pois todas dependem do capital, nesse sentido, buscam implementar os processos de acumulação.<br /> No capitalismo o turismo assume os primeiros postos como uma das atividades econômicas de maior rentabilidade, fabricam-se ilusões, criam-se estilos de vida, cultiva-se o hábito pelo descanso no período do não trabalho e cada vez mais tem-se a certeza que o turismo se constitui em uma das atividades em que o Estado pode recorrer para diminuir a sua crise neoliberal. Sacrificando o meio ambiente, pois muitas vezes autoriza a criação de equipamentos turísticos em áreas de preservação e ou permitindo a destruição de culturas regionais por meio da criação de equipamentos destinados ao turismo receptivo.<br /> No socialismo o turismo também adquire as mesmas características que no capitalismo, pois a lógica de ambas é dada pelo capital, apesar de haver uma diferença. O socialismo cria inicialmente uma infra-estrutura voltada exclusivamente para o turista estrangeiro e proibida para os nacionais com o objetivo exclusivo de captar divisas. Desenvolvendo um turismo tão elitizado quanto aquele existente no capitalismo, pois impede que a população daquele país usufrua da infra-estrutura turística.<br /> Esta situação acaba favorecendo o aparecimento de duas sociedades antagônicas e complementares ao mesmo tempo; aquela que trata o estrangeiro como um cliente vip, mostrando aquilo que era tido como exótico e curioso politicamente, pois esse era o marketing político desses sistemas para o mundo. E uma outra que durante muitos anos foi negada e ocultada pelos socialistas - o cotidiano da vida dessas populações que eram por meio da emulação levadas a sacrificar seu padrão de vida já deficitário, em favor do futuro turista estrangeiro.<br /> Com isto, podemos afirmar que a questão econômica comanda a questão do turismo, dado o seu desenvolvimento multiplicador de atividades no campo da acumulação e reprodução do capital. Mas não podemos analisa-la somente como referência econômica, pois isso limita a compreensão do próprio fenômeno e impede uma leitura cientifica do mesmo.<br /> <br /><br /><br /> <br /><br />ARGUMENTOS I<br /><br />A crítica das explicações oferecidas pelo bom senso inicia o trabalho científico. Esse trabalho é governado por um tipo especial de atitude. Caracteriza-a a tendência de suspender juízos, evitar asserções “definitivas”, até que a evidência adequada tenha sido apresentada para só então acolher as afirmações, admitindo-as na medida em que a evidência as apoia e não excluindo a possibilidade de refutações futuras. ( Hegenberg. Explicações científicas, 1969, p. 20. ). <br /> <br /> Os homens sempre procuraram solucionar seus problemas de sobrevivência, intervindo na realidade, por meio do senso-comum e procedimentos técnicos - científicos, modificando e colocando a mesma à serviço da humanidade. Esse “modus operandis” de ação alimenta o desenvolvimento histórico dos homens e sinaliza alguns perfis da sociedade futura.<br />Essa capacidade de modificar e compreender a realidade se constitui em um processo que categoriza os homens como produtores do saber e de novos conhecimentos. Com base nesses pressupostos, entendemos que o turismo é uma ciência, como diz a professora Margarita Barreto:<br /><br /> Fazer ciência significa criar saber ou conhecimento novo. No turismo, o tipo de saber ou conhecimento que pode ser criado varia de um produto turístico a uma pesquisa sobre motivações passando pela propaganda de um produto turístico. Em todos os casos está sendo gerado um conhecimento, seja sobre um assunto ou sobre um local. <br /><br /> O conhecimento começa a ser produzido no interior das estruturas acadêmicas de aproximadamente 400 cursos universitários de turismo em funcionamento no país. Em sua maioria, os mesmos, exigem trabalhos de conclusão de curso, pesquisas e estudos setorizados do imenso campo de ações relacionadas ao complexo turístico. Nesse sentido o saber e o conhecimento sistematizado das práticas cotidianas, começa a ser teorizado, as regularidades são aprendidas dando lugar as leis que são as expressões da base teórica que passa a ser desvendada e compreendida.<br />Os instrumentos imprencíndiveis para poder começar a pensar em produzir ciência estão dados, centros de estudos públicos e particulares produzindo investigações acadêmicas e uma intelectualidade atuante e crítica e segundo a professora Mirian Rejowski o estudo do fenômeno turístico era pequena mas até certo ponto significativa como podemos atestar pelo excelente trabalho feito por ela em seu livro Turismo e Pesquisa científica.<br />Não queremos aqui promover nenhuma crítica para com os defensores do turismo como uma atividade exclusivamente econômica, aqueles mesmos que derivam esse conceito para o turismo – industria, pois acreditamos que essa referência possua hoje pouquíssimos seguidores. Para nos educadores e pesquisadores desse objeto o envolvente é compreende-lo em sua totalidade histórica e no complexo de suas inter-relações com as outras ciências. “De uma maneira geral, pode-se dizer que a ciência do turismo está ligada aos estudos que dizem respeito à sociedade... “ <br />A abrangência com o qual o fenômeno turístico se explicita, exigindo a participação de todos os campos da ciência, permite que o mesmo seja abordado dentro de vários métodos existentes, portanto, o fenômeno turístico, demonstra que já incorporou os princípios básicos de ciência. Entende-lo por meio de uma interpretação funcionalista da realidade social, significa buscar as conexões funcionais do complexo turístico em sua referência empírica e de regularidade, segundo o professor Florestan Fernandes:<br /><br />... a análise funcional só consegue abarcar os problemas teóricos que possam ser formulados e entendidos funcionalmente, ou seja, que digam respeito ao período de função ... <br /><br />O turismo sendo analisado via esse método, permite um descrição detalhada dos fatos é nesse momento que o empirismo, destaca a regularidade, harmonia, equilíbrio e a busca da função, fazendo uma descrição minuciosa da funcionalidade. Desenvolvendo estudos e analises altamente descritivas e etnológicas de imenso valor acadêmico. Porém, como todo método existem limitações lógicas e no caso podemos destacar, que o mesmo, não consegue captar a dinâmica das contradições sociais em sua referência histórica, pois só consegue captar os problemas referentes a função.<br />Essa analise atende aos interesses do fenômeno turístico, visto pelo lado da funcionalidade de seus recursos, uma analise que acaba destacando a qualidade total sem qualquer preocupação com o papel social daquele equipamento seja para com o meio ambiente ou para as classes sociais,. A busca é sinalizar a coesão social e as propostas para resolver qualquer conflito se dá pelo reformismo. <br /> O fenômeno turístico analisado e entendido pelo método estruturalista, parte da categoria de estrutura e segundo o professor Mário Carlos Beni, que sempre defendeu o turismo dentro desse contexto, em seu livro define a análise estrutural como:<br /> <br /> ... análise estrutural é uma observação rigorosa e metódica do campo de abrangência da atividade, ou seja, dos elementos ordenados e inter-relacionados de forma dinâmica que o integram. <br /><br /> O livro do professor Mário desde quando foi lançado se tornou imediatamente um clássico para aqueles que estudam e trabalham no campo do turismo, sua preocupação não se limita a questões do formalismo sistêmico, que por sinal opera de forma brilhante. Mas vai além disso, pois discute tanto a estrutura formal do turismo, como também deixa sinalizado a falta de organização do Estado no comando e ordenamento de uma política Nacional para o turismo. Nesse caso podemos dizer que o autor soube escolher muito bem seus pressupostos teóricos optando pelo método estruturalista para esse tipo de estudo.<br /> Com referência aos limites que esse método possui podemos esboçar alguns, tais como: <br /><br />1. Entende que a mudanças só ocorram por meio da descontinuidade e justaposição dos fatos, esquecendo o processo dialético. Para o estruturalismo o processo de mudança não está localizado junto ao desenvolvimento das relações de produção, mas sim, nas contradições interna dos fenômenos ou da estrutura.<br /><br />2. Por negar a contradição, acaba negando a luta de classe e sobre tudo o movimento do ser, portanto acaba caindo na tese da existência de algo exterior que movimenta o sistema. <br /><br />A importância em analisar o fenômeno turístico via o método estruturalista, permite a elaboração de estudos como aquele que comentei acima, porém os limites que o mesmo ( método) apresenta podem ser mais profundos, dependendo de como o pesquisador encaminha seu estudo, pois:<br /><br />• Retira ou minimiza a ação direta dos homens no que se refere a compreensão da realidade, pois nega as leis objetivas que regem a vida social, portanto, acaba dificultando o entendimento das determinações, ou seja, das causas históricas.<br />• Trabalha com a realidade, naturalizando a sociedade de classes, como sendo algo dado, pois propõe um turismo via a estratificação social, isto é diferenciado para as classes sociais.<br /><br /> Um outro método, na qual não podemos esquecer é o materialismo histórico, que permite desenvolver uma análise crítica, pois caminha por uma essêncialidade de negação da sociedade de classes e parte do pressuposto de ir para além do capital. Nesse momento, estabelece-se aqui uma discussão acadêmica e filosófica, onde a raiz da questão esta localizada fora dos limites restritos do fenômeno turístico, mas sim no campo da “Economia Política”.<br /> Esse entendimento requer que compartilhemos de um pensamento crítico, onde o conceito de turismo só poderá ser de fato totalizante se configurado por meio das relações de produção. Nesse sentido, pouco serve aos interesses do capital que enxerga o fenômeno turístico como um fator de rápida acumulação de capital e inserido na sociedade de classes.<br /> A idéia de totalidade histórica neste método reafirma sua referência de crítica, para com a realidade social e acaba expondo as contradições da sociedade capitalista no campo político, econômico e social. Nada pode ser mais suscetível a esse método de análise do que o fenômeno do turismo, pois acabaria denunciando: <br /><br />1. Desmatamento em áreas de proteção ambiental, junto a serras e praias para implantação de projetos turísticos; <br />2. Destruição de núcleos históricos regionais com a criação de equipamentos para implementar o turismo receptivo; <br />3. Ocultação da pobreza, por meio do maquiamento arquitetónico ou utilização da mesma como forma de explorar o exótico, como se expressou uns dos políticos que estava a frente do Ministério do Esporte e Turismo;<br />4. Destruição de parques arqueológicos, com a exploração indevida por parte do poder público e empresários locais;<br />5. A distribuição política de verbas públicas para o turismo, segundo os interesses de grupos políticos locais;<br />6. A distribuição de cargos públicos na área de turismo para políticos de carreira, segundo os interesses políticos do Estado e não da nação;<br />7. Envolvimento da máfia internacional do jogo na implantação dos cassinos no Brasil, segundo informações da CPI;<br /> <br />O uso desse método transforma o turismo em um objeto assaz vulnerável, pois revela as contradições da relação econômica e a submissão que o mesmo se vê obrigada a se sujeitar. O desvendar desse processo é característico do pensamento crítico que esse método proporciona, portanto fundamental para a formação do cidadão politizado, crítico e democrático.<br />A importância desse método esta no fato de poder compartilhar as determinações que compõem o objeto, levando-o a compreensão das suas causas últimas. Esse poder de desmistificar o real transformando-o em concreto lhe permite apreender as causas e entender a lógica histórica.<br />Para o turismo esse método, permite desvendar quais os interesses econômicos e políticos que levaram a implantação de qualquer equipamento turístico, expondo as relações de poder que determinaram sua existência. A aplicabilidade desse método é limitada, pois não interessa aos interesses do capital e do capitalista, entretanto se torna um eficaz instrumento quando usado para desenvolver uma análise crítica e de totalidade de qualquer objeto.<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />BIBLIOGRAFIA<br /><br />1 – Vásquez, Adolfo Sánchez. Filosofia da práxis. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. 210p.<br /><br />2 – Ministerio de Gobernacion:Programa Educativo sobre Cultura Democratica y Derechos Humanos. Popol Vuh: Livro dos Mayas-Quichés de 1524. s/d. 106 e 107.<br /><br />3 – Karl, Marx., Engels, Friedrich. A Ideologia Alemã. 3ª. ed. Lisboa: Editorial Presença,1976. 41p.<br /><br />4 - Morgenbesser, Sidney. (coord). Filosofia da Ciência. Nagel, Ernest. Ciência: Natureza e Objetivo. São Paulo, editora Cultrix, s/d. 23p. <br /><br />5 – Marx, Karl. O Capital V.III, T. 2 cap. XLVIII.<br /><br />6 – Hegenberg, Leônidas. Explicações científicas: introdução à filosofia da ciência. São Paulo: editora da Universidade de São Paulo, 1969. 20p.<br /><br />7 - Barreto, Margarita. Manual de iniciação ao estudo do turismo. Campinas: Editora Papirus, 1995. 129 e 130p.<br /><br />8 - Fernandes, Florestan. Elementos de sociologia teórica. São Paulo: Editora nacional, 2ª. Ed. 1974.194p.<br /><br />9 - Beni, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. São Paulo: Editora SENAC, 1998. 19p.hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8701005318798129397.post-33961674270123172992009-06-23T09:27:00.000-07:002009-06-23T09:29:33.513-07:00TURISMO DE LUXO OU DE LIXOTURISMO DE LUXO OU DE LIXO<br /><br /> João dos Santos Filho<br /><br />O que seria turismo de luxo? Passar as ferias em Miami, Orlando ou ir ao Rio de Janeiro, São Paulo. Isso irá depender dos motivos que induziram o nosso deslocamento.<br />Para Miami e Orlando foi à magia da bicharada assexuada e humanizada de Wall Disney, aliada ao Sanduíche do McDonald’s e a estética original das orelhas de Mickey e Dumbo ou aos sapatos da Margarida, a inteligência de Pateta, o “QI” do Pluto, os tecnocratas luizinho, Zezinho e Huguinho os Sobrinhos que humilham o tio Donald, a delicadeza de João Bafo de Onça, a beleza de Madame Mim, o Gastão que não trabalha, mas tem a sorte ou ao sovina e explorador do tio Patinhas. Esse fetichismo só pode ser entendido quando lemos uns dos livros clássicos da ciência da comunicação de Ariel Dorfman e Armand Mattelart, chamado “Para Ler o Pato Donald”<br />Nada pode ser mais subjetivo do que o motivo que levaram essas crianças e seus pais a escolherem essa viagem, será que eles conhecem o pequeno livro de Paulo Guilherme Martins chamado “Um dia na vida do Brasilino” de 1961 e sabem o que são multinacionais ou tem consciência da existência de um texto chamado “Nosotros Latinos Americanos” do incrível e brasileiríssimo Darcy Ribeiro, antropólogo namorador e amante da causas brasileiras que nos deixou, depois de anos de luta cerrada contra o câncer foi derrotado entregou-se aos braços de Tupã.<br />É evidente sem ser vidente que os motivos foram vários, mas nenhum deve ser criticado, mas sim, entender que esse passeio pode ser considerado um luxo, mas na verdade é um lixo quando comparado a outros, pois vejamos:<br />No Rio de Janeiro estão as praias mais lindas badaladas do mundo, com uma calçada que acabou determinando um estilo de vida nacional, um cristo cansado de enxergar o assalto a turistas e o massacre aos meninos da candelária, como também, o gingado daquilo que ele criou com grande cuidado que foi a mulher brasileira. A baia da Guanabara, o Bateau Mouche que matou no reveillon, os Arcos da Lapa, Copacabana Palace o hotel mais famoso do mundo, encontrar com rei do carnaval em uma das travessas da rua Barata Ribeiro o mundialmente famoso Clóvis Bornay, pisar na calçada do posto seis da praia de Ipanema onde Vinícius de Moraes, contemplava o andar da garota de Ipanema. Ver Ilza Carla disfilando a magia da cultura brasileira, tomar um chope no amarelinho, ir ao maior estádio de futebol do mundo, visitar o museu de arte Moderna localizado na praia do Flamengo que foi corroído pelo fogo como também o aeroporto Santos Dumont. Caminhar pelas ruas, pois os carros ocuparam as calçadas e as populações caninas transformam-as em grandes zonas para fazer suas necessidades, ir a confeitaria “Colombo” sentir o glamour dos anos 50. Visitar a quadra da Portela e Mangueira. Sentir Nara Leão a musa da Bossa Nova, relembrar de Pixinguinha, comer no calabouço para recordar da UNE verdadeira, visitar a ilha de Paquetá e o forte do Império, ir à casa de Ivo Pitangui, passear pela cinelândia, visitando o teatro municipal, a casa Ruí Barbosa, o palácio do Catête o museu Carmem Miranda e o fabuloso Instituto Histórico nacional.<br />Em São Paulo, comer uma verdadeira pizza com um chop’s, ir ao maior museu de arte moderna da América Latina o MASP, almoçar na consolação no famoso “Bar das Putas”, provar a feijoada do Bolinha, comer o verdadeiro “Tartufo” de la Itália na cantina do “Nellos” o produtor de “Bela camisinha Fernandinho”, ir à decadente rua Augusta ver os travestis, visitar as diferentes boates, ir ao Ibirapuera ou seria Parque Ingá, ir ao restaurante do Vavá, freqüentar um dos inúmeros teatros, comprar nos shopping. Perder-se na Malufada dos inúmeros viadutos que entrecruzam e cortam uma das maiores cidades do mundo, visitar a cidade Universitária de São Paulo – USP para entender por que construiu em sua entrada a academia da polícia. Ir ao bairro da Bexiga se deliciar com as massas da cozinha italiana e conhecer a história da migração dos nossos nonos. Lembrar da mais italianíssima e completa de todas as brasileiras paulista e sambista inesquecível “Míriam Batucada” e do mestre “Adoniran Barbosa”.<br />Visitar o teatro Municipal no centro de São Paulo, encontrar com os papas do estudo do fenômeno turístico no Brasil os mestres Sara Bacal e Mário Carlos Beni.<br /> Leitor deve incentivar o turismo interno, por isso o plano Nacional de regionalização do turismo deve ser aplicado e adotado pelas prefeituras do Brasil, como uns dos instrumentos capazes de ampliar nosso mercado de trabalho. Portanto, hurra ao nosso turismo interno que se constitui em um dos mais caros do mundo, por quê? É isso que discutiremos nas próximas colunas.hospitalidade e turismohttp://www.blogger.com/profile/06336211108365588853noreply@blogger.com0