quinta-feira, 24 de setembro de 2009

PARTIDO DOS TRABALHADORES E A DITADURA DO CONGRESSO NACIONAL


PARTIDO DOS TRABALHADORES E A DITADURA DO CONGRESSO NACIONAL

João dos Santos Filho

Triste de se admitir, vergonhoso de se ouvir e humilhante de se ver, o Partido dos Trabalhadores implodiu, e soltou uma poeira cósmica que encobriu seus originais princípios dentro da penumbra de gases tóxicos. Morreu, acidentou-se ou se transformou? Uma certeza é consensual, a política neoliberal saiu ganhando, e a sociedade brasileira perdeu historicamente mais uma vez, a possibilidade de agilizar metas modernizantes de transformações conjunturais e encaminhar sinalizações estruturais.
Dias felizes foram àqueles em que o PT detinha integralmente o processo de formação política da sociedade brasileira, como a agremiação partidária exemplar em seus princípios ideológicos. Preferida da maioria das classes sociais, alimentadas pela a pujança de uma juventude atuante, envolvida junto aos movimentos sociais e sindicais, contando com a inteligência de uma intelectualidade militante e simpática aos pressupostos socialistas do partido.
O PT se transformou em uma “escola de formação política”, politizou pedagogicamente a sociedade, demonstrou que política faz parte do cotidiano da vida e que é algo bom para a formação da cidadania, ou seja, do o homo politicus. Afastou a idéia da neutralidade política e demonstrou que o voto é um instrumento de mudança.
Foi só assumir o comando do Estado em 2003, tendo como propósito desenvolver uma política de alianças com todos os partidos, para a formação de uma grande frente para a base de sustentação política do governo. Que a estratégia se mostrou nefasta e contaminou o PT iniciando um processo de exclusão de seus militantes mais históricos, e o desenvolvimento um processo galopante de despolitização acompanhado de uma descrença generalizada nos princípios doutrinários do partido.
Começamos com Luiza Erundina prefeita de São Paulo pelo PT no mandato de 1989-1993, e nomeada em seguida pelo presidente Itamar Franco para responder pela Secretária da Administração Federal. O que lhe rendeu enorme pressão e críticas por parte do PT e petistas que não aceitavam formar um governo de composição com o PRN. Conseqüência desse fato leva Erundina a filiar-se ao PSB em 1999.
A deputada Federal Luciana Genro, a senadora Heloísa Helena e os deputados Babá e João Fontes, foram expulsos do Partido dos Trabalhadores em dezembro de 2003 por desobedecerem à orientação do partido. Recusaram a apoiar medidas que fortalecessem a política neoliberal, pois isso desviava as diretrizes originais socialistas do PT.
Relembramos o jornalista e bacharel em direito Plínio de Arruda Sampaio e o jurista Hélio Bicudo que saíram do partido em 2005 acompanhados pelos deputados Ivan Valente e Orlando Fantazzini, Maninha , Chico Alencar e João Alfredo.
Em 2009 saem do PT, a senadora Marina Silva e seu parceiro de partido o senador Flávio Arns, afirmam que a legenda abandonou suas bandeiras da ética na política e da transparência de seus atos em defesa do povo brasileiro, ao se posicionar favoravelmente ao arquivamento das denúncias, no Conselho de Ética, contra o presidente do Senado, José Sarney.
Isso balançou o comando político da agremiação partidária petista, desqualificou o líder do PT no senado o senador Aloizio Mercadante que apesar de divulgar que estava deixando a liderança, recuou a pedido do presidente Lula. Acredito que sua posição de “pedir penico” esteja sinalizada por sua candidatura a caminho do governo de São Paulo.
Diante disso, houve senadores do PT que ao votarem a favor pelo arquivamento das denúncias contra Sarney, esconderam seus rostos diante da TV senado e se fizeram presente só pelo som de sua fala. Pois com medo do eleitorado petista que em rede nacional presenciou a sessão do Conselho de Ética, foi constrangedor para todos os senadores.
Envergonhados, muitos senadores se esconderam, outros desavergonhados festejam nas pizzarias da Capital Federal e comandam a farra do congresso na conhecida “casa da mãe Joana”. É uma lastima saber que o Congresso Nacional desenvolveu um processo de autocondenação quando aprovou o arquivamento dos processos contra Sarney. Demonstrando que esta instituição como diria Max Weber é de fato uma sólida estrutura burocrática de poder e completaria Karl Marx de poder da classe dominante.
Na verdade existe uma ditadura do Congresso Nacional para com os interesses do povo brasileiro, que só pode ser destruída pelo voto e pela militância do povo na rua manifestando seu descontentamento, contra esses “capitães do mato”.

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