quarta-feira, 31 de março de 2010

QUEM COMANDA OS GORILAS?


QUEM COMANDA OS GORILAS?

João dos Santos Filho

O professor se constitui em uma classe profissional que trabalha em prol da formação educacional e informação para a vida, com isso, a sociedade os coloca como uns dos elementos mais importantes para a instrumentalização de um processo de socialização dialética na formação do caráter e personalidade do homo Faber Brasilis. A responsabilidade na formação de gerações faz este educador ter um papel de destaque no seio da sociedade. Atividades isoladas e coletivas não param de elogiar sua nobre função, e no dia do professor homenagens são ritualizadas pela escola e pelo Estado, todos reconhecem seu valor na sociedade como fundamentais.
Mas o Estado neoliberal transforma a ação do professor em uma mera mercadoria sem valor, em que se prioriza o valor de uso e, menospreza o valor de troca. Colocando a sua função num patamar idealista e metafísico como decorrente de um sacerdócio, em que o dom de educar e mais gratificante do que a luta por melhores meios e salários dignos. Como se a luta por melhores salários fosse articulação de movimentos políticos partidários, que buscam desestabilizar a candidatura do PSDB na corrida a presidência da República.
De um lado as escolas públicas massacradas, por uma infra-estrutura sucateada, sem laboratórios, sem quadras poliesportiva, com banheiros que mais parecem chiqueiros, faltam professores e funcionários, pessoal de apoio (psicólogos e fonoaudiólogos). Vulnerável no campo da segurança, professores que são afastados por sofrerem ameaças de agressão física por alunos e bandidos da região, que comandam o cotidiano da localidade configurando um poder paralelo a sociedade.
Do outro, os comerciantes e mercenários da educação privada que utilizam da prática da repressão física e mental para com o professor ameaçando-o com demissão para qualquer atitude de rebeldia a ordem estabelecida. São obrigados a assistir aulas de auto-ajuda, como forma de aprimorar o seu convencimento enquanto professor apimentando-o com técnicas que levem o aluno ser um empreendedor combativo no mercado e parcimonioso em suas reflexões críticas.
Como o entendimento do Estado no campo da educação não é por uma educação crítica e combativa numa perspectiva histórica de mudança social, política e econômica, mas sim, pela manutenção do status quo. O mesmo mantém o piso do professor achatado em todas as esferas, deixando que o mercado determine o valor salarial segundo interesses dos empresários da educação, que se guiam pelo equilíbrio do desequilibrado mercado industrial de reserva, garantido assim a extração máxima da mais valia nos salários.
Diante dessas questões em que educação e política não se misturam, como se o ato de educar não fosse decorrente de uma política educacional determinada pelo Estado. O governo do Estado de São Paulo utiliza de seu arcabouço policial repressor - serviço reservado (ou secreto) da Polícia Militar paulista os famosos P2. Para massacrar o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo - APEOESP, acusando de partidários do PT que querem derrubar o governador Serra.
O cômico para não dizer trágico é que antes os professores eram acusados de comunistas que queriam desestabilizar os golpistas de 1964, hoje são os Lulistas e petistas que querem destruir o governo tucano paulista. Na verdade essa direita tem saudades do tempo da Ditadura e não admite que os professores lutem em seu sindicato por melhores condições de trabalho, remuneração e pela liberdade de pensamento.
Com isso indagamos quem comanda esses gorilas? É o governo do Estado de São Paulo que usa a policia militar para bater e prender professores, por isso leitor lembre-se que o presente repete um passado recente, em que os gorilas se alimentavam de estudantes e professores nos porões da Ditadura Militar.

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