domingo, 21 de junho de 2009

NA DEFESA DE UM AMIGO E DE NÓS COMUNISTAS

NA DEFESA DE UM AMIGO E DE NÓS COMUNISTAS


João dos Santos Filho

[...] no hay ninguna ideologia “inocente”. No la hay en ningún sentido, pero sobre todo en relación ... muy especial en lo que se refere cabalmente al sentido filosófico: la actitud favorable o contraria a la razón decide, al mismo tiempo, en cuanto a la esencia de una filosofia como tal filosofia, en cuanto a la misión que está llamada a cumplir en el desarrolo social. Entre otras razones, porque la razón misma no es ni puede ser algo que flota por encima del desarrollo social, algo neutral o imparcial, sino que refleja siempre el carácter racional ( o irracional) ... ( LUKÁCS. El Asalto a la Razon. 1972, p.4 e 5 )

Em uma das passagens da literatura marxiana via Georg Lukács evidencia-se que uma das premissas fundante é a preocupação com os vivos e não com os mortos, essa é base do pensamento histórico dialético materialista, no combate constante para desmascarar as tendências reacionárias de base idealista e irracional. Isso nos faz recordar o nosso saudoso professor que em seguida se tornou grande amigo Florestan Fernandes que lutava valentemente na defesa dos professores de esquerda, progressistas e até liberais da Universidade de São Paulo, afirmando em carta aos militares em nove de setembro de 1964, escreve:

Não somos um bando de malfeitores. Nem a ética universitária nos permitiria converter o ensino em fonte de pregação político-partidária. Os que exploram meios ilícitos de enriquecimento e de aumento de poder afastam-se cuidadosa e sabidamente da área do ensino (especialmente do ensino superior).

Portanto, estimado amigo professor João Quartim de Moraes tens apoio para combater todas as pessoas que por fraqueza intelectual, tem na intolerância seu pressuposto balizado no seu contraponto  o comportamento do medo, em que alguém ou algo pode produzir aos indivíduos, seja por meio de uma atitude ameaçadora de expressão simbólica e / ou até material para uma pessoa ou grupo social.
Ser comunista, marxista e escritor da história da esquerda brasileira são qualidades de um intelectual ímpar. Ser distinguido como diferente é não compartilhar das mesmas opiniões e atitudes de consenso, fundadas nos valores e normas de uma determinada organização social, ou ainda, enxergar a possibilidade de mudança na perspectiva de subverter à lógica da ordem tradicional e rotineira é uma virtude presente em poucos intelectuais de qualidade nesse país.
Isso produz uma reação adversa de repulsa, hostilidade e animosidade da sociedade ou das classes sociais para com os indivíduos, a chamada intolerância dos imbecis e covardes que preservam a todo custo o pensamento de direita.
Por isso, caro Quartim a atitude fascista e anticomunista do senhor Olavo de Carvalho se constitui em um ladrar naquilo que há de mais podre do animalaço, expressão dos irracionais.
O processo de intolerância comum no pensamento de direita aparece e está empiricamente constituído em sociedades em que o aparelho de Estado “legalmente constituído” ou não, faz uso sistemático de instrumentos materiais ou ideológicos de repressão em todo o movimento de historia da humanidade.
Da utilização do osso de um animal, como o primeiro instrumento para aumentar a força da mão humana passando pelo uso da madeira, bronze, ferro e aço até chegar aos materiais da fase aeroespacial. O trabalho aparece como a categoria explicativa dessa evolução, pois é por meio dele que os homens produzem os instrumentos responsáveis pela intolerância.
A sociedade aprimora seus instrumentos de combate à intolerância como as bombas de efeito moral, instrumentos de tortura e produtos químicos e propagandas de base subliminar que expressam o racismo, a inferioridade, a desclassificação social e o preconceito em todos os campos da sociedade e o anticomunismo.
Como escreve Engels em seu clássico texto o trabalho é o elemento explicativo da transformação do macaco em homem, e por ele pode ser usado também para manter e aprofundar a dominação de classe:

Resumindo: só o que podem fazer os animais é utilizar a natureza e modificá-la pelo mero fato de sua presença nela. O homem, ao contrário, modifica a natureza e a obriga a servir-lhe, domina-a. E aí está, em última análise, a diferença essencial entre o homem e os demais animais, diferença que, mais uma vez, resulta do trabalho.

Esse processo se configura em um problema que se compõe junto à lógica da reificação em que os homens inculcam a explicação dada historicamente pela classe dominante, acreditando em sua diferença, como resultado de atributos genéticos, físicos e intelectuais. Essa pseudociência teve guarida em todos os momentos em que o Capital necessitava gerir novos ciclos de acumulação, necessitando ampliar e estender sua base de exploração.
Para entendermos o movimento de intolerância é necessário estudá-lo no patamar da crise estrutural do Capital, pois o mesmo só ocorre em razão do seu desenvolvimento, por meio do mecanismo em que:

A dissociação entre realidade e pensamento, nesse universo, atinge nos dias em curso extremos sem precedentes, cuja medida só pode ser sondada na própria radicalidade da entre a crise estrutural do capital e a asserção de sua eternidade pela representação ideal.


Portanto, o fato da existência da intolerância se deve a uma condição de desconforto físico e ou mental sentida pelo outro, na qual pode vir expressa em variadas formas de preconceitos; literários com a censura presente a determinados livros ou temática; religioso com a proibição do culto a diferentes e ritos; racial com a perseguição a diferentes etnias e suas lutas históricas; político em que as classes abastadas utilizam-se do Estado para impor seus interesses; de classe, em que a diferença pode vir expressa pela cor, status social, a crença em raças inferiores ou problemas genéticos.
Para podermos entender o mundo do preconceito, da intolerância e da diferença que palmilha a história da humanidade e principalmente a brasileira, temos que compreender o sistema capitalista em sua fonte geradora, o Capital. Pois o pressuposto básico que o assegura dentro desta perspectiva a existência e persistência da intolerância na sociedade como uma das características de transmutação do capital.
A intolerância entendida nessa visão permite a compreensão de sua materialidade, quando nos deparamos com a existência de vários instrumentos de tortura que os homens fabricaram como forma de conter, amansar, domesticar, dominar e evangelizar o outro. Esses equipamentos surgem no interior do desenvolvimento das forças produtivas, em virtude da necessidade de manter uma mão de obra obediente e submissa aos interesses do capital, a necessidade da acumulação vai exigir que a força de trabalho esteja atuando em condições máximas de sua força como mão de obra.
Nesse momento, a sociedade capitalista para poder manter sua exclusividade aprimora os mecanismos de persuasão com o objetivo de administrar a intolerância. Essa expressão de materialidade serve para manter as várias etapas de intolerância, que vão surgir desde o primeiro encontro entre colonizadores (exploradores) e população nativa.
Por isso Quartim, as ditaduras podem ter morrido, mas os ditadores permanecem na fila de espera para entrar em cena, como foi o caso da agressão perpetuado a sua pessoa pela escoria da direita vil que agrediu a intelectualidade progressista Brasileira.

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