terça-feira, 23 de junho de 2009

TURISMO DE LUXO OU DE LIXO

TURISMO DE LUXO OU DE LIXO

João dos Santos Filho

O que seria turismo de luxo? Passar as ferias em Miami, Orlando ou ir ao Rio de Janeiro, São Paulo. Isso irá depender dos motivos que induziram o nosso deslocamento.
Para Miami e Orlando foi à magia da bicharada assexuada e humanizada de Wall Disney, aliada ao Sanduíche do McDonald’s e a estética original das orelhas de Mickey e Dumbo ou aos sapatos da Margarida, a inteligência de Pateta, o “QI” do Pluto, os tecnocratas luizinho, Zezinho e Huguinho os Sobrinhos que humilham o tio Donald, a delicadeza de João Bafo de Onça, a beleza de Madame Mim, o Gastão que não trabalha, mas tem a sorte ou ao sovina e explorador do tio Patinhas. Esse fetichismo só pode ser entendido quando lemos uns dos livros clássicos da ciência da comunicação de Ariel Dorfman e Armand Mattelart, chamado “Para Ler o Pato Donald”
Nada pode ser mais subjetivo do que o motivo que levaram essas crianças e seus pais a escolherem essa viagem, será que eles conhecem o pequeno livro de Paulo Guilherme Martins chamado “Um dia na vida do Brasilino” de 1961 e sabem o que são multinacionais ou tem consciência da existência de um texto chamado “Nosotros Latinos Americanos” do incrível e brasileiríssimo Darcy Ribeiro, antropólogo namorador e amante da causas brasileiras que nos deixou, depois de anos de luta cerrada contra o câncer foi derrotado entregou-se aos braços de Tupã.
É evidente sem ser vidente que os motivos foram vários, mas nenhum deve ser criticado, mas sim, entender que esse passeio pode ser considerado um luxo, mas na verdade é um lixo quando comparado a outros, pois vejamos:
No Rio de Janeiro estão as praias mais lindas badaladas do mundo, com uma calçada que acabou determinando um estilo de vida nacional, um cristo cansado de enxergar o assalto a turistas e o massacre aos meninos da candelária, como também, o gingado daquilo que ele criou com grande cuidado que foi a mulher brasileira. A baia da Guanabara, o Bateau Mouche que matou no reveillon, os Arcos da Lapa, Copacabana Palace o hotel mais famoso do mundo, encontrar com rei do carnaval em uma das travessas da rua Barata Ribeiro o mundialmente famoso Clóvis Bornay, pisar na calçada do posto seis da praia de Ipanema onde Vinícius de Moraes, contemplava o andar da garota de Ipanema. Ver Ilza Carla disfilando a magia da cultura brasileira, tomar um chope no amarelinho, ir ao maior estádio de futebol do mundo, visitar o museu de arte Moderna localizado na praia do Flamengo que foi corroído pelo fogo como também o aeroporto Santos Dumont. Caminhar pelas ruas, pois os carros ocuparam as calçadas e as populações caninas transformam-as em grandes zonas para fazer suas necessidades, ir a confeitaria “Colombo” sentir o glamour dos anos 50. Visitar a quadra da Portela e Mangueira. Sentir Nara Leão a musa da Bossa Nova, relembrar de Pixinguinha, comer no calabouço para recordar da UNE verdadeira, visitar a ilha de Paquetá e o forte do Império, ir à casa de Ivo Pitangui, passear pela cinelândia, visitando o teatro municipal, a casa Ruí Barbosa, o palácio do Catête o museu Carmem Miranda e o fabuloso Instituto Histórico nacional.
Em São Paulo, comer uma verdadeira pizza com um chop’s, ir ao maior museu de arte moderna da América Latina o MASP, almoçar na consolação no famoso “Bar das Putas”, provar a feijoada do Bolinha, comer o verdadeiro “Tartufo” de la Itália na cantina do “Nellos” o produtor de “Bela camisinha Fernandinho”, ir à decadente rua Augusta ver os travestis, visitar as diferentes boates, ir ao Ibirapuera ou seria Parque Ingá, ir ao restaurante do Vavá, freqüentar um dos inúmeros teatros, comprar nos shopping. Perder-se na Malufada dos inúmeros viadutos que entrecruzam e cortam uma das maiores cidades do mundo, visitar a cidade Universitária de São Paulo – USP para entender por que construiu em sua entrada a academia da polícia. Ir ao bairro da Bexiga se deliciar com as massas da cozinha italiana e conhecer a história da migração dos nossos nonos. Lembrar da mais italianíssima e completa de todas as brasileiras paulista e sambista inesquecível “Míriam Batucada” e do mestre “Adoniran Barbosa”.
Visitar o teatro Municipal no centro de São Paulo, encontrar com os papas do estudo do fenômeno turístico no Brasil os mestres Sara Bacal e Mário Carlos Beni.
Leitor deve incentivar o turismo interno, por isso o plano Nacional de regionalização do turismo deve ser aplicado e adotado pelas prefeituras do Brasil, como uns dos instrumentos capazes de ampliar nosso mercado de trabalho. Portanto, hurra ao nosso turismo interno que se constitui em um dos mais caros do mundo, por quê? É isso que discutiremos nas próximas colunas.

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